Dentre as novidades do mercado de hortaliças estão os pimentões coloridos, com destaque para os do tipo block (quadrado) e os mini-pimentões, com peso de 40 a 60 gramas
Elisamara Caldeira do Nascimento
Talita de Santana Matos
Doutoras em Agronomia – UFRRJ
Rafael Campagnol
Professor de Olericultura – UFMT
Glaucio da Cruz Genuncio
Professor de Fruticultura – UFMT
Ricardo ToshiharuMatsuzaki
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fitotecnia (ESALQ/USP)
Sally Blat
Pesquisadora científica do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), doutora em Melhoramento Genético de Hortaliças
O mercado brasileiro de hortaliças está em constante mudança, seguindo algumas tendências dos mercados externos ou mesmo criando suas próprias, o que pode gerar novas oportunidades de negócios.
Dentre as novidades do mercado de hortaliças estão os pimentões coloridos, com destaque para os do tipo block e os mini-pimentões. Esses pimentões diferenciados, também chamados de especialidades, premium ou gourmet, seguem as tendências mundiais e brasileiras de alimentação, apresentadas na publicação “˜Brasil FoodTrends 2020′, que aponta as tendências e exigências dos consumidores por alimentos mais saudáveis, práticos, confiáveis, de qualidade e produzidos com ética e sustentabilidade.
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Sem confusão
Para falarmos sobre esses dois tipos de pimentões, antes precisamos diferenciá-los. Os pimentões tipo block, que já estão no mercado há vários anos, são caracterizados por apresentarem frutos de formato quadrado (comprimento = largura), com tamanho menor que os convencionais (entre 150 a 200 g) e cores diferenciadas, desde as mais comuns, como amarelo, vermelho e verde, até as mais exóticas, como a laranja, creme e roxo.
Já os mini-pimentões, que são novidade no mercado brasileiro, apresentam frutos pequenos, com peso de 40 a 60 g e grande variedade de cores. Além disso, possuem alto teor de sólidos solúveis, conferindo-lhes um sabor mais adocicado. Os frutos vêm sendo comercializados geralmente em embalagens transparentes, com vários frutos de colorações diferentes, tornando-os ainda mais atrativos.
Cenário
Estima-se que são produzidos atualmente, em função do número de plantas e da produtividade média, de 3.000 a 4.200 ton de pimentões tipo block e de 60 a 120 ton de minipimentões.
O principal polo de produção de hortaliças diferenciadas ou “especialidades“, como os pimentões block e mini-pimentões, localiza-se principalmente na região sudeste do Brasil, onde também se concentram os principais mercados consumidores, apesar de parte de essa produção ser comercializada para outros locais do País. Há também alguns polos de produção de mini-pimentõesno Nordeste e Sul do Brasil.
Atualmente, estima-se que no País sejam plantados, por safra, entre 250 a 300 mil plantas de pimentões tipo block e de 10 a 15 mil plantas de mini-pimentões. Considerando que são realizadas duas safras ao ano (alguns produtores fazem um único ciclo, mais longo) e que cada planta de pimentão tipo block e de mini-pimentões produza, em média, 06- 07 e 03- 04 kg por planta por safra, respectivamente, podem ser ofertados no ano em torno de 3.000 a 4.200 ton de pimentões tipo block e de 60 a 120 ton de mini-pimentões.
Grande parte dessa produção, mais de 50%, são produzidas e comercializadas no Estado de São Paulo. Mas, a região nordeste e sul vêm apresentando, ao longo dos anos, uma demanda crescente desses produtos.
Contudo, vale ressaltar que a produção de hortaliças diferenciadas no Brasil cresce anualmente, havendo uma perspectiva que esses valores sejam ultrapassados nos próximos anos. Esse crescimento também é influenciado pelo poder aquisitivo da população, cujo aumento eleva o consumo (aumenta a demanda) e, consequentemente, a produção (aumenta a oferta).
Condiçõespara o plantio
Assim com muitas hortaliças diferenciadas, os pimentões block e mini-pimentões geralmente são produzidos em ambiente protegido (principalmente estufas agrícolas). Nesse sistema de cultivo, as plantas estão mais protegidas de intempéries climáticas e de muitas pragas e doenças que incidem sobre elas.
Apesar de elevar os custos de produção, principalmente devido à maior necessidade de mão deobra especializada e de insumos (estufa, vasos, substrato, fertilizantes solúveis, dentre outros), esse sistema de cultivo pode gerar maior lucratividade por área em relação aos sistemas tradicionais de produção de pimentões.
Outra grande vantagem do cultivo em estufas é o não molhamento das folhas das plantas pela água da chuva. Isso reduz a incidência de muitas doenças e, consequentemente, o uso de defensivos químicos.
Alguns produtores conseguem altas produtividades e ótima qualidade de frutos utilizando somente produtos biológicos ou alternativos no controle fitossanitário da cultura, fato muito valorizado pelo mercado consumidor e que ajuda a agregar mais valor ao produto.
Por dentro do assunto
Adriana Maria Silveira e seu marido Flávio Tristão de Camargosão produtores de mini-pimentão em Pirassununga (SP), no SÃtio Ribeirão do Roque. A opção pela cultura se deu por elesfazerem parte da Feira do Produtor Rural, e por isso é preciso ter uma grande variedade de produtos.
Por semana, são produzidas 15 caixas de tomate convencional, 10 caixas de tomate grape, cinco quilos de mini-pimentão, uma caixa de pepino e 10 quilos de abóbora mini jack. “Consigo agregar, produzindo mini-pimentões, cerca de 40% a mais no valor. Vendo o mini-pimentão a R$ 10,00/kg, enquanto o outro é vendido, na feira, a R$ 7,00“, relata Adriana.