Apesar de a polinização prestar serviços gratuitos estimados, somente no Brasil, em mais US$ 12 bilhões por ano, pesquisa inédita realizada pelo IBOPE mostra que o brasileiro desconhece o seu papel para garantir a segurança alimentar
O projeto Polinizadores do Brasil, coordenado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e pelo Ministério do Meio Ambiente, fomentou, entre 2010 e 2015, uma rede de pesquisas sobre polinizadores em culturas agrícolas que, em alguns casos, podem aumentar em até 70% a produtividade.
Informação útil
Cerca de 75% da alimentação humana depende direta ou indiretamente de plantas polinizadas ou beneficiadas pela polinização animal. Realizado de forma gratuita, principalmente por insetos, o serviço de transportar células reprodutivas masculinas de plantas para o seu receptor feminino é estimado pela Universidade de São Paulo, somente nas principais culturas produzidas no Brasil, em US$ 12 bilhões por ano.
Apesar da sua importância para garantir alimentos de qualidade na mesa do brasileiro, aumentar a produção agrícola e, consequentemente, o lucro do agricultor, uma pesquisa inédita realizada pelo IBOPE, encomendada pelo projeto Polinizadores do Brasil, constatou que 78% da população adulta brasileira desconhece ou nunca ouviu falar no termo polinização.
Para divulgar a importância do papel dos polinizadores na produção de alimentos e a necessidade de promover a conservação e o uso sustentável desses animais, o projeto Polinizadores do Brasil, coordenado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e pelo Ministério do Meio Ambiente, formou uma rede nacional de pesquisa que, entre 2010 e 2015, estudou a polinização de culturas agrícolas brasileiras, produziu uma série de planos de manejo com recomendações para agricultores e observou o comportamento de diferentes espécies de polinizadores, identificando, inclusive, nove novas espécies de abelhas, das quais três já foram publicadas.
Iniciativa
“O projeto Polinizadores do Brasil é a maior iniciativa já realizada no País sobre o assunto e reforça a importância da polinização para a segurança alimentar. É um grande trabalho de pesquisa e análise de dados, que envolveu quase 60 bolsistas de 18 instituições de pesquisa em mais de quinze Estados brasileiros. Ele também é parte de um esforço global para entender, conhecer e reconhecer o papel dos agentes polinizadores na produção agrícola, cujo serviço prestado mundialmente é estimado em US$ 350 bilhões“, afirma a secretária-geral do Funbio, Rosa Lemos de Sá, citando que foram investidos pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) aproximadamente US$ 3,3 milhões para a execução do projeto no Brasil.
Sob a coordenação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a iniciativa também acontece na África do Sul, Gana, Índia, Nepal, Paquistão e Quênia.
Dentre as quase 310 mil espécies de plantas conhecidas atualmente, 87% delas dependem, em algum grau, de polinizadores animais. Entre os agentes polinizadores estão aves, morcegos, mamÃferos não voadores, répteis, moscas, besouros, abelhas, entre outros, sendo as abelhas responsáveis por mais de 70% das polinizações e também consideradas os agentes mais eficientes.
No entanto, apesar da relevância, de acordo com a pesquisa IBOPE encomendada pelo projeto, entre os 22% dos brasileiros que afirmam conhecer o termo polinização, somente 8% dizem que é o processo de transporte do pólen de uma flor para a outra, 43% sabem que a polinização ocorre a partir da ação de animais e poucos conhecem outros meios de polinização como ar e água.
Práticas amigáveis aos polinizadores
Em parceria com instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Universidade de São Paulo (USP) e diversas outras universidades, a rede de pesquisa fomentada pelo projeto Polinizadores do Brasil coletou informações sobre o comportamento de agentes polinizadores em sete culturas agrícolas nacionais: algodão, caju, canola, castanha-do-brasil, melão, maçã e tomate.
 O trabalho rendeu, ao todo, mais de 40 publicações, incluindo um plano de manejo para cada cultura estudada, com recomendações de práticas amigáveis aos polinizadores. Entre as conclusões, que comprovam a importância da polinização para o aumento da produção e a melhoria da qualidade final da colheita, vale destacar:
Ø Algodão: as flores polinizadas por abelhas apresentaram um aumento de 12 a 16% no peso da fibra e um incremento de 17% de sementes por fruto;
Ø Caju: áreas de plantio distantes no máximo 1 km de reservas de matas, com maior visitação de polinizadores, apresentaram produtividade superior às áreas distantes mais que 2,5 km;