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sábado, novembro 23, 2024
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Nutrição e adubação potássica em eucalipto

 

Ronaldo Luiz Vaz de Arruda Silveira

Consultor na área de Solos e Nutrição Florestal – RR Agroflorestal ronaldo@rragroflorestal.com.br

José Luiz Gava

Engenheiro responsável pela área de Solos e Nutrição da Companhia Suzano de Papel e Celulose

Eurípedes Malavolta

Pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo

 

Avermelhamento marginal em clone híbrido de Eucalyptus - Crédito Higashi & Silveira
Avermelhamento marginal em clone híbrido de Eucalyptus – Crédito Higashi & Silveira

O potássio (K) não faz parte de nenhum composto orgânico, não desempenhando função estrutural na planta. Um grande número de enzimas é dependente ou ativada pelo potássio, destacando-se as sintetases, oxiredutases, desidrogenases, transferases, quinases e aldolases.

O potássio ainda está envolvido na síntese de proteínas: plantas com baixos teores de potássio apresentam baixo teor proteico, com acúmulo de compostos de baixo peso molecular, como aminoácidos, amidas, aminas e nitratos. Além disso, a deficiência de potássio provoca também o aumento do teor de carboidratos solúveis, decréscimo no conteúdo de amido e acúmulo de nitrogênio solúvel.

Atuação

Folha normal e deficientes em Eucalyptus globulus - Crédito Higashi & Silveira
Folha normal e deficientes em Eucalyptus globulus – Crédito Higashi & Silveira

O potássio atua no metabolismo (ativação da sintetase do amido, sintetase fosfato sacarose e outras enzimas) e transporte de carboidratos. Normalmente, as plantas deficientes em potássio apresentam acúmulo de açúcares hexoses e decréscimo de carboidratos de maior cadeia como amido e sacarose nas folhas, como consequência da menor atividade da sintetase de fosfato sacarose.

Existe relação inversa entre a concentração de potássio e o conteúdo de açúcares nos tecidos. As poliaminas estão envolvidas no processo da divisão celular, nos processos de desenvolvimento e crescimento, na senescência e na regulação do metabolismo dos ácidos nucléicos. As plantas deficientes em potássio apresentam aumento na intensidade da biossíntese da putrescina (diamina).

Em Eucalyptus pellita - Crédito Higashi & Silveira
Em Eucalyptus pellita – Crédito Higashi & Silveira

Silveira et al. (2001b) verificaram que as progênies de E. grandis deficientes em potássio apresentavam acúmulo tóxico dessa diamina nas folhas, porém, não se constatou nenhum acúmulo das poliaminas espermina e espermidina.

O aumento do fornecimento de potássio reduziu a concentração de putrescina em todas as progênies com uma tendência de queda linear da concentração até o valor de 5 g de K kg-1. Como era de se esperar, ocorreram incrementos na relação K/putrescina nas folhas, como o aumento das doses de potássio na solução.

Deficiência do potássio

Progressão dos sintomas em Eucalyptus ptychocarpa - Crédito Higashi & Silveira
Progressão dos sintomas em Eucalyptus ptychocarpa – Crédito Higashi & Silveira

Na ausência de K, a relação variou de 0,56 a 0,93, dependendo do material genético analisado, enquanto que na dose mais elevada variou de 109 a 168. Verifica-se que na ausência de potássio, a porcentagem de putrescina em relação à soma de bases (K+Ca+Mg) variou de 16,6 a 23,5%, e na dose mais alta não ultrapassou 1%.

Na deficiência de potássio, o déficit de cátion é balanceado pela putrescina. Segundo Coleman & Richards (1956) a falta desse macronutriente altera o balanço interno entre cátions e ânions inorgânicos, esperando-se, com isso, um aumento da acidez do suco celular, o que acaba não correndo, uma vez que essa diamina operaria como um mecanismo para manter o pH a um valor fisiologicamente adequado.

Portanto, em condição de bom suprimento de potássio, ocorre inibição das enzimas que catalisam a síntese da putresina a partir da arginina via agmatina, mostrando a função do potássio na manutenção do pH citoplasmático e sua relação direta ou indireta com a síntese de enzimas.

Fotossíntese

Folhas normais e deficientes em E. urophylla - Crédito Higashi & Silveira
Folhas normais e deficientes em E. urophylla – Crédito Higashi & Silveira

O potássio está envolvido na fotossíntese. Na carência de K, verifica-se redução na taxa fotossintética por unidade de área foliar, e também maiores taxas de respiração. A combinação desses fatores pode reduzir as reservas de carboidratos da planta. Um suprimento inadequado de potássio também faz com que os estômatos não se abram regularmente, podendo ocorrer menor assimilação de CO2 nos cloroplastos, diminuindo, consequentemente, a taxa fotossintética.

O decréscimo da fotossíntese em condições de estresse hídrico é menor quando as plantas estão bem supridas de potássio. O aumento do conteúdo de potássio nas folhas proporciona maior atividade da carboxilase RuBP e maior taxa fotossintética devido a uma menor assimilação de CO2 nos sítios catalíticos da enzima.

Além disso, plantas com baixo nível de potássio apresentam maiores taxas respiratórias. Isso evidencia a participação do potássio na fotossíntese por meio da sua função na regulação estomática.

 

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