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domingo, novembro 24, 2024
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O manejo integrado de formigas cortadeiras e inovações

 

Bianca Vique Fernandes

M.Sc. Ciência Florestal e pesquisadora em Proteção Florestal da Vallourec Florestal

bianca.vique@vallourec.com

Não deixe que as formigas cortem seu lucro - CréditoShutterstock
Não deixe que as formigas cortem seu lucro – CréditoShutterstock

As formigas são insetos sociais que apresentam castas reprodutoras e não reprodutoras, vivendo em colônias permanentes. Os ninhos subterrâneos possuem centenas de câmaras ligadas entre si e com o exterior por meio de galerias. No exterior notam-se montes de terra solta formados pela terra retirada das câmaras e galerias. O tamanho de um sauveiro é variável, podendo alcançar mais de 200m², com uma população de três a oito milhões de formigas.

As formigas desfolham as plantas em qualquer fase de seu desenvolvimento, cortando suas folhas, que são carregadas para o interior de seus ninhos sob o solo, onde cultivam fungos simbiontes, o que torna mais difícil o seu controle.

Ao longo de décadas, o controle biológico de formigas cortadeiras ainda é um desafio da atualidade, pois são as principais pragas dos reflorestamentos brasileiros, e a principal forma de controle ainda é o químico.

Monitoramento

Para a tomada de decisão de controle de formigas cortadeiras é necessário, primeiramente, realizar o monitoramento das áreas. O monitoramento serve para aumentar a eficiência e reduzir os custos de combate, bem como reduzir o impacto ambiental decorrente de aplicações exageradas de inseticidas.

As amostragens podem ser do tipo: parcelas ao acaso, variando entre 720 e 1.080m² e por transectos em faixas, que são parcelas de comprimento variável, igual ao da linha de plantio e largura, variando de duas a três entrelinhas. Com o resultado do monitoramento é possível estimar a infestação de formigas em m²/ha e comparar com os valores de nível de controle, conforme a tabela abaixo.

Níveis de controle de formigas cortadeiras para diferentes idades de colheita para florestas de Eucalyptus spp.

Espécies de Eucalyptus Idade da Colheita (meses) Nível de Controle (m²/ha)
 

 

Eucalyptus spp

48

10,23

60

8,58

72

7,63

84

7,02

 

Eucalyptus camaldulensis

48

14,96

60

12,65

72

11,32

84

10,46

Atualmente, as empresas florestais que utilizam o monitoramento para a tomada de decisão de controle reduzem de 10 a 30% no custo do combate.

Controle

As táticas de controle de formigas cortadeiras podem ser por resistência de plantas, mecânico, cultural, físico, biológico e químico, sendo as duas últimas as táticas de controle mais pesquisadas entre as empresas e universidades.

O biológico destaca-se por ser o desafio de se manter a manutenção das condições ambientais favorecendo a reprodução, abrigo e alimentação dos inimigos naturais.

Entre os fungos entomopatogênicos mais estudados estão o Metharizium anisophiae e Beauveria bassiana, em que se verificou a eficiência de 20 a 70%, respectivamente, no controle de Acromyrmex. Entretanto, os mesmos resultados não são obtidos no campo, principalmente devido à dificuldade de aplicação e pelo comportamento social desses insetos, que reduz a eficiência desses entomopatógenos.

Outros estudos são com nematoides e extratos de plantas, que encontram com as mesmas dificuldades que os fungos.            Assim, o controle químico é a tática do manejo integrado mais empregada no manejo de formigas cortadeiras, podendo ser utilizada de três maneiras: isca formicida, termonebulização e pó seco.

Bianca Vique Fernandes, pesquisadora da VallourecFlorestal
Bianca Vique Fernandes, pesquisadora da VallourecFlorestal

Isca formicida

É a maneira mais prática e econômica de controle de formigas. Consiste na mistura do ingrediente ativo com um veículo (bagaço de laranja) atraente para as formigas, que é carregada para o interior dos ninhos, sendo utilizada no período seco.

A dosagem de isca formicida recomendada pelo fabricante varia de 6g a 10g por metros quadrados. O combate com isca pode ser realizado de duas formas: combate localizado, que consiste em distribuir os combatentes no campo até encontrar um formigueiro ou combate sistemático, que consiste em distribuir o formicida na área de plantio, independente da localização dos formigueiros.

A isca pode ser aplicada com dosadores manuais, dosadores costais ou mecânicos (equipamento costal ou mecânico próprio para aplicar iscas formicidas). Após a aplicação, o inseticida mata o formigueiro lentamente (após 40 dias) e paralisa as atividades de corte rapidamente (de 3 a 6 dias).

Termonebulização

É um dos métodos mais eficientes de combate a sauveiros em reflorestamentos, porém, é pouco utilizado por ser muito caro (custo de aquisição e manutenção do equipamento, chamado termonebulizador). Este método consiste na mistura do ingrediente ativo num veículo (querosene ou óleo diesel).

Recomenda-se seu uso para formigueiros grandes, principalmente nas operações de combate inicial ou quando é necessário o combate em períodos chuvosos, matando o formigueiro rapidamente.

Essa matéria completa você encontra na edição de abril/maio da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira a sua para leitura integral!

 

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