As cultivares de ciclo médio e tardio e de bulbos de pelÃcula vermelha são mais resistentes à doença
Leandro Luiz Marcuzzo
Professor e pesquisador do Instituto Federal Catarinense – IFC / Campus Rio do Sul
O mofo preto, também conhecido como carvão do bulbo, ou falso-carvão, é causado pelo fungo Aspergillus niger. Esta é uma das principais doenças que causa depreciação comercial da cebola no Brasil. Os bulbos ficam sem pele e apresentam uma tonalidade preta.
O mofo preto está distribuído em todo o Brasil, já que o patógeno tem umagrande faixa de temperatura de desenvolvimento. A. niger não possui hospedeiro específico, podendo contaminar vários substratos ou causar doença em homens, animais e plantas.
Tem sido encontrado no solo, sobre matéria orgânica em decomposição e patogênica, causando decomposição principalmente de frutas e hortaliças, podridão do hipocótilo do amendoim e podridão da haste de Dracenasp., mas é na cebola que tem causado grandes prejuízos econômicos.
Sintomas
Os bulbos apresentam uma tonalidade diferenciada na pelÃcula decorrente do desenvolvimento interno do fungo, no entanto, podem se desenvolver sobre a pelÃcula em contato com outras cebolas doentes no armazenamento.
A pelÃcula externa solta e se rompe facilmente. Quando removida a pelÃcula externa, verifica-se uma fuligem preta, que são os esporos do fungo. Essa fuligem pode se desenvolver sobre a escama externa da cebola, mas não se desenvolve internamente ao bulbo. O mofo preto pode se desenvolver também junto com sintoma de podridão bacteriana do bulbo.
Fatoresque beneficiam a doença
A doença se manifesta em variedades que possuem pelÃcula mais fina, aliado ao processo inadequado de cura e de temperatura em torno de 30ºC durante o armazenamento.
Formas de controle
As cultivares de ciclo médio e tardio e de bulbos de pelÃcula vermelha são mais resistentes à doença. O tratamento de semente e a rotação de culturassão medidas para reduzir a intensidade do patógeno do solo.
Como a infecção pode ocorrer antes da colheita, medidas como suspender a irrigação em torno de três semanas antes da colheita e também a colheita antecipada podem favorecer uma maior espessura da pelÃcula e aumentar a resistência dos bulbos a ferimentos.
Solos com pH e fertilização orgânica adequada propiciam um melhor desenvolvimento do bulbo e uma pelÃcula com maior consistência. Devem-se evitar ferimentos no manuseio dos bulbos na colheita, transporte e cura.
Outro ponto importante é evitar que os bulbos fiquem muito tempo no campo após a colheita. Bulbos armazenados não devem ser movimentados a fim de evitar ferimentos e aumentar o nível de esporos no ambiente. Ainda, os bulbos não devem ser armazenados com umidade, e o local de armazenamento deve ser seco e ventilado.
O que há de novidade
Para os produtores de cebola, já existe armazém com controle de umidade relativa abaixo de 36% e/ou refrigerados, os quaistêm propiciado o controle da doença nos Estados Unidos, porém, são inviáveis decorrentes do alto custo no Brasil.
O uso de armazéns com ar aquecido e forçado para cura e armazenagem pode ser uma alternativa para o controle da doença, o qual é muito usado nos Estados Unidos. Em Santa Catarina é possível armazenar a cebola nesse ambiente por vários meses sem a presença da doença (Wordell Filho & Boff, 2006). No entanto, Peixoto et al. (2006) tem encontrado a doença se desenvolvendo em atmosfera controlada mesmo após a cura dos bulbos.
Não existe nenhum agrotóxico registrado no Mistério da Agricultura para o controle da doença e o uso experimental feito por Santiago e Ueno (2011) com dois fungicidas, um indutor de resistência e suas misturas e o uso da mistura de trifloxistrobina com tebuconazol no controle de Aspergillusniger em bulbos de cebola constataram que o uso próximo à colheita não é eficaz na redução da severidade de mofo preto durante o armazenamento.
O uso de óleos essenciais, Trichodermasp. equitosana também não apresenta redução total na incidência da doença, verificado por Santiago & Araujo et al. (2011);Ueno (2011) e Santiago &Ueno (2012).
O uso experimental de fumigação e imersão dos bulbos em enxofre tem reduzido a doença, porém, nada utilizado na prática no Brasil.
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