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Óleo de neem contra tripes em hortaliças

Edison RyoitiSujii

Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

edison.sujii@embrapa.br

 

Crédito Nivânia Pereira
Crédito Nivânia Pereira

Os insetos conhecidos como tripes (Thysanoptera) apresentam uma diversidade estimada em mais de cinco mil espécies, sendo que cerca de 100 delas são consideradas pragas de plantas cultivadas.

A maioria das espécies se alimenta de plantas, sugando a seiva das flores, folhas e frutos. Algumas espécies podem se alimentar de fungos e outras são predadoras de ácaros e outros insetos.

Geralmente, vivem na face inferior das folhas, brotos, flores e sob a casca de árvores. Os tripes são de difícil constatação nas lavouras recém-plantadas, mas podem ser facilmente encontrados nas inflorescências de várias plantas.

Suas populações costumam aumentar nos períodos mais secos e sem chuvas, sendo que temperaturas mais altas aceleram seu desenvolvimento.

Sintomas

Os adultos e as formas jovens (ninfas) do inseto raspam e sugam os tecidos da face inferior das folhas e das flores, causando o aparecimento de pontos prateados que podem variar de branco a pardo.

Na progressão da infestação surgem áreas mais extensas estriadas ou descoloridas e prateadas, sendo que as folhas ficam mais duras e quebradiças. Podem também causar deformação dos frutos, quando atacam as flores, e o encarquilhamento das brotações novas.

 O tripes é causador do vira-cabeça na alface -Crédito Luize Hess
O tripes é causador do vira-cabeça na alface -Crédito Luize Hess

Prejuízos

Os tripes causam descoloração das folhas, redução da fotossíntese, deformidades e redução do valor comercial da safra. Diversas hortaliças, como pimenta, tomate e pepino podem ter seus frutos deformados ou abortados quando atacados jovens ou durante a floração pelo inseto.

Brotações novas e folhas dessas plantas, além de outras, como cebola e alho, são especialmente suscetíveis ao ataque do inseto. No entanto, o principal dano causado por tripes são os tospovírus, que podem causar viroses nas plantas.

A virose mais conhecida desse grupo nas hortaliças é o vira-cabeça, que se destaca no tomate, alface e pimentão. As plantas atacadas pela virose apresentam, inicialmente, as folhas bronzeadas e, posteriormente, o caule com estrias negras, os frutos verdes com manchas amareladas e o broto principal curva-se, daí o nome de vira-cabeça.

Causa maiores danos quando grandes populações migram de outras hospedeiras e infestam lavouras de tomateiro com até 45 dias pós-plantio. Existem pelo menos 20 vírus do grupo tospovírus que infectam plantas cultivadas e são transmitidos por tripes.

 O controle do tripes com óleo de neem tem se mostrado uma opção viável - Crédito Ana Maria Diniz
O controle do tripes com óleo de neem tem se mostrado uma opção viável – Crédito Ana Maria Diniz

Hortaliças atacadas

A grande diversidade de espécies de tripes consideradas praga e seu hábito polífago favorecem o ataque desses insetos a muitas espécies de hortaliças. Os gêneros Frankliniella e Thrips são os que possuem mais pragas apresentando respectivamente 41 e quatro espécies no Brasil.

Existem registros de ocorrência de tripes em apiáceas (cenoura, aipo),brássicas (couves e repolho),aliáceas (alho e cebola), cucurbitáceas (pepino, melão, abóboras, melancia), fabáceas (ervilha e feijão-verde ou vagem), solanáceas (tomate, pimentas e pimentão, berinjela e jiló).

Merecem especial destaque os danos diretos causados por tripes em cucurbitáceas e aliáceasreduzindo a produção e a qualidade da safra, além da transmissão de tospovírus em tomate, pimentão e alface, causando pesadas perdas quando a infestação ocorre no início do ciclo dos cultivos.

Controle

O controle químico com inseticidas tem sido a principal forma de combate ao tripes em diversas hortaliças. Entretanto, o uso indiscriminado de inseticidas apresenta diversos problemas, como a elevação do custo de produção, o surgimento de populações de tripes e outras pragas resistentes aos produtos utilizados, ressurgência da praga, erupção de pragas secundárias, eliminação de organismos benéficos (inimigos naturais), poluição do ambiente agrícola e seu entorno, intoxicação de produtores e resíduos tóxicos nas hortaliças acima do tolerável, colocando em risco a saúde dos consumidores.

Assim, técnicas alternativas de controle devem ser conhecidas e consideradas pelos agricultores em um sistema de manejo integrado da praga.

Destacam-se, entre os métodos alternativos, o uso de produtos biológicos, como extratos vegetais como o neem e bioinseticidas à base de microrganismos, como os fungos Beauveriabassiana, já disponível na forma comercial, e Verticilliumlecanii, que apresenta bom potencial de controle.

O neem é uma alternativa contra tripes - Crédito Nilton Sanches
O neem é uma alternativa contra tripes – Crédito Nilton Sanches

O uso de armadilhas de coloração azul e amarela na forma de bandejas com água e placas adesivas, além de ajudar no monitoramento do inseto também reduz as populações iniciais que colonizam novas áreas de plantio.

Outras práticas agronômicas preventivas, como o uso de variedades resistentes a viroses e menos suscetíveis ao inseto, plantios em talhões distantes ou isolados por barreiras de outras plantas hospedeiras de tripes, produção de mudas protegidas com telados anti-tripes, rotação de culturas e plantio concentrado de plantas suscetíveis, evitando o escalonamento, policultivo e uso de inseticidas somente quando constatadas populações da praga visando proteger o controle biológico natural da praga por predadores e parasitoides devem ser adotadas para minimizar os problemas.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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