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O jeito de fazer negócio mudou

O blockchain, conhecido por suportar as transações de Bitcoin e outras criptomoedas, começa a ser usado no agronegócio para comercialização de grãos e outras transações financeiras. O primeiro carregamento agrícola totalmente realizado via mecanismo de blockchain foi uma carga de soja dos Estados Unidos enviada à China.

Crédito: Shutterstock

A internet é, sem dúvida, a base do movimento de inovação. Da mesma forma que os custos de comunicação da internet caíram para valores próximos a zero, espera-se que os custos transacionais e organizacionais também caiam próximos a zero, à medida que estruturas organizacionais estão sendo, cada vez mais, distribuídas e habilitadas para informação.

Logo, é nesse movimento que a tecnologia Blockchain vem agregando valor a diversos modelos de negócios para reduzir custos de transações e torná-las auditáveis, gerando confiança. O setor de agronegócios, citado como exemplo por Amanda Lima, advogada com atuação em direito digital e fraudes ao consumidor no mercado de criptomoedas, professora no INSPER, UNIFOR e CERS e produtora de conteúdo jurídico no portal Advogando na Estrada, pode aproveitar novas oportunidades em tecnologia, diante das diversas soluções a serem exploradas, uma vez que é tradicionalmente muito conservador.

Entenda melhor

De acordo com Jonathan Doering Darcie, advogado, doutor em Direito, professor e sócio da Doering e Darcie Advocacia e da Iconic Blockchain  Labs, a tecnologia do Blockchain pode ser vista como uma arquitetura para armazenamento e manipulação de dados de forma descentralizada.

“Essa descentralização faz com que não se tenha alguém “com a chave do cofre”, ou seja, com poderes para manipular e alterar dados armazenados. Por essa mesma razão é que o primeiro caso de uso foi a criação de uma moeda, o Bitcoin: permitiu-se que qualquer pessoa pudesse realizar transações financeiras diretamente de uma a outra, sem intermediários, inclusive sem que precisassem confiar em alguém como condição à efetivação dessas transações”, exemplifica.

Como diversos outros setores em que é relevante a confiança no produto, o agronegócio tem na tecnologia Blockchain a oportunidade de criação de estruturas para armazenamento de dados relacionados às diversas etapas, locais, características e até mesmo condições ambientais relativas a cada um dos produtos ou processos envolvidos, sempre com a confiança de que nenhum dos envolvidos nos processos em questão – eis aqui o diferencial da tecnologia – são capazes de adulterar esses dados.

O resultado final, esclarece Jonathan Doering, é um setor, grupo de empresas ou mesmo empresa que mostra ao seu mercado que confia no seu produto a ponto de exibir a qualquer um da cadeia, sem possibilidade de fraudes, cada uma das etapas, momentos ou até mãos pelas quais o produto passou.

Avançando sobre as fronteiras

O Brasil, que é o maior país da América do Sul e da região da América Latina, sendo o quinto maior do mundo em área territorial, com 8.516.000 km², pode romper a barreira geográfica com a tecnologia Blockchain, aliada à Computação Cognitiva e Internet das Coisas, possibilitando maior assertividade para agilizar toda cadeia de produção de um produto, com dados registrados à prova de fraudes.

Quando se fala em produtos perecíveis, Amanda Lima afirma que a referida assertividade é primordial, uma vez que, por meio da tecnologia, repensa-se todo o design organizacional existente para redução do tempo de logística e fraude, economizando, muito provavelmente, valores consideráveis para esse mercado.

Para exemplificar os benefícios mencionados pela advogada, seja pela tecnologia Blockchain pública ou por redes permissionadas, em outubro de 2016, a empresa Maersk participou da criação do protótipo do projeto de digitalização do fluxo de trabalho no transporte, em parceria com a IBM, eliminando documentos em papel, que pode substituir a documentação tradicional.

Sua demonstração foi realizada na entrega de recipientes com flores frescas do Quênia para o porto de Roterdã. Além disso, esquemas semelhantes foram testados no fornecimento de lotes de laranja na Califórnia e abacaxi da Colômbia.

Não é à toa que, no Brasil, a IBM pesquisa soluções digitais com Blockchain voltadas ao agronegócio. Em 2017, a IBM Brasil anunciou o desenvolvimento da plataforma IBM AgriTech, em parceria com empresas tradicionais do agronegócio e com companhias emergentes do setor de tecnologia agrícola brasileiro, para consolidar dados, tecnologias e soluções capazes de resolver as demandas daquele mercado.

“Assim, empresas que já são globais e integradas podem tornar-se ainda mais rápidas em suas transações negociais, aumentando a capacidade de competição, maior expansão, mas com um sistema de troca segura de dados para certificar toda complexidade e volume de informações que o mercado de agronegócio exige. A possibilidade, portanto, de que dados auto executáveis, programados numa tecnologia que torne os registros imutáveis, auxiliem esse mercado, refere-se tanto pela imprescindibilidade de exportação como pela necessidade de garantir, de forma sustentável, o transporte, armazenamento e entrega dos produtos que irão do campo à mesa do consumidor”, confirma Amanda Lima.


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