José Geraldo Mageste
Engenheiro florestal, Ph.D e professor da UFU/ICIAG
As estradas dentro e fora dos povoamentos florestais têm a finalidade de possibilitar o acesso a estes para as operações silviculturais. Com o crescimento das árvores, as estradas passam a ser de fundamental importância para as operações de combate às formigas e controle de incêndios florestais.
Existem inúmeras histórias de incêndios em povoamentos que somente trouxeram inúmeros prejuízos, porque as estradas e aceiros não possibilitaram o deslocamento rápido das equipes de combate. Então, no planejamento de caminhos e estradas florestais deve estar contemplada a operação de retiradas de indivíduos caÃdos, drenagem, retiradas de cipós, etc.
O melhor momento para planejar a localização de estradas e caminhos dos povoamentos florestais é antes do plantio (antes da implantação). O silvicultor deve planejar a localização das filas de plantio, distribuição de mudas e plantio propriamente dito, antes de iniciar a limpeza da área, esteja o futuro povoamento em área declivosa ou em área plana.
Bases do planejamento
Nos cursos de Engenharia Florestal do Brasil existe uma disciplina chamada Colheita e Estradas Florestais. Nela é feita uma diferenciação entre carreadores e aceiros. São denominados carreadores as estradas internas dos povoamentos destinadas ao escoamento da madeira, e aceiro a faixa de terra nas bordas dos povoamentos que podem ter estradas ou não.
Os aceiros são estruturas destinadas a evitar a propagação do fogo, principalmente vindo de áreas vizinhas. Como possuem largura de até 10 metros, geralmente existe uma estrada nas proximidades, cerca de divisa e uma área sem pista de rolamento, geralmente mais próximo às bordas do talhão.
Esta segunda faixa é mantida limpa, principalmente nas ocasiões de risco de incêndios maioresem muitas regiões brasileiras, quando a Umidade Relativa do ar é baixa, associada com temperaturas elevadas.
Os engenheiros florestais são treinados para o planejamento das estradas, levando-se em consideração vários fatores, diferenciando-se nas áreas declivosas das áreas planas.
Áreas declivosas
O principal fator a ser observado na distribuição de estradas de áreas declivosas é a futura colheita. Caminhões carregados de madeira não devem subir rampas com mais de 12% de declividade (subir 12 metros em 100 metros de comprimento).
Esta declividade máxima também deve estar de acordo com outro fator importante, que é a velocidade de infiltração de água no solo. Solos com boa infiltração de água secam facilmente e, consequentemente, evitam o acúmulo de água na pista de rolamento ou erosão nas estradas.
Em áreas com declividade superior a esta,devem ser preferidas estradas que conduzam a água de chuva para as chamadas barraginhas, que são pequenos reservatórios de água, com aproximadamente cinco metros de diâmetro, ora localizados à esquerda ou à direita da estrada. Elas ajudam a conservar a água no sistema, alimentando o lençol freático e evitando escorrimento superficial que possa facilitar a erosão.
Em relação à maioria das culturas agrícolas, a silvicultura tem a vantagem de pouco tráfego dentro do povoamento durante o crescimento das árvores. Ele se torna intenso somente na época da colheita. Nesta ocasião, um repasse na pista de rolamento com aumento da superfície compactada é muito importante.
Ele visa evitar a formação de buracos acumuladores de água. Em muitas regiões, quando o uso da madeira permite, as árvores são abatidas e colocadas em mini depósitos nos carreadores principais. Os carreadores principais devem ser preferencialmente as estradas públicas que cortam os povoamentos.
Áreas planas
Geralmente, o maior problema das estradas em área plana é exatamente o acúmulo de água na pista de rolamento, que é somada à dificuldade de secagem (já que as árvores promovem o sombreamento e a menor evaporação da água). Uma medida que vem sendo tomada é o levantamento do leito da estrada em até 20 cm, facilitando o escoamento da água da parte central do carregador.
A colocação de material argiloso ou argilo-arenoso facilitará em muito esta intensão. Áreas de plantações de eucalipto na proximidade de usinas de cana-de-açúcar têm adotado a prática de distribuir vinhoto (resíduo da produção) nos carreadores centrais. Esta prática facilita a agregação das partículas e dificulta a formação de áreas de difícil acesso.
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