HercÃlio Netto
Engenheiro agrônomo e consultor da Cia da Terra
Os produtores rurais já devem planejar o plantio da próxima safra, sendo necessário projetar a aquisição de insumos. É hora de verificar no mercado as novidades em sementes, fertilizantes e defensivos e negociar com antecedência as compras, visando alcançar uma melhor relação custo-benefÃcio. Há a possibilidade, inclusive, de negociação em grãos.
Por onde começar
Existe um senso comum de que só se deve começar a negociar a próxima safra quando findada a corrente. Em resumo, isso é uma boa verdade, entretanto, a análise do cenário deve ser constante e ininterrupta.
No Centro-Oeste, a próxima safra é negociada, via de regra, durante a safra, basta que haja um cenário favorável e o produtor, com consciência empresarial, enxergue solvência nos negócios, ou seja, que as condições para aquisição dos insumos apontem para uma margem de lucro operacional.
Na ponta do lápis
Costuma-se comentar, em tom quase sempre irônico, que nos Estados Unidos não há emoção no planejamento da safra, porque o governo sinaliza para o produtor qual deve ser a área plantada e de quais culturas, bastando ao produtor seguir esta orientação e se assegurar das garantias subsidiárias daquele país.
Em nosso país, o produtor, repito, com consciência empresarial, deve decidir sozinho o que e quanto plantar, se baseando no cenário de preço futuro, condições climatológicas, e infelizmente, em última análise, no manejo agronômico do ambiente produtivo, com a necessária rotação e sucessão de culturas.
Na minha humilde opinião, numa atividade onde o produtor é tomador de preço, ou seja, não manda no preço, no momento da aquisição de insumos, um pouco menos verdade para grandes grupos de compra, e é tomador de preço quando vai vender sua produção, também um pouco menos verdade para grandes grupos, cabe ao produtor se preocupar mais em garantir uma boa produtividade.
É aqui que entram as preocupações agronômicas, como o cenário macro econômico.Veja, não estou dizendo para não se preocupar, mas sim ressaltando que uma boa produção sempre garantirá uma boa liquidez, e um bom cenário de preço nem sempre assegurará a solvência para o negócio. Capacidade operacional, plantio, manejo e colheita, também devem ser levados em consideração no planejamento.
Vantagens do planejamento
Em nossa atividade, planejar significa minimizar os desvios quando eles acontecerem, porque eles vão acontecer, tão certo quanto o céu é azul. Planejar uma safra significa prever os cenários desfavoráveis, e comtemplar o que fazer quando os desvios acontecerem.
Uma lógica ideal seria: quem erra menos colhe mais, porque acertar todas é bem próximo do impossível. Principalmente na comercialização, devem-se diluir as vendas visando diluir flutuações de mercado.
Não deveria haver uma definição cronológica na aquisição dos insumos, muito embora saibamos que a análise do cenário deveria ser preponderante ao senso comum, em que o produtor primeiro adquire o fertilizante, depois a semente e o dessecante, e por fim os produtos fitossanitários, assim como os fertilizantes complementares.
A negociação
A melhor forma de conduzir uma negociação é garantindo segurança à atividade, e não se lamentar caso a commodity suba de preço. Foi isso, e o aumento da produtividade, que garantiram o crescimento e a pungência do agronegócio do Centro-Oeste.
Por exemplo, no caso da soja, se forem 30 sacas de custo com insumos e operacional, não se esquecendo do custo administrativo, o produtor deve vender 35 sacas antecipadamente, e entrar no momento do plantio preocupado somente em produzir, em fazer um bom manejo e concretizar tudo aquilo que planejou.
Se produzir 35 sacas só, ótimo, está garantida a permanência na atividade, se produzir 70 sacos, excelente, vamos renovar o maquinário e fazer novos investimentos.
O câmbio
O atual cenário de câmbio flutuante e acima dos patamares da safra passada são uma boa sinalização para aquisições à vista de insumos, caso estejam precificados com o dólar da safra passada.