Williams P.M. Ferreira
Pesquisador da Embrapa Café/EPAMIG Sudeste-Cafeicultura, Agrometeorologia e Climatologia williams.ferreira@embrapa.br
Pesquisador Bolsista do Consórcio Pesquisa Café e Superintendente do Centro de Excelência do Café das Matas de Minas ““ Cafeicultura – jlsrufino@vicosa.ufv.br
Marcelo Ribeiro
Pesquisador da EPAMIG Sudeste na área de Fitotecnia – Cafeicultura
ElpÃdio I. F. Filho
Professor associado no departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa, área de atuação: Geoprocessamento – elpidio@ufv.br
Â
Thuane K. M. Barbosa
Graduanda em Eng. Agrícola na Universidade Federal de Viçosa ““ Bolsista FAPEMIG/EPAMIG SUDESTE. thuane.barbosa@yahoo.com.br
Gabriela Regina Ferreira
Graduanda em Geografia na Universidade Federal de Viçosa ““ Bolsista FAPEMIG/EPAMIG SUDESTE. gabriela.regina@ufv.br
Minas Gerais, o maior e mais importante estado brasileiro produtor de café no Brasil, destaca-se com um parque cafeeiro que se encontra concentrado em quatro regiões principais, Sul de Minas, Cerrado, Chapada de Minas e as Matas de Minas, sendo esse última localizada na porção sudeste do estado.
Nos últimos dois anos a crescente exigência do consumidor brasileiro por produtos de qualidade tem acelerado a necessidade de adoção de ferramentas inovadoras capazes de manter e ampliar mercados do café brasileiro. Nesse sentido e, considerando que desde meados de 1800 a cafeicultura praticada na porção sudeste de Minas é uma das principais atividades agrícolas da região, as principais lideranças dessa cadeia produtiva, com o apoio do SEBRAE-MG, criaram no ano de 2013, em parceria com as instituições privadas ligadas a essa atividade, o Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas visando estabelecer uma governança regional capaz de orientar cada vez mais as ações desse setor na região buscando assegurar não somente a produção mas também agregar valor ao café produzido na região o qual apresenta uma bebida com atributos próprios e únicos, em função das características edafoclimáticas da região e do Know-how dos produtores, ou seja, pela arte do saber produzir café.
Foi a busca pelo gerenciamento com eficiência, transparência e qualidade da cafeicultura na região (governança regional), que motivou a criação da uma nova identidade capaz de vincular uma região a produção de café sendo que à delimitação dessa área foi nomeada como “Matas de Minas“, e encontra-se inserida na porção leste do estado de Minas Gerais, em pleno bioma de Mata Atlântica. Essa região é formada por 63 municípios, sendo grande parte deles localizados na porção norte da mesorregião geográfica da Zona da Mata Mineira e um menor número de municípios localizados em parte da porção sul da mesorregião do Vale do Rio Doce Figura 1.
Figura 1 ““Relevo da região das Matas de Minas elaborado a partir do SRTM reamostrado para 30 metros no projeto TOPODATA, e localização dos municípios que compõem a região das Matas de Minas no estado de Minas Gerais.
Classificada como de relevo acidentado, a região das Matas de Minas apresenta altitude média superior a 697 metros. Por se tratar de uma região montanhosa é comum a presença dos ventos catabáticos (ventos que deslocam-se no sentido morro abaixo) e anabáticos (ventos que deslocam-se no sentido morro acima) os quais atuam de modo a contribuir para as características amenas da temperatura dos microclimas que se formam nos vales entre as montanhas os quais revelam-se extremamente favoráveis ao cultivo de café.
A ação constante dos ventos, associado a presença da vegetação entre os vales e montanhas,contribuem para o clima ameno na região, também denominado como clima de montanha. Devido à posição geográfica da região das Matas de Minas, cujo município mais central é São João do Manhuaçu (Latitude de 20° 22’32” Sul e Longitude de 42° 8′ 51” Oeste) a região sofre influência com a passagens das Frentes Frias, que favorecem o tempo seco principalmente na estação do inverno, bem como da formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (banda de nuvens orientadas no sentido Noroeste/Sudeste que se estende desde a porção sul da região amazônica e atravessa todo o Brasil até alcançar região central do Atlântico Sul)a qual promove as fortes chuvas da região, principalmente no verão.
A tentativa de se estabelecer a identidade dos cafés produzidos na região originou, no ano de 2013, um mapeamento da qualidade do café das Matas de Minas no qual buscou-se identificar a distribuição dos principais elementos meteorológicos que influenciam no microclima das lavouras dos principais municípios produtores de café na porção norte da região. Foi então realizado uma análise considerando a temperatura média do ar e a precipitação pluvial para a região das Matas de Minas cujos resultados podem ser observados nas figuras 2 e 3.
Figura 2 ““ Valores médios anuais da temperatura do ar para a região das Matas de Minas.
Figura 3 ““ Valores médios anuais da precipitação pluvial para a porção Norte da região das Matas de Minas.
Mercado ainda em expansão, a atividade cafeeira é o setor do agronegócio que mais gera emprego no país, 8 milhões entre diretos e indiretos, assim como também emprega meio bilhão de pessoas no mundo todo desde a produção ao consumo final (8% da população mundial). Deve-se lembrar que o sistema produtivo empregado no cultivo do café arábica nas Matas de Minas (uma das mais tradicionais atividades regionais), por sua característica natural de relevo acidentado (cafeicultura de montanha) é preferencialmente manual, sem o emprego de mecanização, o que favorece a alocação de mão de obra local e, portanto, a geração de emprego e renda, indispensáveis ao desenvolvimento regional dos municípios que compõem a região das Matas de Minas a qual é responsável pelo segundo lugar em produção de café no Estado de Minas Gerais, que é o estado que apresenta o maior Parque Cafeeiro do Brasil, que é o maior produtor mundial de café.