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domingo, novembro 24, 2024
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Míldio exige variedades de alface resistente

 

Jean de Oliveira Souza

Engenheiro agrônomo, pós-doutorando em Agronomia – Melhoramento Vegetal no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (CCA/UFPB)

jsoliveira1@hotmail.com

 

Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

A alface é a principal hortaliça folhosa comercializada e consumida pela população brasileira, pela facilidade de aquisição e por ser produzida durante o ano inteiro, o que assegura à cultura expressiva importância econômica. Atualmente, a grande demanda é para o tipo de alface crespa, porém, os demais tipos, como alface lisa e americana, têm garantido destaque no mercado consumidor dessa folhosa.

O aumento da produção de alface em condições de outono e inverno, épocas que coincidem com temperaturas amenas e adequadas à produção, com isso a dificuldade em produzir essa hortaliça, vêm aumentando, principalmente pela infestação das áreas de produção pelo fungo causador do míldio (Bremia lactucae).

Em um cenário econômico difícil para os produtores de alface, o míldio torna-se problema ainda mais grave, pois vem aumentar o custo de produção no inverno, justamente quando os preços praticados são menores devido à maior oferta e ao menor consumo.

Alerta para o míldio

A suscetibilidade da alface às doenças é um fator de limitação na produção dessa hortaliça, sendo conhecidos aproximadamente 75 diferentes tipos de doenças. O míldio é a principal doença em regiões com temperaturas amenas, e pode provocar destruição total da lavoura, e pela exigência cada vez maior por parte dos consumidores em reduzir o uso de defensivos, deve-se enfatizar a obtenção de cultivares que apresentem resistência às principais doenças foliares da alface, dentre elas o míldio.

No Brasil, essa doença é importante nas regiões onde, durante o inverno, exista alta umidade e temperatura amena. Na região Sudeste, por exemplo, em áreas como o cinturão verde de São Paulo, essa doença tornou-se muito importante, causando grandes prejuízos aos produtores, podendo comprometer 100% da produção.

Sintomas

O sintoma do míldio inicia-se com a formação de pequenas manchas angulares, de coloração verde-clara a amarelada, na face superior da folha. Com o desenvolvimento da doença, a coloração da parte infectada torna-se marrom.

Em condições de alta umidade o fungo forma frutificações brancas na face inferior das folhas. As lesões são angulares, de tamanhos variáveis, e causam redução do valor comercial do produto.

Controle

O míldio é uma das doenças mais importantes que ocorre na alface em todo o mundo. Tem sido controlado, principalmente, pelo uso de cultivares resistentes. Para o desenvolvimento de uma cultivar de alface visando à resistência ao míldio da alface, é importante primeiramente que se identifiquem as raças de B. lactucae de ocorrência predominante na região de destino da cultivar melhorada.

No Brasil, mais precisamente no estado de São Paulo, já foram identificadas sete raças do patógeno, pois uma vez identificada a raça, são desenvolvidas cultivares de alface incorporando os genes de resistência à doença.

O desenvolvimento de cultivares resistentes tem proporcionado um controle mais eficiente do míldio, embora o controle químico seja o método mais aceitável na maioria dos casos. Porém, o uso frequente de fungicidas sistêmicos nas plantas torna-se oneroso, induz o desenvolvimento de resistência ao fungo, além de os fungicidas registrados para o controle serem somente recomendados para a produção de mudas.

O desenvolvimento de uma nova cultivar de alface resistente ao míldio requer tempo médio de três a cinco anos e certo grau de investimento financeiro para custear todas as avaliações e testes necessários para a seleção de um material resistente.

A suscetibilidade da alface às doenças é um fator de limitação para a produção - Créditos Shutterstock
A suscetibilidade da alface às doenças é um fator de limitação para a produção – Créditos Shutterstock

Genética a favor do campo

Dentre as vantagens do uso de cultivares resistentes está a compatibilidade com qualquer tipo de exploração econômica, ser ecologicamente correto e agredir menos o meio ambiente, porque diminui o uso de fungicidas, além de ser de fácil adoção pelo produtor.

Há uma exigência muito diversificada pelo tipo de alface requerido pelos consumidores, variando de crespa, americana, lisa a romana. No entanto, o lançamento de cultivares de alfaces resistentes ao míldio no Brasil ainda está muito aquém do agronegócio desta produção, e não tem acompanhado o mesmo ritmo de crescimento do setor da alfacicultura.

Atualmente, existe apenas uma cultivar de alface comercial, que tem sido desenvolvida visando a resistência às raças prevalecentes de B. lactucae que ocorrem no Brasil, que é a cultivar HTR 252 “Bruna“ da Hortec®.

Essa alface é uma cultivar do tipo crespa, com excelente padrão, grande volume de planta, tolerante ao pendoamento precoce, queima dos bordos e resistente a Bremia lactucae (raça SPBl-01).

A pouca disponibilidade de cultivares de alface no mercado com resistência ao míldio é um campo aberto para que programas de melhoramento genético possam ser desenvolvidos e assim atendam aos anseios de produtos e consumidores.

Essa matéria você encontra na edição de junho da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua.

 

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