Autores
Elisamara Caldeira do Nascimento
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Ciência do Solo e pós-doutoranda – Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)
elisamara.caldeira@gmail.com
Talita de Santana Matos
Engenheira agrônoma, doutora – doutora em Agronomia/Ciência do Solo e pós-doutoranda – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
talitasmatos@gmail.com
Glaucio da Cruz Genuncio
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Ciência do Solo e professor de Fruticultura – UFMT/FAAZ/DFF
glauciogenuncio@gmail.com
Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo e proprietário da Vermelho Natural
vermelhonatural@hotmail.com
Rafael Simoni
Engenheiro agrônomo e consultor técnico em hidroponia
rafaelsimoni@agronomo.eng.br
Adilson Schmidt
Raul Eduardo Ripp Butzge
Engenheiros agrônomos e consultores em hidroponia
A hidroponia é uma técnica de cultivo sem solo. Porém, existem variantes quanto às técnicas e tecnologias aplicadas. O que queremos dizer é que não existe somente um sistema hidropônico.
Dentre os mais conhecidos no Brasil temos o NFT (fluxo laminar de nutrientes), pois foi o que se estabeleceu dentre os produtores desde da década de 80. Por outro lado, existe uma busca crescente pelo aprimoramento e adaptabilidade de outros sistemas, dentre os quais podemos citar a hidroponia em substrato (principalmente para hortaliças frutíferas), a aquaponia (associada à piscicultura), o floating (piscinão) e a hidroponia vertical.
Em específico, a hidroponia vertical (tema desse artigo) não é um sistema recente. Muitos países fazem hidroponia vertical, tais como o Peru, com diversos projetos comerciais e sociais.
Por outro lado, a hidroponia vertical é um dos sistemas com maior aproveitamento de espaço, atendendo assim a premissa da produção urbana de hortaliças ou das fazendas verticais, cujo aumento em produtividade pode chegar a quintuplicar, pois a avaliação desta produtividade é em metros cúbicos e não em metros quadrados. Para esta técnica denominamos arquitetura de cultivo.
Em função desta vantagem e da necessidade de otimização de espaço, o sistema torna-se interessante para uso em supermercados. A implantação desta técnica pode potencializar a venda ao consumidor em cerca de 30 a 40%, pelo fato da demonstração de como é produzida a hortaliça em hidroponia.
Entre as culturas que melhor se adaptam à hidroponia vertical estão todas as folhosas, tais como: alface, coentro, rúcula, salsa, cebolinha e diversos temperos, como manjericão, sálvia, hortelã e tomilho.
Existem algumas restrições desse modelo quando se pensa em hortaliças de frutos, como tomate, pimentão, berinjela. Essas limitações estão ligadas principalmente ao hábito de crescimento da planta, já que ao longo do ciclo a planta precisa de mais espaço que as hortaliças folhosas. Para plantas maiores, se faz necessário também um sistema de tutoramento e condução, e isso ainda é um fator limitante nesse sistema.
Já existem vários projetos com morangueiro, que é uma planta de pequeno porte e fácil condução.
Produtividade
Na hidroponia convencional estima-se a produtividade de 0,35 a 0,40 plantas m2/dia de alface, por exemplo: a cada 1.000 m2 produz-se de 350 a 400 plantas por dia. Na hidroponia vertical seria cinco vezes mais.
Importante notar que o aumento da população não traduz de forma proporcional ao aumento da produtividade. Isso se deve ao fato de que o crescimento em hidroponia pode ser um pouco reduzido, quando comparamos com o sistema em bancadas. Contudo, para o produtor, isso representa até 65% a mais de lucro em uma mesma área, quando considerarmos os custos fixos e variáveis.
Benefícios da hidroponia vertical
Os principais benefícios da hidroponia vertical são os mesmos que a hidroponia convencional oferece:
• Alimentos seguros e com ótima qualidade, com a possiblidade de oferecer alimentos frescos e sadios;
• Produção constante, com pouca influência negativa de fatores climáticos, garantindo assim oferta constante, mesmo quando as condições climáticas não forem favoráveis para determinada hortaliça;
• Viabilidade técnica e financeira em praticamente qualquer região, pois o investimento, apesar de ser relativamente mais alto que o sistema em solo, permite maior rentabilidade;
• Otimização do uso da água e dos nutrientes, haja vista que o sistema, na maioria dos casos, é com recirculação;
• Baixíssimo risco de poluição do solo e dos cursos d’água, uma vez que não são lançados nutrientes no ambiente;
• Menor ou nenhum uso de defensivos, já que o cultivo é feito geralmente em ambiente protegido.
Além desses benefícios, podemos destacar também o aproveitamento ainda maior do espaço. Enquanto a média de lotação na hidroponia convencional é de 16 plantas por m² no caso de alface, na hidroponia vertical essa lotação pode chegar a 50 plantas por m² de área de estufa.
Esse aumento significativo, mesmo em relação à hidroponia em bancadas, permite a instalação de pequenas hortas hidropônicas em sacadas de apartamentos, varandas e edículas, entre outros espaços que seriam considerados inviáveis para a instalação de um projeto convencional.
Hoje alguns supermercados têm instalado pequenas composições de hortas verticais em suas áreas de hortifruti, afim de oferecer produtos frescos, colhidos na hora pelo próprio cliente. Esse modelo, além de oferecer ótimas verduras, permite ao cliente conhecer o sistema de produção e comprovar a qualidade não só do produto, mas também do próprio sistema.
Desafios
O grande obstáculo dos sistemas verticais é a radiação solar, podendo necessitar de complementação ou de total de radiação fotossintetizante artificial, bem como de plásticos, que aumentam a radiação solar periférica.
Para melhor entender estes sistemas, necessitamos de uma breve compreensão da radiação solar utilizada para fotossíntese, chamada de radiação ativa fotossintetizante (PAR). As plantas possuem dois tipos de clorofila, a clorofila A e B. A função das clorofilas é absorver fótons (partículas que compõem a luz) e transformá-los em energia.
As plantas não absorvem toda a luz existente, somente uma parte dela, e basicamente utilizam a luz azul, vermelha e amarela, enquanto o restante é refletido.
Para que a fotossíntese ocorra em sua plenitude, é necessário que a radiação PAR ocorra com intensidade mínima em um determinado período diário. Por esse motivo, deve-se fazer um estudo da intensidade de radiação PAR e dos custos adicionais necessários, bem como dos ganhos financeiros, para avaliar a sua viabilidade.
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