Dagma Dionisia da Silva
Luciano Viana Cota
Rodrigo Véras da Costa
Engenheiros agrônomos, fitopatologistas e pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo
A cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) foi observada na safra 1999/2000 e safrinha 2000, inicialmente nas cidades de Rio Verde, Montividiu, Jatai e Santa Helena, região sudoeste de Goiás, onde causou perdas severas.
Posteriormente, foi observada em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Atualmente, praticamente todas as áreas onde se cultiva o milho têm incidência de cercosporiose. Os danos devido à ocorrência de cercosporiose são resultantes da perda de área fotossintética. Quanto mais precocemente e maior for a área foliar coberta por lesões, maior será a perda de água pela planta e ocorrerá maior deterioração do colmo e o acamamento.
Em áreas onde a doença é introduzida pela primeira vez, os danos podem ser pequenos, porém, com a manutenção de restos culturais no solo a tendência é a severidade aumentar ao longo dos ciclos de cultivo de milho, principalmente nas áreas onde as condições climáticas são favoráveis.
Perdas de produção
Em cultivares suscetÃveis e condições favoráveis à ocorrência da doença as perdas podem ser acima de 80%. Os componentes de produção mais afetados são o número de grãos por espiga e o tamanho dos grãos.
As oito/nove folhas superiores da planta de milho contribuem com 75 a 90% dos nutrientes requeridos pela espiga durante o período de enchimento dos grãos. A ocorrência da doença nestas folhas cerca de 30 dias antes da maturação fisiológica pode afetar severamente a produção.
Condições para a ocorrência da cercosporiose
Temperaturas entre 25 e 30ºC e umidade relativa do ar superior a 90% são consideradas condições ótimas para o desenvolvimento da doença. Em áreas onde a doença está presente, os restos de cultura são fonte de inóculo entre as safras e entre propriedades, sendo a severidade incrementada com o plantio de cultivares suscetÃveis e a expansão de área cultivada.
Prevenção
O tratamento de sementes é recomendado para evitar a entrada do patógeno na área via sementes. O uso de cultivares com resistência genética é recomendado, mesmo quando a doença ocorre com baixa severidade na área. Esta é uma forma de reduzir ou quebrar a manutenção de inóculo inicial.
Realizar os plantios na época e nas condições recomendadas pela empresa de sementes de forma a garantir que a fase que a cultura é mais suscetÃvel ao patógeno não coincida com as condições favoráveis à doença também é importante, assim como realizar o manejo adequado, garantindo adubação equilibrada, sem excesso ou falta de nutrientes.
Realizar rotação com culturas não hospedeiras de C. zeae-maydis, como soja, sorgo, algodão, girassol, etc. No caso do sistema de cultivo atual, onde a dobradinha entre soja e milho prevalece na maior parte das áreas produtivas do país, pode haver redução na sobrevivência do fungo. Recomenda-se evitar o plantio de milho em monocultivo e realizar a rotação entre cultivares.
Curativamente
Após a doença ter se estabelecido na área, se a cultivar escolhida for suscetÃvel e na ocorrência das condições favoráveis à doença, o produtor poderá fazer controle químico. Deve-se, no entanto, tomar a decisão de aplicar após o monitoramento da área.
Após chegar-se à conclusão da necessidade de controle químico, a dose, o horário e a tecnologia de aplicação devem ser utilizados de forma a garantir a maior eficiência do produto. Excesso ou subdosagens de fungicidas não são recomendados, pois podem favorecer a seleção para resistência aos produtos, reduzindo sua eficiência e tempo de uso.
Eficiência
A eficiência dos produtos está relacionada a diversos fatores, como suscetibilidade das cultivares, severidade da doença, época de aplicação, regulação de máquinas, doses e horário de aplicação adequado. Existem 19 produtos registrados no Ministério da Agricultura para o controle químico da cercosporiose, todos do grupo dos triazois, puros ou em mistura com estrobilurinas. Os fungicidas estão descritos na Tabela 1.