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sábado, novembro 23, 2024
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NPK com ácidos húmicos proporciona mais enraizamento para a alface

Autores

Gerarda Beatriz Pinto da Silva
Engenheira agrônoma, doutora e responsável técnica – Drones 4 Agro
gerarda.silva@drones4agro.com.br
Maike Lovatto
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando – Universidade Estadual de Maringá (UEM)
maikelovatto2@gmail.com
Crédito Shutterstock

Hortaliças folhosas, como a alface, possuem ciclo relativamente curto e são exigentes em nutrientes, portanto, necessitam de solos com elevado teor de matéria orgânica e boa disponibilidade de nutrientes.

Muitos produtores têm buscado realizar a adubação utilizando fertilizantes minerais associados a bioestimulantes. O uso de bioestimulantes potencializa a absorção dos nutrientes presentes tanto em compostos orgânicos quanto na forma mineral fornecida pelo fertilizante.

Portanto, utilizando estes fertilizantes tem-se o fornecimento de nutrientes necessários ao desenvolvimento da planta e o aumento da sua absorção, proporcionando condições para que se alcance melhores índices produtivos.

Substâncias húmicas

De modo geral, a matéria orgânica presente no solo possui frações bioativas ricas em substâncias húmicas, as quais contêm ácidos húmicos (AH). Os ácidos húmicos aumentam a eficiência metabólica das plantas, alterando tanto o seu metabolismo primário quanto secundário. Como resultado, têm-se ganhos de produtividade e incremento na qualidade nutricional.

As alterações no metabolismo vegetal geradas pelos ácidos húmicos são capazes de alterar o sistema radicular das plantas, especialmente a conformação e arquitetura das raízes, ocasionando o aumento da densidade e da área superficial das raízes, devido a estímulos gerados durante o alongamento das raízes primárias e adventícias.

Além disso, há um incremento na produção de raízes laterais e pêlos radiculares. Tais modificações elevam o número de sítios de absorção de H2O e nutrientes, promovendo o crescimento e desenvolvimento das plantas. Atualmente, a comunidade científica aceita pelo menos três hipóteses para explicar os mecanismos de ação dos ácidos húmicos, sendo elas:

Ü Alterações na solubilidade do complexo húmico-metal, facilitando a assimilação e absorção de nutrientes pelas plantas;

Ü Aumento da permeabilidade das membranas celulares, facilitando a entrada de íons e melhorando a nutrição em nível celular.

Ü Estimulam e/ou inibem atividades enzimáticas específicas relacionadas com o metabolismo nas plantas, melhorando a absorção de nutrientes e o crescimento radicular.

Equilíbrio

Apesar dos seus benefícios, os ácidos húmicos isolados não são suficientes para um fornecimento adequado de nutrientes às plantas. Neste sentido, diversas empresas do segmento agrícola têm desenvolvido produtos que associam substâncias húmicas a fertilizantes minerais.

Mais comumente, tem-se observado a associação de ácidos húmicos a fertilizantes NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), em formulações granuladas ou líquidas. É importante salientar que, além das substâncias húmicas, pode ser adicionada uma série de micronutrientes aos grânulos do fertilizante, de acordo com a necessidade do agricultor.

Sendo assim, o produtor é quem define a melhor formulação do fertilizante NPK que deseja, e a empresa fica responsável pela adição das substâncias húmicas. A escolha da melhor formulação e associação (NPK+AH) deve ser feita com base em uma análise química do solo, consultando um profissional da área.

Como principais vantagens da utilização de fertilizantes associados a ácidos húmicos podem ser citadas a menor fixação do fósforo no solo, aumento da CTC em volta dos grânulos, maior disponibilização de micronutrientes (catiônicos) para absorção, redução de perdas de potássio por lixiviação em solos arenosos e estímulo ao desenvolvimento radicular, além de favorecer a presença de microrganismos benéficos no solo.

Aplicação e manejo

O fornecimento destes fertilizantes nunca deve ser feito diretamente sobre as plantas. As folhas de alface são sensíveis e podem sofrer deformações, necroses e, em casos mais severos, a hortaliça torna-se inutilizável para o consumo e comercialização.

Formulações sólidas tampouco devem ser aplicadas na superfície do solo, pois o fósforo presente no fertilizante é pouco móvel e ficará retido na superfície, dificultando ou até mesmo evitando a absorção do mesmo pelas raízes.

Formulações sólidas devem sempre ser incorporadas ao solo. A aplicação pode ser realizada a lanço e a incorporação pode ocorrer por gradagem ou aração, ou até mesmo de maneira manual, com enxada, de acordo com o sistema de cultivo utilizado.

O fertilizante deve ser preferencialmente aplicado cerca de 30 dias antes do plantio e a sua incorporação realizada entre 20 e 30 cm de profundidade. Fabricantes destes produtos ressaltam, ainda, que em propriedades menores é recomendável aplicar de 50 a 250 g por m² de canteiro do fertilizante NPK (10-10-10).

Em campo

Associações de fertilizantes NPK com AH também podem ser utilizadas para a produção de mudas de alface. Estudos realizados no Paraná comprovaram a eficiência da combinação de húmus com vermiculita (8%) e adição de fertilizantes químicos.

As plantas de alface apresentaram melhor desempenho agronômico, com germinação superior a 91% aos seis dias e aos 20 dias (idade de transplante). Além disso, tiveram crescimento radicular e foliar maior que 7,20 e 8,00 cm, respectivamente, com massa verde acima de 9,00 e massa seca de 1,00 g.

Em trabalhos conduzidos com alface crespa cv. ‘Vanda’ foi possível observar aumento de 32% no crescimento e incremento de 71% na massa fresca do sistema radicular das plantas de alface. Este resultado foi obtido quando utilizado um substrato contendo a formulação NPK (4-14-8) + AH e comparado com a testemunha cultivada com AH + solo. Estes estudos demonstram, na prática, os benefícios ao sistema radicular das plantas proporcionados pela utilização destes fertilizantes.

Experimentos realizados no Cairo, Egito, estudaram profundamente o impacto da utilização de fertilizantes associados a AH em plantas de alface de duas cultivares, a cv. ‘Dark Green’ e a cv. ‘Big-Bell’. Os pesquisadores demonstraram que havia uma elevação do teor de clorofila em comparação à testemunha.

Além disso, maiores níveis de sólidos solúveis totais, maior rendimento fresco e baixos níveis de nitrato nas plantas foram observados. A produtividade da cv. ‘Big-Bell’ adubada apenas com o fertilizante NPK foi de 30,7 ton ha-1, enquanto que quando o fertilizante foi associado com diferentes quantidades e qualidade de AH foi possível obter rendimentos de até 43,9 ton ha-1.

Para a cv. Dark Green, as produtividades variaram de 23,4 ton ha-1, utilizando apenas NPK, a 29,9 ton ha-1, ao utilizar a associação NPK + AH.

Erros mais frequentes e como evitá-los

A baixa disponibilidade de nitrogênio nos solos agrícolas é um dos fatores limitantes à produção de alface. Por isso, doses elevadas de fertilizantes nitrogenados são frequentemente adicionadas aos solos. Entretanto, formulações de NPK com altos níveis de N podem alterar a CTC e o pH do solo, resultando em condições desfavoráveis ao desenvolvimento da cultura.

Assim, mais uma vez, ressalta-se a importância de análises químicas de solo, a fim de se verificar não só o estado nutricional, mas também características importantes como o pH. O monitoramento do pH do solo deve ser constante em áreas de cultivo de hortaliças como a alface, pois alterações mínimas podem trazer resultados catastróficos e causar elevadas perdas em rendimento.

A reposição nutricional também é um fator a ser levado em consideração durante o manejo da cultura. Nem sempre a mesma formulação de NPK vai ser adequada para todos os plantios realizados em uma mesma área. O produtor deve ter em mente que o solo é um ambiente dinâmico, que muda conforme a cultura plantada e o manejo empregado.

A partir da cultura plantada, a cada safra devem ser realizados cálculos de exportação de nutrientes e assim planejar as fertilizações subsequentes.

Custo

Os preços destes produtos variam significativamente em função da origem do húmus e da formulação do fertilizante NPK. Por exemplo, pode-se encontrar no mercado fertilizantes granulados compostos por NPK (10-10-10) associado ao húmus variando de R$ 5,40 a R$ 13,50/kg.

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