Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, BioquÃmica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)
A demanda mundial por alimentos vem crescendo, sendo a agricultura fundamental neste processo. No Brasil destacam-se, entre as culturas produtoras de alimentos: a do milho e a do feijão.
Quanto ao feijão, basta se referir ao binômio feijão-arroz, que estão no prato de qualquer brasileiro, de norte ao sul. O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é a espécie mais cultivada entre as demais do gênero Phaseolus.
Atualmente, o Brasil é o maior produtor e consumidor mundial de feijão comum. Os pequenos produtores são responsáveis por 90% da produção nacional
Os rizóbios
O feijoeiro é uma espécie exigente em nutrientes e o nitrogênio é absorvido em maiores quantidades pela referida espécie. Cerca de 50% do N absorvido é exportado para os grãos.
Como toda leguminosa, o feijoeiro tem a capacidade de fixação do N do ar em associação com bactérias do gênero Rhizobium. Porém, a quantidade fornecida por esse processo é insuficiente, necessitando de complementação com fertilizantes.
Resultados de experimentação têm demonstrado que a introdução de bactérias do grupo de rizóbios específicos para a cultura em consideração (principalmente Rhizobium tropici) é capaz de substituir parcialmente a adubação nitrogenada, o que reduz os custos de produção.
A introdução do rizóbio nos cultivos de leguminosas pode se dar pelo tratamento de sementes ou diretamente no sulco de plantio. Uma vez que se faça o plantio, no caso do feijão, as sementes germinem e as plantinhas surjam, as bactérias são atraÃdas por compostos liberados pelas raízes, delas se aproximam e penetram no sistema radicular das plantas, que respondem emitindo células que se aglomeram, formando os denominados nódulos (que são produzidos por substâncias derivadas das plantas e das bactérias). Ali ocorre a fixação do nitrogênio, que nada mais é do que a transformação do nitrogênio do ar em nitrogênio assimilável.
Como se citou, a fixação de nitrogênio em feijoeiro não é eficiente a ponto de substituir apreciavelmente a adubação nitrogenada. Então, a aplicação de tecnologias para aumentar o aproveitamento do processo é interessante e, entre as possibilidades, tem-se a inclusão de produtos à base de algas marinhas.
Direto do mar
As algas marinhas são organismos que contêm expressivas quantidades de macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S), micronutrientes (B, Cl, Co, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn), aminoácidos (alanina, ácido aspártico e glutâmico, glicina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, tirosina, triptofano e valina), betaÃnas, citocininas, auxinas, giberelinas e vitaminas.
Sua rica composição pode beneficiar o enraizamento, a nodulação, o desenvolvimento vegetativo e a produção do feijoeiro.
Na formação do nódulo ocorre a formação de novas células, pela divisão celular, o que pode ser estimulado pelas algas marinhas. Para o processo da divisão celular, as auxinas, o zinco, o boro e o cálcio são fundamentais, e estão presentes em extratos de algas.
Assim, sua aplicação via sementes ou por pulverização de sulco de plantio ou, ainda, por fertirrigação (por ocasião do plantio), pode trazer benefícios.
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Fixação de N
No processo de fixação, como já se referiu, o nitrogênio atmosférico (não assimilável pelas plantas) é transformado em forma assimilável. Pois bem, para isso ocorrer, o molibdênio e o cobalto são essenciais. O primeiro por fazer parte da enzima responsável pelo processo, e o segundo por fazer parte do pigmento responsável pelo arejamento dos nódulos: a leghemoglobina. Mais uma vez as algas podem contribuir por conter tais nutrientes em sua composição.
Frente à necessidade de aumentos de produtividade, já que as áreas agricultáveis sempre serão as mesmas, há necessidade de novas tecnologias e insumos serem empregados no sistema de produção. Entre esses novos produtos estão os extratos de algas marinhas.
Resultados comprovados
Entre as algas marinhas, a Ascophyllum nodosum (L.) Le Jolis, popularmente conhecida como alga parda ou marrom, devido à coloração marrom amarelada apresentada quando viva, se destaca. É uma fonte natural de macro e micronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Fe, Mn, Cu e Zn), aminoácidos (alanina, ácido aspártico e glutâmico, glicina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, tirosina, triptofano e valina), citocininas, auxinas e ácido abscÃsico, substâncias que afetam o metabolismo celular das plantas e conduzem ao aumento do crescimento, bem como ao incremento da produtividade.
Resultados experimentais, obtidos com feijoeiro em condição de campo, mostram que o emprego de extratos de algas associados à inoculação com estirpes específicas de rizóbio propiciou umaprodução comparávelà obtida com sistema convencional, quando se adubou com fertilizante nitrogenado.
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