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Nutrição ideal para o morangueiro requer cuidados 

 

André Guarçoni M.

D.Sc. Solos e Nutrição de Plantas e pesquisador do Incaper

guarconi@incaper.es.gov.br

Fotos Shutterstock
Fotos Shutterstock

A cultura do morangueiro tem grande importância econômica e social para determinadas regiões do País, sendo a produtividade e a qualidade do fruto na pós-colheita influenciadas por diversos fatores de produção. Nesse sentido, a correção do solo e a adubação são práticas fundamentais para que se alcance o sucesso no plantio dessa rosácea.

Um programa de adubação deve visar à obtenção de altas produtividades de morangos de boa qualidade, mas com um custo de produção viável e com baixo risco de contaminação do ambiente.

Atualmente, o modo de aplicação de fertilizantes mais utilizado para o morangueiro é a fertirrigação por gotejamento, sobretudo quando se utiliza cobertura do solo com mulching plástico, prática altamente recomendável. Fertirrigação, nesse contexto, nada mais é do que aplicar fertilizante solúvel juntamente com a água de irrigação, via gotejo.

Apesar dos benefícios que esse tipo de fertirrigação pode trazer, especialmente em relação ao aproveitamento de água e fertilizantes e à redução na necessidade de mão de obra, pode ocorrer, por outro lado, contaminação de lençol freático e/ou salinização dos solos. Daí a necessidade de utilizar esta prática de forma criteriosa.

Dentro da técnica de fertirrigação por gotejamento, diversos manejos e produtos são utilizados de acordo com a concepção do responsável pelo programa de adubação. É muito provável que todos sejam capazes de aumentar a produtividade, mas mantê-la elevada por longo período de tempo, com produção de frutos de boa qualidade, e sem contaminação do meio, é o que mais interessa.

Muitos entendidos em fertirrigação preferem trabalhar com concentrações variáveis de diversos nutrientes na solução a ser aplicada via gotejamento. Não é errado e pode realmente apresentar bons resultados. Acontece que há, nesse caso, necessidade de extremo monitoramento, via análise de solução do solo e foliar. Se ocorrer qualquer deslize, as consequências podem ser desastrosas.

O programa de adubação mais eficiente e econômico, a meu ver, é resultado de um bom trabalho de base, fazendo correção do solo com calcário dolomítico e matéria orgânica, com posterior aplicação de adubo fosfatado e adubo fonte de micronutrientes, quando forem levantados os canteiros. Via fertirrigação, apenas nitrogênio (N) e potássio (K), com dose fixa por ciclo produtivo (kg/ha/ciclo de N ou de K).

-O programa de adubação deve visar à obtenção de altas produtividades - Fotos Shutterstock
-O programa de adubação deve visar à obtenção de altas produtividades – Fotos Shutterstock

Exigências nutricionais

O estado nutricional das plantas tem influência sobre o crescimento, a produtividade, a qualidade de frutos e a tolerância ao ataque de pragas e doenças. O equilíbrio entre nutrientes para o morangueiro é fundamental, uma vez que difere bastante do equilíbrio necessário para outras culturas.

Enquanto para a maioria das culturas o nitrogênio (N) é o nutriente mais absorvido, para o morangueiro isso se inverte, seguindo a ordem decrescente de absorção de macronutrientes: K > N > Ca > P > Mg > S.

O potássio (K) é o nutriente mais importante para o morangueiro, não só pela maior quantidade absorvida, mas notadamente por sua relação com o N e com o magnésio (Mg).

Tanto o K quanto o N influenciam positivamente o desenvolvimento vegetativo e a produtividade do morangueiro, sendo a resposta mais acentuada para este último nutriente. Todavia, em relação à qualidade de frutos, apenas o K apresenta efeito positivo, ao passo que o N apresenta efeito negativo, notadamente sobre o teor de sólidos solúveis totais na polpa.

Portanto, K e N devem estar adequadamente balanceados quando se faz a fertirrigação do morangueiro. Caso a concentração de N na planta seja maior do que a de K, em determinados momentos específicos do desenvolvimento haverá aumento no vigor e crescimento das plantas, menor efetividade do processo de indução floral e redução da qualidade organoléptica dos frutos.

O morangueiro, além de exigente nutricionalmente, tem baixa tolerância à acidez - Fotos Shutterstock
O morangueiro, além de exigente nutricionalmente, tem baixa tolerância à acidez – Fotos Shutterstock

Qualidade

Quando Malavolta dizia que o K é o “elemento da qualidade“ em nutrição de plantas, poderia estar pensando no morangueiro, dada a influência que a concentração de K tem sobre a qualidade de seus frutos.

O excesso de K, entretanto, pode reduzir a absorção de Mg, sendo a deficiência deste nutriente frequentemente observada em campo. Muitas vezes, credita-se a ocorrência da deficiência de Mg a uma elevada “exigência“ desse nutriente para a cultura, o que não deixa de ser verdade, mas este é o quinto nutriente mais absorvido pela mesma.

Dessa forma, o balanço K:Mg revela-se como de extrema importância para a cultura do morangueiro, sendo diversas vezes relegado a segundo plano. Assim, a dose de Mg é relativa à dose de K. Quanto mais K for aplicado, mais Mg deve ser também fornecido.

Para a nutrição com micronutrientes, há alguma divergência entre autores, certamente acarretada pelos distintos requerimentos entre as cultivares de morango e pela condução dos trabalhos em campo ou em solução nutritiva.

De qualquer forma, em geral pode-se apresentar a seguinte ordem decrescente de absorção como a mais adequada para o campo: Fe > Mn > B > Zn > Cu; sendo que esta apresenta boa correlação com os níveis críticos de micronutrientes nas folhas do morangueiro.

Fotos Shutterstock
Fotos Shutterstock

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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