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Pimenta-do-reino: Alta rentabilidade atrai produtores para a atividade

Neste ano, um quilo de pimenta-do-reino preta já atingiu até R$16,00, enquanto em 2005/06 girava em torno de R$2,00 a R$3,00. O resultado tem sido uma rentabilidade de R$ 96.000,00 por hectare

Luiz Augusto Lopes Serrano

Engenheiro agrônomo, fitotecnista, D.Sc. e pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical – CNPAT

luiz.serrano@embrapa.br

Pimenteira Bragantina - Crédito Wellington Secundino
Pimenteira Bragantina – Crédito Wellington Secundino

Pimenteira Guajarina - Crédito Wellington Secundino
Pimenteira Guajarina – Crédito Wellington Secundino

Plantio em Espaldeiras - Crédito Wellington Secundino
Plantio em Espaldeiras – Crédito Wellington Secundino

Tutor de eucalipto - Crédito Wellington Secundino
Tutor de eucalipto – Crédito Wellington Secundino

Consórcio com café conilon - Crédito Wellington Secundino
Consórcio com café conilon – Crédito Wellington Secundino

Consórcio pimenta do reino x seringueira em fileiras duplas - Crédito Wellington Secundino
Consórcio pimenta do reino x seringueira em fileiras duplas – Crédito Wellington Secundino

Doença fusariose - Crédito Wellington Secundino
Fusariose – Crédito Wellington Secundino

Jardim Clonal - Crédito Wellington Secundino
Jardim Clonal – Crédito Wellington Secundino

Lavoura bem conduzida com 8 meses de idade - Crédito Wellington Secundino
Lavoura bem conduzida com 8 meses de idade – Crédito Wellington Secundino

Muda de boa qualidade, com raizes e parte aérea bem desenvolvidos - Crédito Wellington Secundino
Muda de boa qualidade, com raizes e parte aérea bem desenvolvidos – Crédito Wellington Secundino

Pé carregado, bem formado - Crédito Wellington Secundino
Pé carregado, bem formado – Crédito Wellington Secundino

Pimenta do Reino  (1)
Pimenta do Reino

Pimenta do Reino  (2)
Pimenta do Reino

Pimenta do Reino  (3)
Pimenta do Reino

A pimenteira-do-reino (Piper nigrum L.) é uma planta trepadeira pertencente à família Piperaceae, originária da Índia, e introduzida no Brasil no século XVII pelos japoneses. Os principais usos da pimenta-do-reino são como tempero de alimentos, principalmente nos industrializados, como salame, salsicha, mortadela, presunto, e nas indústrias farmacêutica e de cosméticos.

A produção mundial de pimenta-do-reino nos últimos anos variou entre 300.000 a 400.000 toneladas anuais, sendo o Vietnã o maior produtor mundial (responsável por cerca de 35%), seguido por Indonésia, Índia e Brasil (responsável por cerca de 10%).

Segundo o IBGE, em 2012 a produção brasileira de pimenta-do-reino foi de 43 mil toneladas em 19,4 mil ha, destacando-se como produtores os Estados do Pará, Espírito Santo e Bahia, responsáveis por 75%, 15% e 9% da produção nacional, respectivamente.

Nesses Estados destacam-se como os maiores produtores os municípios de Igarapé-açu (PA), Tomé-açu (PA), São Mateus (ES), Jaguaré (ES), Ituberá (BA) e Prado (BA).

Oferta e demanda

Dentre as mais importantes características da cultura no Brasil, tem-se que 85% da produção anual é exportada e que o cultivo é predominantemente realizado por pequenos produtores rurais.

Por ser um produto comercializado no mercado internacional (commodity), em anos favoráveis de preço a cultura oferece uma rentabilidade elevada mesmo em pequenos cultivos, sendo uma excelente opção de diversificação para os produtores. Para confirmar tal fato, cita-se que em apenas 2.400 ha cultivados com a cultura no Estado do Espírito Santo, a pimenta-do-reino vem se consolidando como o terceiro produto de exportação do agronegócio estadual, sendo que no primeiro semestre de 2014 as exportações já alcançaram US$ 38,4 milhões.

Nos últimos anos, o consumo mundial de pimenta-do-reino vem crescendo a uma taxa média de 3%, sendo os principais impulsionadores a Índia, China e o Oriente Médio.

Especialistas de mercado constataram que desde 2006 a demanda mundial de pimenta-do-reino começou a superar a oferta, ano após ano, o que vem resultando no declínio dos estoques globais, que atingiram o seu ponto mais baixo em 2011.

Desse modo, os preços chegaram a patamares elevadíssimos, quando comparados aos da década passada, pois em 2014 um quilo de pimenta-do-reino preta já atingiu até R$16,00, enquanto em 2005/2006 girava em torno de R$2,00 a R$3,00.

Atividade favorável

Com os preços favoráveis nos últimos anos, não só no Brasil, mas também nos outros países produtores, os produtores investiram nos tratos culturais, na renovação dos pimentais e no plantio de novas áreas.

Desse modo, novos incrementos no fornecimento de pimenta-do-reino iniciaram a partir da safra 2011/12, e a produção começou a preencher a lacuna entre a demanda e a oferta a partir da safra 2012/13. Logo, pode haver uma tendência da produção ultrapassar a demanda global, com uma ligeira margem nos próximos anos.

Custo

O custo de implantação de um novo pimental é considerado um dos maiores entraves dessa cadeia produtiva, pois, como as plantas necessitam de tutores (de aproximadamente 2 a 3 m de comprimento), a aquisição dos mesmos onera muito o custo inicial. Desse modo, os pipericultores buscam várias alternativas para minimizar esses custos de implantação.

No Estado do Espírito Santo (cultivo intensivo), por exemplo, na década de 1980 os tutores de madeira eram adquiridos de outras regiões e o custo de implantação de um hectare ultrapassava R$ 30.000,00.

Com a chegada e estabelecimento da cultura do eucalipto na região, surgiram várias empresas que comercializam tutores de madeira de eucalipto, fato que ajudou a baratear o custo de implantação. Entre 2005 a 2010, por exemplo, o custo médio foi fixado em aproximados US$ 5.000 por hectare, ou entre R$10,00 a R$15,00 por planta.

Mais recentemente, muitos produtores passaram a adotar o sistema de espaldeiramento nos pimentais, e, segundo eles, o custo de implantação ficaria entre R$ 7,00 a R$ 10,00 por planta.

Considerando que, em média, um hectare contém 1.667 pimenteiras-do-reino, o custo de implantação giraria entre R$15.000,00 a R$25.000,00, lembrando que no Estado do Espírito Santo a maioria dos cultivos são irrigados e adubados.

No Estado do Pará o custo de implantação da cultura é inferior ao do Espírito Santo, pois são características da pipericultura paraense a utilização de tutores vivos (plantio das pimenteiras em árvores de outras espécies que servirão de tutores) e a ausência de sistemas de irrigação.

Rentabilidade

Quanto à rentabilidade da cultura, podemos estimá-la utilizando a produtividade média do Brasil (2.230 kg por hectare) e o preço médio de R$ 6,00 por quilo de pimenta-do-reino preta seca, o que resultaria em valores brutos próximos a R$ 13.000,00 por hectare.

Se considerarmos um custo de produção em torno de R$ 2,00 por quilo produzido (R$4.500), a rentabilidade líquida seria estimada em R$8.500,00 por hectare. Numa outra vertente realista, sabe-se que vários pipericultores capixabas, em cultivo intensivo, estão obtendo produtividades acima de 6.000 kg por hectare de pimenta-do reino seca, e se considerarmos que o preço do quilo chegou a R$16,00, o valor bruto da produção alcançaria surpreendentes R$ 96.000,00 por hectare. Isso explica a atual “Febre da Pimenta-do-Reino“.

 

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