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Nematoides – Controle acertado no maracujá

 

José Rafael da Silva

Engenheiro agrônomo e diretor do Viveiro Flora Brasil

rafael@viveiroflorabrasil.com.br

 

 Crédito Embrapa Transferência de Tecnologia
Crédito Embrapa Transferência de Tecnologia

O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá e também o maior consumidor. Seja como sucos, sorvetes, mousses, bolos, coquetéis ou quaisquer inúmeras formas de consumo, o maracujá é um fruto consolidado e muito apreciado pelos brasileiros.

 A produção brasileira de maracujá cresceu muito desde os anos 40, quando aumentou o interesse pelo processamento industrial desta apreciada passiflorácea. Nos anos 70 houve um grande incremento da área plantada no Brasil e também em alguns outros países, notadamente na África, América do sul e Oceania, passando a ser exportado para países europeus. Atualmente, é consumido em mais de 100 países.

Estima-se que a produção brasileira em 2014 tenha sido próxima de 620 mil toneladas, sendo 70% deste total destinado ao consumo como fruta fresca e o restante destinado à industrialização.

Principais regiões produtoras

A cultura do maracujazeiro encontra-se amplamente difundida no Brasil. Todos os Estados brasileiros, em diferentes escalas, cultivam o maracujazeiro. A maior concentração de plantios, atualmente, está na região Nordeste, principalmente no estado da Bahia. Em alguns meses, a Bahia é responsável por mais de 50% do maracujá produzido no Brasil.

José Rafael da Silva, engenheiro agrônomo e diretor do Viveiro Flora Brasil - Crédito Miriam Lins
José Rafael da Silva, engenheiro agrônomo e diretor do Viveiro Flora Brasil – Crédito Miriam Lins

Os nematoides

Em relação aos danos causados pelos nematoides à cultura do maracujazeiro, não existem dados conclusivos, mesmo porque estes fitoparasitas não recebiam muita atenção da pesquisa. No entanto, esta situação vem mostrando rápida mudança, pois em outras culturas existem evidências da associação destes parasitas com fungos ou, se não associados, pelo menos propiciam condições para uma ação mais deletéria de fungos causadores de podridões em raízes e, assim, vários trabalhos de pesquisa têm abordado este tema.

Além disso, muitas vezes as perdas de um cultivo podem ser confundidas e relacionadas a outras causas, como deficiência nutricional ou ataque de outras pragas. Seguramente, mesmo que não mostrem sintomas, mas estando presentes na planta, causam perdas de produtividade.

Espécies mais agressivas

Na cultura do maracujá, há descritos os seguintes fitonematoides: Helicotylenchus sp. e Pratylenchus sp  Meloidogyne incognita, Meloidogyne arenaria, Meloidogyne javanica, Rotylenchulus reniformis,. Destes, Meloidogyne spp. e Rotylenchulus reniformis são os mais importantes.

O Meloidogyne é um dos mais importantes nematoides fitoparasitas. Ao invadir raízes de plantas, como as do maracujá, estas apresentam áreas engrossadas que são sítios de alimentação, conhecidas como galhas.

As galhas apresentam diâmetro variável e quase sempre são observadas nas raízes infestadas, sendo uma permanente fonte de nutriente para o desenvolvimento e reprodução deste fitonematoide. Em geral, em função da perda de nutrientes pela planta, ocorrem sintomas reflexos na parte aérea das plantas, tais como nanismo e amarelecimento generalizado, murcha, internódios curtos, frutos pequenos e queda de botões florais. A ocorrência deste fitonematoide na cultura pode implicar na queda da produtividade.

Já o Rotylenchulus reniformis é uma espécie de fitonematoide que causa danos significativos em diversas culturas, dentre as quais o maracujazeiro. As raízes são infectadas pelos juvenis femininos e, a partir da formação de células de alimentação, a parte posterior do seu corpo, que fica fora da raiz, adquire grande volume, lembrando o formato de um “rim“. Daí a denominação de reniformis.

 O sistema radicular infestado não se aprofunda no solo, tornando-se deformado e pouco desenvolvido.

Plantas doentes estão distribuídas no campo na forma de reboleiras. Para a cultura do maracujazeiro, estudos sobre os danos decorrentes de infestações deste fitonematoide são escassos.

 O uso de mudas sadias ainda é o melhor meio de evitar a disseminação de nematoides - Crédito Luize Hess
O uso de mudas sadias ainda é o melhor meio de evitar a disseminação de nematoides – Crédito Luize Hess

Prevenção e controle

O manejo de pragas consiste na adoção de várias medidas e princípios voltados para o patógeno, neste caso um fitonematoide, o hospedeiro, a planta e o ambiente, visando a convivência hospedeiro/praga em níveis aceitáveis de dano e, ainda, sem afetar o meio ambiente.

  A prevenção é a maneira mais eficaz de conviver com esses parasitas. Entre as medidas preventivas, podemos citar:

– Histórico da área (cultivos anteriores);

– Tipo de solo e topografia;

– Amostragens de solo para análise nematológica e;

– Qualidade da água utilizada na irrigação de plantas.

Também não podemos deixar de mencionar o uso de mudas certificadas. A rotação de culturas deve ser preconizada com plantas não hospedeiras, antagônicas ou não suscetíveis aos nematoides.

Áreas com histórico de ocorrência de fitonematoides ou com culturas supostamente infestadas devem ser evitadas. Plantas infestadas em campo devem ser erradicadas.

Áreas sabidamente infestadas devem ser aradas com o intuito de trazer para a superfície, expondo à luz do sol, camadas profundas e restos culturais infestados.  Além disso, o controle de plantas daninhas é primordial para o sucesso de novos plantios, pois as mesmas podem servir de hospedeiras para os nematoides.

O uso de variedades resistentes sempre é o meio mais adequado de controle para qualquer praga. No entanto, os poucos estudos realizados não são conclusivos, mas indicam que o maracujazeiro amarelo/azedo (P. edulis) e várias espécies silvestres do mesmo gênero são bastante tolerantes aos fitonematoides.

Na cultura do maracujazeiro não se conhece a interação nematoides x fungos de solo. É possível que o efeito direto da presença da praga não seja somente facilitar a penetração dos fungos nas raízes do maracujazeiro, mas também reduzir fisiologicamente sua tolerância a estes fungos de solo. Esse prévio conhecimento pode auxiliar na maneira de selecionar novos materiais de maracujazeiro.

Medidas alternativas

A utilização de nematicidas na cultura do maracujazeiro necessita ainda de maiores estudos quanto à sua eficiência no controle, relação custo/benefício e fitotoxicidade ou não às plantas. Os principais nematicidas existentes no mercado para o controle de Meloidogyne spp. e de R. reniformis, todos sistêmicos, não são registrados para a cultura do maracujazeiro.

Outro importante e atual método de controle é o uso de matéria orgânica proveniente de plantas não hospedeiras, antagônicas ou supressivas, combinando a possível ação nematicida com melhorias do solo, seja físico-química, fertilidade e aumento do teor de matéria orgânica. Este método precisa de estudos complementares e específicos para a cultura do maracujazeiro, quais sejam:

ü A quantidade de matéria orgânica a ser incorporada;

ü Que plantas devem ser utilizadas para cada espécie de praga;

ü Diferenças entre as diversas partes das plantas quanto à atividade nematicida.

Controle biológico

O controle biológico tem sido amplamente buscado. Já existem no mercado produtos à base de fungos com grande potencial de controle. Mas, devido à pequena importância econômica comparativamente a outras culturas, poucos trabalhos foram feitos com o maracujazeiro, visando mostrar a eficiência dos produtos e buscar organismos específicos para esta cultura.

Uma informação importante sobre os nematoides é que eles têm movimentação restrita no solo. Assim, são dispersos principalmente pela movimentação de solo infectado, num raio menor e por meio de mudas infectadas para curtas, médias e longas distâncias.

Essa matéria completa você encontra na edição de maio da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua para leitura integral!

 

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