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O segredo da solução nutritiva na alface hidropônica

Glaucio da Cruz Genuncio

Professor de fisiologia vegetal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

glauciogenuncio@gmail.com

Everaldo Zonta

Professor de fertilidade dos solos da UFRRJ

Elisamara Caldeira do Nascimento

Doutoranda do Curso de Pós-Graduação em Agronomia ““ Ciência do Solo (CPGA-CS) da UFRRJ

 

Crédito Eduardo Miyayaciki
Crédito Eduardo Miyayaciki

A adubação da alface cultivada em sistema hidropônico pode se dar de duas formas ““ a primeira é a partir a aplicação de nutrientes, tomando como base a reposição individual desses elementos. Ressalta-se que temos 14 elementos essenciais a serem adicionados à água, para a formulação da solução nutritiva, que são: nitrogênio ““ N (NO3) e (NH4), fósforo (P), potássio (K), enxofre (S), cálcio (Ca), magnésio (Mg), chamados de macronutrientes; e manganês (Mn), molibdênio (Mo), zinco (Zn), cobre (Cu), boro (B), ferro (Fe), níquel (Ni) e cloro (Cl), denominados micronutrientes.

Para a reposição individual, de acordo com a sua marcha de absorção, duas formas de monitoramento são recomendáveis e necessárias, sendo a primeira pelo uso de eletrodos de íons seletivos, e a segunda pela análise química da solução nutritiva em intervalos pré-determinados.

Atualmente, ambas as formas são inviáveis para o produtor devido ao alto investimento. Por exemplo, o valor de somente um eletrodo pode ultrapassar a cifra de R$ 4.000,00, enquanto a análise química da solução nutritiva tem como inconveniente o tempo demandado pelo laboratório para a emissão do resultado, assim como por toda a logística de coleta até o resultado da análise.

A outra forma de monitoramento e controle da solução nutritiva é dada pela Condutividade Elétrica (CE), caracterizada pela medida da resistência elétrica de uma solução nutritiva, a qual determina a quantidade de íons totais. Sua unidade é dada em µS cm-1, mS cm-1 ou dS m-1, e essa forma é usualmente utilizada pelos produtores hidropônicos.

Por ser uma medida quantitativa (medição dos sais totais), é aliada a diferentes velocidades de absorção dos nutrientes (o K, por exemplo, quando colocado em uma solução, pode ser absorvido pelas plantas em apenas 40 horas; já o Ca tem uma velocidade de absorção bem menor, permanecendo em solução por mais tempo). A partir disso, existe a necessidade de renovar a solução de tempo em tempo.

O período adotado é de 30 dias para a maioria dos produtores, sendo considerado limítrofe.

Solução nutritiva

A solução do professor Furlani e de colaboradores é a mais utilizada em hidroponia. As doses para a solução inicial (1.000L) são as de 750 de nitrato de Ca; 500 de nitrato de K; 150 de fosfato monoamônio; 400 de sulfato de Mg; 0,15 de sulfato de Cu; 0,50 de sulfato de Zn; 1,50 de sulfato de Mn; 1,50 de ácido bórico; 0,15 de molibdato de sódio (Na) e 30 de FeEDDHA-6%.

Sua CE inicial é em torno de 1,8 mS cm-1. Porém, ao avaliarmos a CE no segundo dia, por exemplo, nota-se uma redução desse valor, uma vez que as plantas absorveram os nutrientes.

Tratamos até agora da solução inicial (aquela formulada de 30 em 30 dias, por exemplo). Ressalta-se que, para essa leitura, sempre o nível do reservatório deverá ser completado anteriormente. Com isso, para corrigir essa variação, existe a necessidade de aplicações de soluções estoques.

Ao utilizar a solução de reposição, o produtor oportunamente corrige a 0,18 mS cm-1 (1L para 1.000L) ao empregar as soluções estoques A (contendo Ca), B (contendo os demais macronutrientes) e M (micronutrientes, na razão de 50mL para 1000L).

Alternativa viável

Outra forma de adubação utilizada é a aplicação de soluções compostas oferecidas pelas empresas de fertilizantes, sendo essas soluções, quando empregadas para reposição,calculadas a partir de percentuais da solução inicial. Por exemplo, ao utilizar 1 kg de uma solução de nitrato de Ca e 800 g de uma solução composta (demais macro e micronutrientes), o produtor obtém uma CE de 2,0 mS cm-1 para 1.000L.

Ao fazer a leitura no “dia seguinte“, pode-se verificar uma CE de 1,8. Com isso, a utilização de 10% dos sais corrigiria 0,2 mS cm-1, elevando-se a CE a 2,0 novamente.

Destaca-se que a separação do Ca dos demais nutrientes é fator essencial, uma vez que esse elemento, quando presente em solução estoque, irá reagir com S ou P, formando, por exemplo, o CaSO4 ou gesso, forma insolúvel. Tal fato não disponibiliza tanto Ca, como S, às plantas.

Vale ressaltar que, para determinar a necessidade de nutrientes à alface ou às demais espécies hortícolas cultivadas em hidroponia, foi necessária a construção de curvas de absorção de nutrientes.

A elaboração dessas curvas de absorção de nutrientes é fundamental para recomendar uma solução adequada. De modo geral, elas são obtidas a partir de estudos científicos elaborados em instituições de pesquisas, como as universidades.

O monitoramento do pH também é um fator de extrema importância para o cultivo hidropônico, uma vez que, além de afetar a integridade das membranas presentes no sistema radicular, pode favorecer a absorção de alguns nutrientes em detrimento de

outros.

Essa matéria você encontra na edição de novembro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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