Os goianos que nos perdoem, mas o pequi da UFU é especial: sem espinho e com muito mais polpa. As mudas plantadas pelo professor Warwick Estevam Kerr, naestação experimental da fazenda Água Limpa, em 2005, cresceram e, das dezárvores, quatro começaram a dar frutos.
A espécie foi descoberta no Parque IndÃgena do Xingu, no Mato Grosso. Em
2004, o então prefeito de São José do Xingu, Helio do Carmo da Conceição, contou ao professor Kerr e ao técnico de laboratório, FranciscoRaimundo da Silva, do Instituto de Genética e BioquÃmica (Igeb/UFU), sobre a iguaria de lá.
Kerr e Francisco visitaram o Xingu, com auxÃlio financeiro do ConselhoNacional de Desenvolvimento CientÃfico e Tecnológico (CNPq), e conheceram opequi sem espinho por intermédio do fruticultor BdijaiTchucarramae, daaldeia indÃgena Tchucarramae. Dos 300 pequizeiros (Caryocaraceae) quehavia na localidade, um produzia os frutos diferentes.
“Na primeira vez que fomos lá, nós trouxemos sementes, galhos ecomeçamos a fazer a propagação aqui. Plantamos sementes e também descobrimos uma forma de fazer enxertia“, relembra Francisco, saudoso da convivência com o professor Kerr, que hoje está com 93 anos e aposentado.
A enxertia é feita na muda de um pequizeiro convencional, chamado de cavalo,quando o seu caule atinge o diâmetro de um lápis, aproximadamente.“O pequi sem espinho produz em menos tempo e tem uma quantidade enorme de polpa: 35 vezes mais que o pequi convencional. É mais macia, mais adocicadae dá para comer crua“, explica o técnico.
A expectativa é de que os estudos iniciados pelo professor Kerr, que já foram tema de tese de doutorado na UFU e publicados na Revista Brasileira de Fruticultura, sejam continuados por outros pesquisadores.
Com o desenvolvimento dos experimentos e a produção de mais mudas, a espécie chegará Ã comunidade e o pequi sem espinho estará nos pratos da culinária do cerrado,para alegria dos goianos e dos mineiros.
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