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Passo a passo sobre a produção de mudas de couve

 

 

Carlos Antônio dos Santos

Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRRJ)

carlosantoniods@ufrrj.br

Evandro Silva Pereira Costa

Engenheiro agrônomo edoutor em Fitotecnia -UFRRJ

Margarida Goréte Ferreira do Carmo

Engenheiraagrônoma e doutora em Fitopatologia e professora na UFRRJ

gorete@ufrrj.br

 

Crédito Carlos Antônio dos Santos
Crédito Carlos Antônio dos Santos

A produção de couve (também conhecida como couve-manteiga, couve-comum, e couve-de-folha) é realizada nas diferentes regiões produtivas, desde hortas domésticas a cinturões verdes, sendo largamente consumida e apreciada pela culinária brasileira. O seu cultivo apresenta elevada importância econômica e social, sendo que, somente no Estado do Rio de Janeiro, o faturamento com a cultura no ano de 2016 foi superior a R$ 61 milhões, segundo a Emater-Rio.

Para os cultivos que visem à obtenção de alta produtividade, torna-se necessário a adoção de uma série de cuidados no manejo da adubação e irrigação, por exemplo. No entanto, o sucesso do cultivo começa com a obtenção de mudas de boa qualidade que originarão plantas uniformes e com alto potencial produtivo.

O primeiro passo para a produção de mudas por meio de sementes é a escolha de cultivares adaptadas à região - Crédito Mariana Fernandes
O primeiro passo para a produção de mudas por meio de sementes é a escolha de cultivares adaptadas à região – Crédito Mariana Fernandes

A escolha de sementes

A couve pode ser cultivada praticamente durante todo o ano em grande parte das regiões. Entretanto, nas regiões mais quentes, o melhor desempenho se dá no outono-inverno.

Sua propagação pode ser feita por sementes ou de forma vegetativa (utilizando brotações). No segundo caso, as mudas são obtidas a partir de brotos laterais de plantas sadias e enraizadas em canteiros, antes de serem transplantadas para o local definitivo. Atualmente, devido à necessidade de maior uniformidade e praticidade na produção de mudas nos sistemas profissionais, tem se dado prioridade a sua produção via sementes.

Escolha das sementes

O primeiro passo para a produção de mudas por meio de sementes é a escolha de cultivares adaptadas à região em que se deseja produzir. Deve-se dar prioridade para aquelas que apresentem características desejáveis, como alta precocidade e produção de maços, além de boas características da folha (tamanho, coloração, textura), e conservação pós-colheita.

Semeadura

A semeadura deve ser feita em bandejas de isopor ou de plástico rígido, devidamente sanitizadas, e preenchidas com substrato de boa procedência, isento de propágulos de plantas daninhas e de fitopatógenos.

Após o preenchimento das células com substrato, deve ser feito um pequeno orifício de 0,5 a 1,0 cm de profundidade no centro de cada célula com auxilio de marcadores ou material perfurante, sendo, em seguida, colocadas de duas a três sementes em cada uma. Ao final, os orifícios são cobertos com substrato peneirado.

A emergência se dá de três a cinco dias após a semeadura. Recomenda-se que, posteriormente, seja feito o desbaste (deixar apenas uma planta por célula) e a repicagem visando maior uniformidade nas bandejas.

 A couve pode ser cultivada praticamente durante todo o ano em grande parte das regiões - Crédito Ana Maria Diniz
A couve pode ser cultivada praticamente durante todo o ano em grande parte das regiões – Crédito Ana Maria Diniz

Bandejas

Usualmente são utilizadas bandejas de 128, 200 e 288 células, a depender dos critérios do produtor ou viveirista. As bandejas com menor número de células requerem mais espaço dentro da estufa e maior gasto com substrato para seu enchimento.

No entanto, seu uso pode ser interessante em algumas situações devido ao favorecimento do sistema radicular das mudas, o que beneficia o “pegamento“ e desenvolvimento inicial das plantas no campo, principalmente em situações de estresses e adversidades climáticas nessas fases.

Cuidados

Recomenda-se que as bandejas sejam mantidas em estufa fechada, preferencialmente com as laterais cobertas por tela anti-insetos, uma vez que as mudas estão vulneráveis ao ataque de mariposas, moscas-brancas, tripes e pulgões, o que diminui a sua qualidade e compromete seu desenvolvimento.

Ainda, é necessário que as bandejas estejam sempre suspensas no interior na estufa e posicionadas de forma que a luz incida de forma homogênea, evitando problemas de estiolamento.

O indicador de uma boa muda de couve são plantas uniformes e bem desenvolvidas - Crédito Luize Hess
O indicador de uma boa muda de couve são plantas uniformes e bem desenvolvidas – Crédito Luize Hess

Irrigação

Para a irrigação deve-se, obrigatoriamente, utilizar água de qualidade, já que ela pode ser um veículo para a disseminação de fitopatógenos. A prática da irrigação deve ser de duas a três vezes ao dia, a depender das condições climáticas da região.

Não se deve irrigar em excesso. Uma irrigação ideal é aquela que não “lava as bandejas“, ou seja, que não ocorre escoamento de água pelos orifícios das células. Esta lavagem com o excesso de água promove a lixiviação dos nutrientes contidos no substrato e o seu empobrecimento.

A irrigação em excesso também pode facilitar a ocorrência de doenças, como o míldio nas folhas e podridões radiculares. Estas doenças comprometem a qualidade da mudas e geram falhas no estande ou problemas de “pegamento“ no transplantio.

Adubação

A falta de atenção com a quantidade de água irrigada ou o prolongamento do tempo de produção da muda pode acarretar no empobrecimento dos nutrientes no substrato, causando sintomas de deficiência nas mudas, o que reduz a sua qualidade.

Para estas situações, torna-se necessário a reposição desses nutrientes, que pode ser feita por meio de fertilizantes foliares próprios para a produção de mudas, fertilizantes solúveis dissolvidos em água ou, até mesmo, esterco curtido peneirado.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de abril 2018  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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