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Novo sistema de condução de tomate proporciona rentabilidade 200% superior

Victor de Souza Almeida

Engenheiro agrônomo

Derly José Henriques da Silva

Carlos Nick

carlos.nick@ufv.br

Professores da Universidade Federal de Viçosa

 

 Crédito Victor de Souza Almeida
Crédito Victor de Souza Almeida

O Sistema Viçosa de Cultivo do Tomateiro surgiu a partir de uma série de pesquisas feitas pelo Núcleo de Estudos em Olericultura (NEO) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), liderada pelos professores Derly José Henriques da Silva e Carlos Nick.

Nós percebemos que a quantidade de insumos utilizados na produção de tomate crescia em um ritmo muito acelerado e que não acompanhava, proporcionalmente, os ganhos em produtividade; ou seja, estávamos cada vez gastando mais com adubos, sementes e defensivos sem que este aumento nos custos significasse aumento de lucro para o produtor.

Então, decidimos começar os estudos visando otimizar os principais fatores de produção (água, luz e CO2), que, com exceção da água, são abundantes e gratuitos.

Como começou

Nos últimos anos começamos a otimizar as técnicas de cultivo, como sistemas de tutoramento, podas e população de plantas que nos permitissem aumentar a produção sem aumentar o uso de insumos na lavoura.

A ideia principal é, mediante um conjunto de técnicas culturais, proporcionar um ambiente favorável para que a planta permaneça o maior tempo possível com os estômatos abertos e realizando a fotossíntese, sem, contudo, perder água em excesso.

No sistema convencional, normalmente as plantas são conduzidas com duas hastes em espaçamento de 1,6 x 0,2 m e tutoradas no sistema cerca cruzada, também conhecido como sistema tradicional ou “V“ invertido.

No tutoramento tipo cerca cruzada, as plantas são amarradas a bambus dispostos obliquamente ao solo, formando um “V“ invertido entre duas fileiras consecutivas. Nesse sistema forma-se uma câmara úmida sob o “V“ invertido, que além de diminuir a incidência da radiação, também reduz a ventilação e aumenta a umidade relativa, criando um ambiente desfavorável à fotossíntese.

Além disso, a cobertura foliar por defensivos no interior da câmara é menor, o que aumenta o desenvolvimento de pragas e doenças e o número de pulverizações.

Mudanças

No Sistema Viçosa, as plantas são conduzidas com uma haste em espaçamento de 2 x 0,2 m. tutoradas com fitilho e inclinadas a aproximadamente 75° com o solo.

A construção do sistema de tutoramento é etapa fundamental para o sucesso do sistema. No início da linha, recomenda-se colocar duas estacas paralelas espaçadas entre 50-60 cm. Estas devem ser firmemente fixadas ao solo para suportar a carga de produção.

Recomenda-se colocá-las no mínimo a 70 cm de profundidade e utilizar estacas com diâmetro superior a 12 cm. Outra alternativa é utilizar meias estacas com diâmetro maior e fixá-las inclinadamente a, aproximadamente, 1,5 metro de distância do início da linha, onde as estacas serão presas com arame.

Um fio de arame é amarrado e esticado na extremidade de cada estaca no início das linhas de cultivo. Ao longo da linha, podem ser utilizadas estacas em forma de cruz, ou até mesmo bambus, para ajudar a suportar o peso das plantas. No entanto, o produtor pode usar o material que achar mais fácil encontrar ou que já está disponível na sua propriedade.

Os fitilhos são amarrados nas plantas e fixados aos arames em forma de zigue-zague, formando um “V“. As inflorescências acima do 8° racemo são retiradas e após a 12º inflorescência é feita a poda apical. Em cada cacho são retirados os frutos desuniformes, defeituosos ou com problemas fitossanitários.

Por último, recomenda-se a retirada as folhas baixeiras para reduzir a fonte de inóculo de pragas e doenças e melhorar a incidência de luz e aeração ao longo do dossel.  Essas folhas são removidas até o terceiro cacho à medida que os frutos começam a amadurecer.

Detalhe do sistema de tutoramento utilizado no Sistema Viçosa de Cultivo do tomateiro - Crédito Victor de Souza Almeida
Detalhe do sistema de tutoramento utilizado no Sistema Viçosa de Cultivo do tomateiro – Crédito Victor de Souza Almeida

Ganho

Empregando-se todas estas técnicas foi possível um ganho de 61 e 131% na produtividade total e de frutos grandes, respectivamente, comparando-se com o sistema convencional.

Apesar do aumento na população de 14 mil para 25 mil plantas por hectare, a irrigação e adubação são as mesmas usadas no sistema convencional. Os ganhos de produtividade foram exclusivamente pela forma mais eficiente no uso dos fatores de produção, como luz, água e CO2.

Um dos pontos mais importantes no Sistema Viçosa é a construção do sistema de tutoramento, que tem de ser forte o suficiente para suportar o peso das plantas, em função da grande produção. Outro desafio que enfrentamos é convencer o produtor a pensar em produção por metro quadrado, e não por planta, como acontece atualmente.

Normalmente, o cálculo da produção é feito em caixas por mil/plantas, buscando-se o máximo de produção em uma planta, muitas vezes utilizando-se espaçamentos maiores e menor densidade de plantio. No Sistema Viçosa, o objetivo é otimizar a área disponível e a produção por área.

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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