Na última safra, o Brasil produziu 40 mil toneladas de pimenta-do-reinoe aproximadamente 90% destina-se ao mercado externo, sendo que a produção é exportada, principalmente, para os Estados Unidos, Alemanha, Países Baixos e Argentina. O principal uso da pimenta-do-reino é no preparo de alimentos industrializados, na indústria farmacêutica, de cosméticos e perfumaria e como inseticida natural.
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Elisamara Caldeira do Nascimento
Mestre em Fitotecnia pela UFRRJ
Talita de Santana Matos
Mestre em Fitotecnia pela UFRRJ
Everaldo Zonta
Doutor em Agronomia – UFRRJ
Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor em Agronomia ““ UFRRJ
A pimenta-do-reino, também conhecida como pimenta-da-Ãndia, é uma planta trepadeira, originária da Índia, sendo a mais comum e mais importante das especiarias. Durante os séculos XV e XVI ela motivou viagens entre a Europa e a Ásia para sua importação pelos europeus. Em Roma, chegou a ser empregada em certas ocasiões como dinheiro (moeda).
Atualmente, seu cultivo está bem difundido em regiões de clima tropical, em latitudes de até 20°N e 20°S e altitudes de até 2.400 m. Na Ásia, é cultivada na Índia, Indochina, Sri-Lanka, Indonésia e Malásia; na África, em Camarões, Nigéria, República Centro-Africana e Congo; nas Américas, em Porto Rico, Jamaica, Brasil e BolÃvia, além de outros.
Panorama mundial
Atualmente, estima-se que no Brasil cerca de 20 mil hectares estejam plantados com pimenta-do-reino, dos quais mais de 80% são cultivados por pequenos produtores. A cultura gera 30 mil empregos diretos durante o ano, mas na época da colheita pode chegar a empregar mais de 80 mil pessoas.
O Brasil oscila entre o terceiro e o quarto lugar entre os países produtores de pimenta-do-reino, contribuindo com cerca de 15% do volume comercializado no mercado internacional. A Comunidade Internacional da Pimenta coordena as polÃticas de produção, exportação, controle de qualidade e usos do produto, e estimula a pesquisa e o intercâmbio de informações e estatÃsticas entre os países membros: Brasil, Indonésia, Vietnã, Sri Lanka, Índia e Malásia.
O Estado do Pará, atualmente, representa 80% da área plantada no País, sendo o maior produtor nacional, seguido do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, porém, a média brasileira de produtividade é inferior a 2,5 quilos de pimenta preta por planta, sendo considerada baixa em comparação aos demais países produtores.
Entretanto, pesquisas desenvolvidas principalmente pela Embrapa Amazônia Ocidental demonstram a existência de tecnologias disponíveis que permitem a obtenção de produções superiores a 3,5 quilos de pimenta preta por planta.
Qualidade
Quanto à qualidade, a adoção de boas práticas na colheita e pós-colheita (processamento/debulha, secagem, armazenamento e comercialização) é recomendada, pois evita a depreciação do produto por contaminações físicas, químicas e biológicas, tornando a pimenta-do-reino mais competitiva e livre de barreiras comerciais perante o mercado internacional.
Como mencionado, o Espírito Santo é o segundo Estado com maior área plantada de pimenta-do-reino, cerca de 10% do total. São Mateus, município da região norte do Estado, tem a maior produção do Brasil e exporta o produto para diversos países.
A pimenta no ano de 2015 foi bastante valorizada, com preço do quilo atingindo os R$ 30,00 nos últimos meses deste ano. Estes ganhos estão em função de investimentos de produtores localizados em São Mateus desde a década de 1960, que a partir de sucessivos ganhos tecnológicos geraram as condições favoráveis para que a cultura se espalhasse pela região de forma qualitativa.
Produtividade
Segundo a Secretaria Estadual de Agricultura, 80% da plantação capixaba é irrigada, o que aumenta a produtividade, que chega a sete mil toneladas por ano. Nos oito primeiros meses de 2015 mais de sete mil toneladas de pimenta-do-reino capixaba já foram exportadas, um crescimento de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Este alto valor de mercado fez com que muitos produtores investissem na cultura em diversas regiões. O perigo é que, ao seguir a moda dominante, sempre se corre o risco de todos os produtores serem prejudicados.
A cultura da pimenta sofreu essa consequência durante as décadas de 1980 e 1990. Por ser um produto inelástico, como o sal de cozinha, não se consegue aumentar seu consumo reduzindo os preços, ao contrário, obtém-se maiores lucros mantendo-se seus preços elevados e produzindo em quantidade reduzida.
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