O cultivo do pinus está rendendo um bom dinheiro para os agricultores de várias regiões brasileiras. Isso porque é dessa árvore que eles extraem a resina usada pela indústria de alimentos, de papel e de cosméticos para fabricação de diversos produtos
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A cultura do pinus vem se diversificando em termos de espécies, procedências e clones, e expandindo suas áreas de plantio, formas de manejo (preparo de solo, adubação, espaçamento e desbastes). Mais do que nunca, os plantios de pinus são efetivamente produtores de multiprodutos, como madeira para fibras (celulose, chapas e MDF), para serraria (diferentes bitolas), produtos sólidos, resina e resíduos, que vêm sendo utilizados como biomassa ou substratos orgânicos
Atualmente, as espécies do gênero pinus sustentam cadeias produtivas importantes no Brasil. A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) divulgou recentemente que o mundo consome aproximadamente US$250 bilhões em produtos de madeira por ano.
O Brasil tem pouca representatividade neste total (3%), mas a tendência é de que as áreas de florestas plantadas sejam ampliadas nos próximos anos, principalmente devido aos diversos projetos de expansão de indústrias de base florestal em andamento no País, contribuindo com a geraçãode empregos e renda à população e atendendo as demandas do mercado nacional e internacional. Até 2020, R$53 bilhões serão investidos em projetos florestais.
Investimento no plantio de pinus
Segundo Rodrigo Lima, doutor em Engenharia Florestal e consultor do SENAI ““ PR, Unidade de Telêmaco Borba, o investimento inicial necessário para o plantio do pinus está em torno de R$5.000,00/ha, atualmente. Mas, é importante mencionar que pode variar de acordo com a região, com os objetivos do projeto florestal e com o regime de manejo a ser adotado.
A operação de preparo de solo, comumente realizada por máquinas e implementos, é responsável pelos maiores custos no processo de implantação de uma floresta de pinus.
Retorno econômico
Uma floresta de pinus tem uma produção média de 30m³/ha/ano. Segundo o Informativo CEPEA ““ Setor Florestal de fevereiro/2016, o preço do m³ da prancha de pinus na região de Campinas (SP) foi comercializado a R$ 690,00. Houve um aumento no preço médio do metro cúbico da prancha de pinus de 5,06% em relação ao mês de janeiro/2016.
O retorno desse investimento depende do regime de manejo florestal que será empregado. Rodrigo Lima explica que o regime de manejo sem desbaste (pulpwood) tem como objetivo produzir grande quantidade de madeira (biomassa) por unidade de área, para abastecimento de indústrias de papel, celulose e chapas de madeira reconstituÃda.
Neste caso, emprega-se maior número inicial de árvores (2.222/ha) em espaçosvitais menos amplos (4,5 m2/árvore), antecipando a rotação de 20 para 15 anos de idade (corte raso), sem preocupar-se com as dimensões das toras e com a presença de defeitos na madeira (nó), onde é possível obter uma produtividade média de até 30 m3/ha/ano.
Já o regime de manejo com desbaste (utility) tem por objetivo a produção de madeira para usos múltiplos, na maioria dos casos priorizando a produção de toras de grandes proporções (maiores diâmetros) para abastecimento de serrarias e laminadoras.
Neste regime, opta-se por espaços vitais mais amplos (geralmente entre 6,0 e 10,0 m2/árvore) e são necessárias desramas em três ocasiões. A primeira ocorre em todas as árvores do povoamento, aos quatro anos de idade ou quando a árvore atinge 7 a 8 cm de diâmetro. A segunda ocorre aos oito anos, na mesma ocasião do primeiro desbaste (nas árvores remanescentes). A terceira desrama pode ocorrer em idades posteriores, se possível quando a árvore atingir 10 m de altura, dependendo dos objetivos do projeto florestal.
Segundo o especialista, os desbastes são realizados em idades específicas visando à abertura de espaço para que as árvores remanescentes ganhem incremento. O primeiro desbaste ocorre na maioria das vezes aos oito anos de idade, o segundo entre 12 e 15 anos, e o corte raso é realizado geralmente aos 25 ou 30 anos de idade.
O número de desbastes depende de uma série de fatores, mas principalmente do objetivo da produção florestal. Assim, o produtor consegue antecipar receitas com a venda da madeira proveniente dos desbastes ou dos subprodutos.
Subprodutos do pinus
Os principais itens produzidos a partir de matérias-primas do pinus são: celulose fibra longa não branqueada, pasta mecânica, molduras, painéis de madeirareconstituÃda (aglomerado, compensado, MDF e OSB), lâmina, madeira serrada bruta e beneficiada, madeira bruta seca em estufa, móveis e pré-cortado para móveis, laterais de gavetas, palito de fósforo, lâmina de caixa de fósforos, grampo, prendedor de roupa, pazinha, cavaco, cerca, pallet, compensado anatômico, sarrafo, refilado, caixa de brinquedo, tora, torete, lenha, porta, assoalho, meia-cana, prancha, tábua, forro, rodapé, tapete de sarrafo, papel e celulose, estrado, embalagem, embalagem pré-cortada e aplainada, ripão, substrato para plantas, resinas e óleos, entre outros.
“São muitos os subprodutos obtidos a partir do pinus. Como exemplo temos o breu e a terebintina. De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Resinadores, em 2015 o Brasil exportou 61.277,232 kg de breu aUS$ 1.670,00/t e 15.205,799 kg de terebintina a US$ 1.588,40/tonelada. Neste caso, verifica-se a alta demanda por estes tipos de produtos“, ressalta Rodrigo Lima.
Para eles, em pequenas propriedades esta se mostra uma alternativa viável e rentável ao produtor, considerando o alto valor de mercado atribuÃdo à goma-resina e seus derivados.