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Pimenta – Tipos e ardências que fazem toda a diferença

Glaucio da Cruz Genuncio

Doutor em Nutrição Mineral de Plantas – UFRRJ

glauciogenuncio@gmail.com

Everaldo Zonta

Doutor em Fertilidade do Solo – UFRRJ

Elisamara Caldeira do Nascimento

M.Sc. em Fitotecnia ““ UFRRJ

 

Foto 01 - No Brasil, a produção de pimentas se dá com variedades distintas -  Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

No Brasil, cultiva-se pimentas em praticamente todo o território, entretanto, os principais produtores são os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Ceará e Rio Grande do Sul, com notório crescimento tanto em termos de produção e produtividade para a região Nordeste.

A estimativa de produção de pimentas no Brasil é inexata, uma vez que parte significativa do cultivo é dada pela agricultura familiar em diversas regiões brasileiras, com áreas de, no máximo, 3,0 ha. Porém, uma estimativa aponta área cultivada anualmente entre 5.000 e 6.500 ha.

Aqui e ali

No Brasil, a produção de pimentas está em função do uso de variedades botânicas, com características de frutos bem distintas. Assim, podem-se distinguir grupos varietais como: Capsicum frutescens (malagueta e tabasco); C. chinense (pimenta de cheiro, pimenta bode, cumari do pará, biquinho, murupi e habanero); C. annuum var. annuum (pimenta doce, jalapeño, cayenne, serano e cereja); C. baccatum var. pendulum (dedo de moça e cambuci) e, C. baccatum var. praetermissum (Cumari).

É importante ressaltar que, dentre as solanáceas, a pimenta ocupa o quinto lugar em relação ao consumo in natura.

Estima-se uma produção nacional em torno de 22.000 t/ano. Já a produtividade da pimenta varia de 10 a 45 t/ha (com média mundial de 15,8 t/ha). Tal variação está em função da espécie, assim como manejo e tratos culturais, clima e nível de tecnologia adotado.

De forma distinta e tomando-se alguns exemplos, a produtividade da pimenta malagueta é de 10 t/ha. Já a produtividade para a pimenta biquinho e bode situa-se em 20 t/ha.  Para a pimenta dedo-de-moça a produtividade estimada é de 20 t/ha e 45 t/ha é a produtividade da pimenta jalapeño, sendo a malagueta a pimenta mais cultivada no Brasil.

No Brasil, a produção de pimentas se dá com variedades distintas -  Créditos Shutterstock
No Brasil, a produção de pimentas se dá com variedades distintas – Créditos Shutterstock

Condições para o plantio

O cultivo de pimenta é diversificado, e setorizado nas regiões do Brasil. Em SP, MG e GO são produzidas a Jalapeño, Cayene e Cumari. As pimentas denominadas de cheiro (C. chinense) são cultivadas predominantemente no Norte.

A região centro-oeste destaca-se na produção da Murupi. MG, BA e CE destacam-se na produção de tabasco, geralmente visando o mercado externo (principalmente EUA, maior consumidor deste tipo de pimenta). Já a malagueta é cultivada em todo o território nacional.

Assim, como é de se supor, os efeitos climáticos, principalmente temperaturas, têm forte influência na produção de pimenta. Destaca-se que a faixa ideal de temperatura compreende 21 a 35ºC (faixa ótima entre 23 e 27ºC), sendo que valores abaixo de 15ºC causam redução no crescimento da planta, assim como acima de 35ºC causam abortamento (sintomas típicos de solanáceas).

Quanto à irradiância, valores entre 480 a 860 µmol fótons m-2s-1 são ideais. A UR% deve ser entre 65 a 75%. Atualmente, parte significativa da produção é realizada em ambiente protegido, com o uso de tecnologia como telas termorrefletivas e plásticos aditivados, como o Suncover AV Blue.

Foto 03 - No Brasil, a produção de pimentas se dá com variedades distintas -  Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

Importância econômica

Dada a característica de agricultura familiar, com geração de emprego, renda e aporte socioeconômico, o mercado da pimenta é bastante promissor. Possui taxa de crescimento de 8% ao ano para a pimenta in natura, entretanto é um mercado ainda pouco explorado, principalmente no produto industrializado (conservas e molhos).

Se considerarmos o valor de venda de R$ 7,00 nas Ceasas, e tomarmos como exemplo somente o volume comercializado na CEAGESP, com volume médio mensal comercializado de 330.000 kg (entre os anos de 1998 a 2005), pode-se chegar a um montante de, aproximadamente, R$ 28 milhões/ano de pimenta in natura para SP.

Este valor será muito superior se considerarmos a comercialização direta entre produtor e agroindústria de processamento de conservas e molhos, cuja taxa de crescimento é de 11,5% ao ano e vendas constatadas de 3650 toneladas de molhos em 2011, somente para o Estado de Minas Gerais.

Ressalta-se que o mercado de molhos de pimenta no Brasil alcançou valores comercializados de R$ 811 milhões em 2011 (Informe Agropecuário, 2012).

Evolução do mercado

Existe uma tendência à industrialização, gerando linhas gourmet, a partir da fabricação de molhos, condimentos (pápricas), uso na indústria de embutidos, corante e geleias. O uso de pimentas diferenciadas, como a bhut jolokia, habanero, red sanvina habanero, scotch bonnet e, até mesmo a trinidad scorpion, que possuem altíssimas concentrações de capsaicina, de acordo com a escala de Scoville, vem aumentando no Brasil, principalmente nos segmentos molhos e conservas.

Demanda

Devido à característica de ser um produto perecível, parte da produção tem se voltado para a agroindústria, medida esta que serve como redução das perdas pós-colheita, que podem ultrapassar 30%.

O processamento da pimenta visando a obtenção de molhos e conservas, assim como condimentos e geleias, é o mais utilizado. Atualmente, existem empresas especializadas em industrialização de grande variedade de pimentas produzidas no Brasil.

Por outro lado, uma parte significativa da produção é comprada diretamente do produtor, a partir de venda direta e/ou contratos de parceria, assim como as agroindústrias vêm gradativamente investindo em produção própria, uma vez que existe a necessidade da garantia de continuidade de produção e qualidade de produto.

Vale ressaltar que um dos fatores que restringem o crescimento do setor é a dependência de mão de obra, tanto para os tratos culturais quanto para a colheita, que pode demandar um quantitativo elevado de pessoas, caso este seja referenciado pela colheita da malagueta.

No cenário Mercosul, o Brasil ocupa o segundo lugar no comércio de molhos da América Latina, atrás somente do México. Além do mais, o Brasil produz páprica (chili) e páprica doce, e a sua produção é voltada para o mercado europeu, assim como a pasta de tabasco para o mercado norte-americano.

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Hortifrúti, edição de fevereiro. Adquira já a sua para leitura completa!

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