Àprimeira vista até parece canela em pó, pela cor e textura, mas é um fertilizante de liberação controlada desenvolvido à base de hidrogel com capacidade de absorver até mil vezes o seu peso em água e com potencial para levar várias fontes de nutrientes.
O produto é aplicado em pó no solo. Em contato com a chuva ou por meio de sistemas de irrigação, o fertilizante absorve grande volume de água e a libera junto com o nutriente de forma controlada. Os resultados da tecnologia são promissores e os pesquisadores procuram parcerias com a iniciativa privada para finalizá-la e, posteriormente, levá-la ao mercado.
A pesquisa
Desenvolvida na Embrapa Instrumentação (SP), esse hidrogel permite aumentar o tempo de liberação do fertilizante no solo. Com uma única aplicação, os nutrientes podem ser liberados ao longo de até oito dias, ajudando no melhor aproveitamento do produto. A tecnologia apresenta, ainda, custo de produção bem inferior aos hidrogéis convencionais.
O novo fertilizante tem até quatro vezes mais resistência à compressão quando são incorporadas nano argilas. Isso é importante porque garante a integridade do material durante o transporte.
Membro da equipe que conduziu o estudo, o pesquisador da Embrapa José Manoel Marconcini esclarece que a nova formulação do fertilizante à base de hidrogel pode ser aplicada em diferentes culturas, conforme a necessidade de nutrientes de cada planta. “O fertilizante foi desenvolvido de forma que possa carregar e liberar tanto macro como micronutrientes na lavoura“, esclarece.
Atualmente, os ensaios estão sendo realizados na Embrapa Hortaliças (DF) em casa de vegetação com tomate e pimentão. De acordo com o pesquisador daquele centro de pesquisa, Marçal Henrique Amici Jorge, que acompanha os experimentos há mais de um ano, a tecnologia é promissora, mas há a necessidade de refinar mais a pesquisa para ajustar as concentrações de hidrogel e as formulações do substrato.
Promissor
Embora o uso do hidrogel no setor agrícola seja considerado promissor, o alto custo de produção e a baixa biodegradabilidade dos produtos convencionais ainda limitam sua aplicação em larga escala.
A forma encontrada pelos pesquisadores para reduzir esse custo e ainda melhorar algumas propriedades de liberação gradual de nutrientes, foi incorporar argilominerais nas cadeias poliméricas do hidrogel. Enquanto o hidrogel puro pode ser encontrado de R$ 40,00 a R$ 50,00 o quilo, o argilomineral usado na pesquisa custou centavos.
Obtidos no Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio da Embrapa Instrumentação, os resultados fazem parte de um esforço de vários trabalhos de pesquisa recentemente descritos na dissertação de mestrado do estudante Adriel Bortolin, do Departamento de QuÃmica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Em continuidade a essa pesquisa, o mestrando se empenhou para melhorar as características dos hidrogéis pela combinação com polissacarÃdeos, uma vez que esses polímeros naturais melhoram as propriedades hidrofÃlicas (atração por água) dos hidrogéis e a sua biodegradabilidade. A formulação com polissacarÃdeos modificados com o argilomineral formou um nanocompósito, que é a estrutura de liberação.