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O cultivo de morangos no Brasil

 

Carlos Reisser Junior

carlos.reissser@embrapa.br

Luis Eduardo Correa Antunes

Pesquisadores da Embrapa Clima Temperado

CréditoShutterstock
CréditoShutterstock

O morango é uma “˜fruta’ com um apelo de consumo dos mais elevados dentre as consumidas no mundo. Nos EUA, segundo maior produtor mundial (30% do mercado mundial), atrás apenas da China, a produção e o consumo vêm aumentando a cada ano e o morango já é mais consumido do que bananas, maçãs, melancias e uvas.

Motivado pelos benefícios à saúde, por possuir elevados níveis de antioxidantes, vitamina C e conteúdo de fibras, e pelos avanços em práticas redutoras de produtos químicos, o valor da comercialização da fruta chega a mais de US$ 2,2 milhões anuais. Na Europa esta tendência também é observada.

Dados do IBGE (2003) mostram que as regiões sul e sudeste são os maiores consumidores desta fruta, com média anual de consumo de 250 g, enquanto o Centro-Oeste e Nordeste ficam próximo de 100 g, e a região norte com consumo inexpressivo. Nos EUA o consumo médio anual de morangos, em 2012, foi mais do que 3,5 kg.

No Brasil o apelo de consumo também é grande, e o mercado nacional é muito maior do que o existente, pois nas regiões onde climaticamente é possível se produzir, a oferta de mais de 100 mil toneladas não atende ao potencial de consumo. Informações da CEAGESP mostram que entre 2004 e 2007 o aumento médio anual situou-se em torno de 46% ao ano e dados do IBGE mostram que a produção em 2006 era de mais de 72 mil toneladas.

Além da produção nacional, o mercado tenta abastecer a crescente necessidade, com importações de fruta “˜in natura’, que foi, em 2012, de aproximadamente 4,1 mil toneladas (Anuário Brasileiro de Hortaliças, 2012). Uma das razões para o aumento de consumo é a melhora da qualidade da fruta, principalmente em aparência e redução da contaminação com produtos químicos.

cultivo em bancadas elevadas resulta em frutas mais bonitas e saudáveis - Crédito Gláucio Genúncio
cultivo em bancadas elevadas resulta em frutas mais bonitas e saudáveis – Crédito Gláucio Genúncio

Produção de peso

Nas regiões sul e sudeste concentram-se os Estados responsáveis por mais de 80% da produção nacional. Minas Gerais (40%) é o produtor mais importante, seguido por São Paulo (25%) e Rio Grande do Sul (15%).

Apesar da produção abaixo das potenciais necessidades de consumo do Brasil, a cultura vem aumentando a produção em escala acentuada, graças a aumentos nas áreas de produção, mas, principalmente, no aumento de produtividade.

A cultura é uma das que responde muito às tecnologias, e desde o início do cultivo em nosso país os avanços são enormes. Passamos de 200 g de morangos por planta para mais de 2 kg, em determinadas condições.

A produtividade por área, que era inicialmente de oito toneladas por hectare, hoje pode passar de 90, 100 toneladas em cultivos adensados, fora do solo e sob proteção.

As técnicas que fizeram com que a cultura atingisse estes valores, em ordem cronológica foram:

ü Cultivares melhoradas (novas variedades e sadias);

ü Uso de cobertura do solo dos canteiros (mulching);

ü Irrigação localizada;

ü Cobertura de canteiros e plantas (túneis plásticos baixos);

ü Produtos químicos mais eficientes (menor toxicidade e menor carência);

ü Novas cultivares importadas, com características diferenciadas;

ü Mudas de maior potencial produtivo (importadas);

ü Fertirrigação (adubos solúveis e micronutrientes);

ü Produção fora do solo (em substrato e sob proteção de túneis plásticos).

 

O uso de mulching é uma das técnicas para alcançar alta produtividade - Crédito Shutterstock
O uso de mulching é uma das técnicas para alcançar alta produtividade – Crédito Shutterstock

Produção de mudas

O morangueiro, apesar de ser uma planta perene, no Brasil é conduzida como anual, visto que existe a produção de mudas, como um sistema inicial de produção, e posteriormente a produção de frutas como um sistema totalmente diferente.

No passado as mudas de morangueiro eram quase que totalmente produzidas no Brasil, em sistemas que utilizavam plantas “˜matrizes’ que tinham terminado de produzir frutas, para a nova produção de mudas.

Com o surgimento da limpeza viral, por meio de cultura de tecidos, laboratórios especializados começaram a multiplicação das plantas matrizes com esta técnica. Esta prática ainda é utilizada no Estado de Minas Gerais e em São Paulo, mas na região sul a não há grande disponibilidade de viveiros para produção de mudas, sendo que para produzir frutas as mudas são oriundas de viveiros localizados na Patagônia, Chile e Argentina, que produzem uma muda com um elevado potencial produtivo, pois as condições climáticas da região são mais adequadas a esta produção.

A produção da região sudeste, como em outras regiões do Brasil, começa junto com o inverno e continua até o fim da primavera. Para este sistema de produção as mudas devem ser transplantadas até fevereiro, para iniciarem a produção no fim do outono.

Portanto, para este sistema de produção de outono/inverno as mudas ficam prontas para transplante em uma época em que o Chile e a Argentina não têm possibilidade de produzi-las, e também porque nesta região do Brasil já existe um sistema de produção eficiente que abastece as necessidades regionais.

Na região sul as mudas são importadas, visto que o sistema que fazia o abastecimento não pode competir com o sistema de importação de mudas e, principalmente, pela velocidade de introdução de novas cultivares criadas nos EUA, que são as mais procuradas na região.

 A oferta de mais de 100 mil toneladas não atende ao potencial de consumo - Crédito Shutterstock
A oferta de mais de 100 mil toneladas não atende ao potencial de consumo – Crédito Shutterstock

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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