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Minas Gerais recebe o maior projeto de cedro australiano do país

 

Crédito Bela Vista Florestal
Crédito Bela Vista Florestal

No ano de 2008 foi criada a empresa Natureza Reflorestamentos S.A, uma sociedade entre o Grupo Séculus e a Bela Vista Florestal. O primeiro é um tradicional grupo empresarial mineiro com empreendimentos diversos nos setores imobiliário (Incorporadora Gran Viver), financeiro (Banco Semear) e industrial (Séculus da Amazônia), produzindo relógios com a marca que leva o nome do grupo.

A Bela Vista é uma empresa do setor florestal, pioneira no cultivo e no melhoramento genético do Cedro Australiano no país. As duas empresas se associaram com a intenção de investir na produção de madeira tropical de alto valor, especificamente da espécie toona ciliata, ou Cedro Australiano.

No ano de 2008, as informações disponíveis sobre o cultivo da espécie não garantiam a segurança necessária ao porte do empreendimento. Por esse motivo, a decisão da Natureza Reflorestamentos foi investir no plantio de eucalipto, enquanto a Bela Vista Florestal se dedicava aos estudos sobre a nova cultura. Desde então, mais de 4.000 hectares de eucalipto foram formados pela empresa em municípios do norte e noroeste de Minas.

Desde o começo

O primeiro contato da Bela Vista com o cedro se deu em 2002, por indicação de professores da Universidade Federal de Viçosa, tradicional escola de engenharia florestal.

A empresa tentou trabalhar com as sementes disponíveis no mercado nacional até o ano de 2005, quando ficou claro que se quisesse avançar em um trabalho longevo e promissor com a espécie precisava ter acesso a um material genético de melhor qualidade.

Já em 2006, com o auxílio de pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA), outro excelente polo de engenharia florestal, a Bela Vista iniciou seu projeto de pesquisas. O primeiro passo foi a importação de sementes de 100 famílias, dispersas por toda a costa leste da Austrália, de norte a sul do País, uma grande promessa de adaptação pela qualidade das matrizes e pela latitude similar a vários estados brasileiros.

Essa foi a base para o longo trabalho de melhoramento genético que a empresa desenvolve desde então. Esses anos de avaliação e seleção levaram às seis cultivares, ou clones, com os quais a empresa trabalha hoje, após terem sido amplamente testados, e que devem dar origem, junto a novos indivíduos recentemente selecionados, à segunda linhagem de materiais, híbridos ainda mais produtivos, prevista para 2022.

Pesquisa de ponta

O trabalho de pesquisa abrange nutrição, combate às pragas e doenças, manejo (herbicidas, podas, desbastes) e qualidade da madeira. Essa foi a maneira encontrada para “domesticar“ a espécie, trazendo segurança aos investidores.

Hoje, após nove anos de pesquisa com apoio científico de pesquisadores da UFLA, a Bela Vista e a Natureza Reflorestamentos utilizam clones até 200% mais produtivos que os materiais comerciais encontrados no País, com a forma apropriada para serraria e resistentes às principais pragas e doenças da cultura.

Em 2013 os resultados da pesquisa foram apresentados ao conselho de administração do grupo Séculus, e a empresa finalmente passou a investir, com o propósito pelo qual foi concebida, em madeira de alto valor.

No ano de 2014, foram plantados os últimos 300 hectares de eucalipto em áreas previamente negociadas, e desde o final daquele ano o foco é exclusivamente o cedro. Duas frentes de plantio estão sendo abertas, uma no município de Conceição da Barra de Minas, no sul do estado, perto da cidade histórica de São João Del Rey, e outra no noroeste de Minas, no município de João Pinheiro, onde a empresa já concentra uma área florestal.

A área plantada em Conceição da Barra, de 150 hectares, apresenta latossolos vermelhos, férteis, bem drenados e estruturados. A precipitação anual média é de 1.800 mm, e por isso dispensa irrigação. A expectativa de produtividade chega a 30 metros cúbicos por hectare por ano.

Na sequência, serão plantados 130 hectares em João Pinheiro, região de solos arenosos e pobres, com precipitação inferior a 1.300 mm por ano e concentrada entre outubro e março. Para contornar o problema, o projeto será fertirrigado.

O que esperar

Levando em conta o fotoperíodo e a temperatura da região, a empresa espera uma produtividade ainda maior, sem, contudo, divulgar números. Nesse plantio piloto, a tecnologia de irrigação virá da empresa israelense Naandajain Irrigation, empresa que também está apostando na cultura.

Este será o primeiro grande projeto de cedro irrigado do País. Se as perspectivas se comprovarem, o projeto da Natureza terá áreas irrigadas no norte de Minas, além das áreas de sequeiro no sul do estado.

O projeto prevê o plantio de 150 hectares por ano até 2017. Em 2018 e 2019 serão plantados 250 hectares por ano e a partir de 2020 o ritmo anual será de 400 hectares. Serão investidos R$ 150 milhões no plantio de 5.000 hectares ao longo dos anos.

Em sua fase final, a empresa acredita que irá colocar 50 mil metros cúbicos serrados por ano no mercado de madeira nobre. Vale a pena lembrar que o cedro australiano é uma das espécies arbóreas mais ameaçadas de extinção em todo o mundo, devido à exploração predatória que sofreu no passado pelo alto valor de sua madeira.

Essa espécie encontrou um refúgio no Brasil devido ao seu potencial produtivo e adaptação. A Bela Vista Florestal hoje possui uma ampla variabilidade genética da espécie – que cobre toda a área de distribuição na Austrália – concentrada em seus plantios no município de Campo Belo (MG), um banco genético que, além de atender ao melhoramento, também visa proteger a espécie.

Essa matéria você encontra na edição de abril/maio da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira a sua!

 

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