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Nematoides em porta-enxerto de seringueira

Ernane Miranda Lemes

Engenheiro agrônomo, M.Sc. e doutorando em Fitotecnia, ICIAG-UFU

ernanelemes@yahoo.com.br

José Geraldo Mageste

Engenheiro florestal, Ph.D. e professor da UFVJM/ICIAG-UFU

magest@netsite.com.br

Lísias Coelho

Engenheiro florestal, Ph.D. e professor do ICIAG-UFU

Túlio Vieira Machado

Luciana Nunes Gontijo

Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fitotecnia, ICIAG-UFU

Foto 01Os nematoides são vermes microscópicos com 0,1 a 2,5 mm de comprimento que sobrevivem em ambientes com disponibilidade regular de água líquida, sendo, portanto, microrganismos comumente encontrados em regiões de clima tropical e subtropical.

Os nematoides que parasitam as plantas (fitoparasitas) são denominados fitonematoides, e em geral atacam as raízes provocando alterações morfológicas e fisiológicas que comprometem o desenvolvimento regular da cultura e, consequentemente, sua produção.

As doenças causadas por estes fitoparasitas são denominadas nematoses. As perdas estimadas de produção agrícola mundial por causa de fitonematoides estão em torno dos 12%, mas podem ser superiores conforme a infestação e a resistência do material cultivado. No Brasil, as espécies de nematoides que causam os maiores prejuízos às culturas agrícolas são do gênero Heterodera, Meloidogyne, Pratylenchus e Rotylenchulus.

Reboleira causada por Meloidogyneexigua em seringal - Crédito COELHO, L.
Reboleira causada por Meloidogyneexigua em seringal – Crédito COELHO, L.

A seringueira

O cultivo da seringueira (Hevea brasiliensis), ou heveicultura, é de grande importância econômica, estratégica e social para o Brasil. O látex extraído da seringueira é destinado à produção de derivados de borracha que estão presentes em 40.000 produtos, em várias áreas tecnológicas.

Atualmente o cultivo de seringueira é realizado em diversos biomas do território brasileiro, como por exemplo, na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, o que expõe a cultura a diversos fitoparasitas.

E como em todo monocultivo, a heveicultura também apresenta problemas fitossanitários. Dentre eles, os fitonematoides são causa emergente de preocupação pelos danos que causam à árvore em qualquer idade e à produção.

Os nematoides

São relatados na heveicultura os seguintes nematoides: Criconemoidessp., Helicotylenchus sp., Helicotylenchusdihystera, Hemicicliophora sp., Pratylenchusbrachiurus, Pratylenchus sp., Hemicriconemoides sp., Hoplolaimus sp., Xyphinema sp. eXyphinemavulgare, além dos nematoides de galhas nas raízes: Meloidogyne exigua e M. incognita.

Entre os nematoides encontrados na seringueira, Pratylenchusbrachiuruse Meloidogyne exigua são frequentemente relatados como os mais prejudiciais e com grande potencial de danos ao seringal.

Os danos causados por P. brachiurus são observados em plantios feitos em áreas previamente ocupadas por pastagens, notando-se lesões nas raízes que podem servir como entrada para vários fungos fitopatogênicos.

Quando a pastagem é eliminada por cultivos intercalares, ou pela sombra das árvores, a população deste nematoide diminui e a seringueira parece conviver bem com esta nematose. Em contraste, os danos causados por M. exigua tendem a aumentar com o tempo.

Três razões contribuem para aumentar a severidade da infestação de M. exigua e até mesmo a morte de árvores: (1) plantios em solos arenosos, que favorecem a movimentação e disseminação do nematoide, (2) tratos culturais, como gradagens, que causam redução no sistema radicular da seringueira, que é superficial, e (3) movimentação de máquinas, equipamentos e pessoal, que disseminam o patógeno na área.

Para uma floresta saudável o monitoramento deve ser constante - CréditoShutterstock
Para uma floresta saudável o monitoramento deve ser constante – CréditoShutterstock

Conheça cada uma

Meloidogyne exigua forma galhas de até 8 mm de diâmetro e ocorrem inicialmente nas radicelas. Elas podem ser solitárias ou podem coalescer (união de várias galhas) e resultarem em uma raiz deformada, inchada ao longo de sua extensão.

As raízes atacadas por M. exigua ficam permanentemente comprometidas e absorvem água e sais minerais precariamente. Os danos causados pelo M. exigua também predispõem as raízes ao ataque de fungos de solo, como Fusarium, Phytophthora, Ralstonia, Rizoctonia e Verticillium, que necrosam e inutilizam grandes extensões do sistema radicular, levando à morte de plantas, especialmente quando a contaminação ocorre em plantas jovens.

Uma vez que o sistema radicular esteja comprometido, a nutrição da planta também será precária e as reduções na produção de látex serão significativas. Outro agravante dos danos ao sistema radicular é a intolerância da seringueira aos períodos de seca. Nesta condição a seringueira murcha rapidamente nas horas mais quentes do dia, ou em veranicos, e ocorre a morte prematura da árvore.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de maio/junho 2016  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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