Danilo Eduardo Rozane
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia eprofessor da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho“ (Unesp) -campus de Registro e do Programa de Pós Graduação em Ciência do Solo da Universidade Federal do Paraná ““ UFPR
danilorozane@registro.unesp.br
A atividade agrícola, sob um mercado globalizado e competitivo exige, para a efetiva permanência do empresário agrícola no campo, a utilização de todas as ferramentas disponíveis à obtenção de colheitas compensadoras, com redução de custos, dos riscos de contaminação do ambiente e com qualidade do produto colhido.
Por isso, a implementação de novas tecnologias, aliadas ao monitoramento dos custos de produção, é extremamente importante para melhorar a cadeia produtiva da goiabicicultura.
Considerando os dados observados no Anuário Brasileiro da Agricultura de 2015 (Agrianual, 2015) a região Nordeste apresenta-se como a maior região em área colhida. Contudo, a região sudeste é a principal produtora de goiabas do País, com cerca de 47% da produção nacional, seguida da região nordeste, com 42%. Somando as regiões brasileiras em 2012, houve um total de produção de cerca de 345 mil toneladas.
Àfrente da produção
Desmembrando a produção por Estado, verifica-se que São Paulo e Pernambuco são, atualmente, responsáveis por 36,3 e 31,0% do total de goiabas produzidas, ou seja, juntos respondem por 67,3% da produção nacional, sendo que os maiores rendimentos médios de 34,8 e 30,7 t/ha são apresentados pelos Estados de Goiás e São Paulo, respectivamente.
Produtividade
A despeito do rendimento apresentado, de 30,7 t/ha para a safra 2012 pelo Agrianual (2015), é oportuno salientar que esta produtividade está aquém dos atuais padrões alcançados nas áreas manejadas com o objetivo de atingir a máxima eficiência técnica/econômica, e permitir que os talhões de goiaba sejam sustentáveis do ponto de vista econômico e ambiental, na maior região produtora do Estado de São Paulo.
Rozaneet al. (2009) e Natale (2009) destacam que esses pomares, em geral, recebem podas drásticas de produção a cada oito meses, sendo irrigados e adubados, fatores que possibilitam a realização de três safras a cada dois anos, atingindo produtividades de até 100 t/ha/ano.
Considerando os dados do LUPA (2008), São Paulo, o maior estado produtor de goiabas em 2007, possuÃa 6.398 hectares cultivados com a frutÃfera, abrangendo os municípios de Vista Alegre do Alto, Monte Alto e Taquaritinga, responsáveis por 34% da área de produção do Estado, ou seja, 2.171 hectares, cultivando aproximadamente 550 mil plantas.
Pesquisas realizadas nesta região, no município de Vista Alegre do Alto (SP) por Souza et al. (2014) e Amorim et al. (2015), durante várias safras, constataram produções anuais de 95 e 96 t/ha/ano, respectivamente, considerando o manejo citado em Rozane et al. (2009).
Evolução da cultura
Considerando a nova técnica de manejo, que emprega a irrigação, a poda e uma adubação equilibrada dos pomares, o Anuário da Agricultura Brasileira, a partir de 2011, estabeleceu uma nova matriz dos custos de produção (Rozane, 2011).
Tais técnicas possibilitaram, a partir de constantes pesquisas, a expansão dos plantios, o atendimento das exigências dos mercados e a sustentabilidade econômica da produção, graças ao escalonamento nas épocas de colheita; além disso, houve diminuição do ciclo de cada safra, ou seja, de um ano para sete a nove meses, o que permitiu aumento no número de colheitas para três a cada dois anos.
Acompanhada da irrigação e da adubação, a poda de frutificação “˜drástica’ dos ramos da goiabeira torna-se a via mais importante para favorecer o desenvolvimento dessa frutÃfera e, por sua vez, a indução floral, que possibilita a colheita de frutos nas épocas desejadas pelo produtor, principalmente nos períodos de menor oferta da fruta no mercado, o escalonamento da propriedade em talhões, permitindo a produção de goiabas durante o ano todo, tendo a vantagem de permitir ao empresário agrícola a adequada distribuição da produção.
Assim, a partir do quinto ano após a implantação ter-se-á plantas adultas, as quais deverão ser consideradas para estimativa do custo por safra de oito meses, em média, sendo que o custo de manutenção não deve variar consideravelmente a partir desta safra.
Custo de produção
Considerando a cultivar Paluma (“˜Paluma’ possui a maior expressão nacional de plantio e colheita), em sistema irrigado, que recebe poda drástica e que tem uma safra a cada oito meses, em média, poderÃamos estimar os custos de produção em: operações mecanizadas; operações manuais; insumos e atividades administrativas.
Na fase inicial (pouco produtiva), ou seja, a implantação e a formação do pomar, o percentual mais significativo dos custos estimados em R$ 19.600,00 (na ocasião, o dólar norte-americano estava cotado, em média, a R$ 3,1425) por hectare, estão representados pelas operações mecanizadas, em torno de 66%, englobando o sistema de irrigação e o preparo do solo para a implantação.
Nesta fase, um item que merece atenção e deve ser planejado com antecedência é a encomenda/aquisição de mudas com qualidade.Na fase adulta, ou seja, para a manutenção da cultura, o item que mais onera o custo de produção é o de despesas com operações manuais, que representa cerca de 51% do custo total estimado de produção, ou seja, R$16.600,00.