Alberto J. Laranjeiro
Engenheiro florestal, doutor em Entomologia e diretor da EquilÃbrio Florestal
alberto@equilibrioflorestal.com.br
Os primeiros trabalhos com porta-iscas para controle de formigas cortadeiras ocorreram por volta de 1980. A tese que impulsionou esses trabalhos foi levantada pelo professor da ESALQ/USP, hoje aposentado, Álvaro Fernando de Almeida.
A ideia era avaliar se as formigas cortadeiras tinham capacidade para encontrar os porta-iscas, aplicados sistematicamente em densidades operacionalmente e economicamente viáveis, e assim as roçadas que eram feitas para localizar os formigueiros poderiam ser desnecessárias ou minimizadas.
Desse modo, o sub-bosque, fonte de biodiversidade nas florestas plantadas, poderia ser preservado. Isso mesmo, a motivação dos primeiros trabalhos foi a conservação ambiental.
Com a evolução dos trabalhos a partir de 1980, outros pontos positivos do porta-iscas foram enxergados:
â–º Redução do custo de mão de obra para o controle dos formigueiros, pois eles não precisam ser encontrados – era a formiga que ia atrás das iscas nos porta-iscas.
â–º Menor dependência das condições climáticas para a aplicação das iscas quando em porta-iscas, aumentando os dias do ano propÃcios para o controle e permitindo melhor equalização da quantidade de área a ser controlada ao longo do período do ano mais propÃcio para o controle (época menos chuvosa).
â–º No entanto, para usar os porta-iscas na sua principal estratégia, que é a formiga localizar os mesmos, era preciso conhecer as características da infestação, ou seja, densidade das várias classes de tamanho dos formigueiros de cada área a receber os porta-iscas.
E foi assim que surgiu um outro aspecto, hoje fundamental para o bom manejo de formigas cortadeiras: o monitoramento. Poucos técnicos sabem, mas o objetivo inicial do monitoramento era conhecer a infestação de formigas, para determinar os procedimentos de distribuição sistemática dos porta-iscas (hoje também chamados de MIPIS ““ micro-porta-iscas), ou seja, qual a densidade (número por hectare) e espaçamento de distribuição dos porta-iscas, assim como o tamanho dos mesmos (gramas de isca por porta-iscas), para obtenção da eficiência de controle de determinada infestação.
Os trabalhos a nível experimental e o uso operacional do porta-iscas e do monitoramento também levaram a outras constatações importantes, como exemplo:
ü Que em determinadas infestações, para se ter eficiência no controle dos formigueiros com otimização do uso dos porta-iscas, precisa ser estabelecida uma aplicação sistemática e uma localizada em ninhos maiores ou pontos de concentração de ninhos.
üQue o monitoramento tem benefícios mais amplos do que seu objetivo inicial, como: definir se a área precisa ou não de controle. Em caso positivo, o monitoramento serve não só para estabelecer os procedimentos de uso dos porta-iscas, mas também indicar se ele é o método tecnicamente e economicamente mais indicado, frente aos vários procedimentos possÃveis de aplicação, por exemplo, de iscas formicidas sem o uso dos porta-iscas. Ou seja, os dois itens anteriores podem definir o programa de controle, otimizando recursos, tanto materiais como mão de obra.
Serve também para avaliar a eficiência do próprio controle, fundamental para a promovera melhoria contÃnua, além de poder servir de base avaliação o desempenho das equipes ou empresas de controle.E, por fim, o monitoramento é um requisito para a certificação ambiental.
Cuidados fundamentais
São muitos os cuidados para a melhor eficiência das iscas:
ð Selecionar uma boa isca.
ðAcondicionar bem as iscas durante o transporte e armazenamento.
ðAplicar as iscas em condições ambientais adequadas: clima estável, seco e com os formigueiros com boa atividade.
ðAplicar as iscas em quantidade adequada a cada formigueiro ou à infestação.
Para tudo isso é necessário pessoal bem treinado, desde o planejamento até o operador que aplica as iscas na área.
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Os porta-iscas
Os porta-iscas são embalagens ou invólucros para as iscas formicidas, com as seguintes funções básicas de:
Ãœ Proteger as mesmas contra as condições de campo, especialmente a umidade.
ÃœEstabelecer as doses de distribuição (ou seja, o porta-iscas não deixa de ser um dosador específico).
ÃœDisponibilizar as iscas por mais tempo para as formigas depois de sua distribuição no campo.
Como funcionam
Os porta-iscas são espalhados no campo, as formigas são atraÃdas pelo odor da isca que emana deles. Assim que elas o encontram, cortam a embalagem e carregam as iscas. Se o formigueiro encontrar uma quantidade total de isca (número de porta-iscas encontrados X quantidade de isca de cada porta-iscas) compatÃvel com seu tamanho, será controlado.