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Dalyse Toledo Castanheira
Doutoranda em Fitotecnia ““ UFLA, integrante do NECAF – Núcleo de Estudos em Cafeicultura e do GHPD – Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia
Arthur Henrique Cruvinel Carneiro
Técnico em Agricultura e Zootecnia – IFMG, graduando em Agronomia na UFLA, membro do grupo PET Agronomia, coordenador de extensão do GHPD e membro do NECAF
A maturação dos frutos está relacionada diretamente à qualidade da bebida do café. A desuniformidade de maturação é uma das principais dificuldades encontradas para realização de uma boa colheita.
A maturação dos frutos ocorre apenas quando o café ainda está ligado à planta. Assim, grãos colhidos verdes continuarão verdes, sem atingir a maturação por completo.
A colheita deve ser iniciada quando a maior parte dos frutos estiver no estádio cereja, e antes que inicie a queda desses frutos, evitando a ocorrência de verdes e secos. Geralmente, recomenda-se iniciar a colheita com, no máximo, 20% de frutos verdes.
Os frutos verdes ainda não possuem os teores de alguns componentes químicos ideais para uma bebida de alta qualidade. Já os frutos secos, por estarem em um estádio avançado, podem passar por processo de fermentação, com produção de compostos químicos indesejáveis ao bom sabor do café.
Os grãos verdes, além de prejudicar a bebida, ficam mais aderidos à planta, dificultando a colheita e reduzindo seu rendimento.
Provadores de cafés especiais consideram que, quanto maior for o ciclo entre a florada e a maturação, melhor será a qualidade do café. Sendo assim, variedades tardias e regiões mais frias podem favorecer a produção de cafés especiais.
A maturação dos grãos pode ser afetada por inúmeros fatores, como: fertilidade do solo, disponibilidade de água, espaçamento, cultivares, incidência luz e altitude.
Ganhos econômicos
A colheita é uma das operações mais dispendiosas da cadeia produtiva do café. O problema é ainda mais grave em algumas cultivares que,sob certas condições de implantação da lavoura, manejo e clima, podem apresentar três ou mais floradas, em que a maturação dos frutos fica muito desuniforme.
Não só a colheita é prejudicada, como também há redução do rendimento no “descascamento“ do café. O excesso de frutos verdes na colheita causa prejuízos na classificação por tipo, desgaste da planta, no peso dos grãos, no rendimento da colheita, na qualidade da bebida e no valor do produto final.
Os ganhos de preço provenientes do preparo adequado do café podem variar de 10 a 20% devido ao bom aspecto do produto, enquanto a qualidade da bebida pode incrementar em até 60% o valor do grão.
A interação entre a cultivar, o nível tecnológico de produção, solo, relevo, altitude e o clima determinam a qualidade do café. A maturação depende diretamente da uniformidade da florada, sendo um dos principais fatores na escolha da cultivar para a formação da lavoura.
Algumas cultivares, como CatuaÃ, têm tendência de produzir floradas desuniformes e, consequentemente, maturação desigual. A colheita seletiva dos frutos maduros (cerejas) proporciona cafés de excelente qualidade.
Atualmente, no Brasil, com a crescente adoção de tecnologias, já é possível realizar a colheita seletiva de forma mecanizada, possibilitando, cada vez mais, menores porcentagens de frutos verdes.
Outra alternativa para a uniformidade de maturação, porém, não a mais adequada, por ser paleativa, consiste no uso de substâncias reguladoras da maturação dos frutos, como por exemplo o etileno, que é um hormônio de maturação de frutos, acelerando assim o amadurecimento dos frutos mais verdes.
Pode-se também optar pela aplicação do inibidor da biossíntese de etileno nos frutos, denominado AVG (amino-etoxivinilglicina), que pode uniformizar a maturação e reduzir a queda de parte dos frutos provenientes das primeiras floradas.
Neste caso, a maturação desses frutos precoces é retardada, fazendo-os esperar o término do desenvolvimento dos frutos das floradas mais tardias.
Potássio na qualidade dos grãos de café
A nutrição do cafeeiro proporciona elevados ganhos na produção, sendo que, atualmente, também é evidenciada a relação entre o teor de nutrientes com a qualidade da bebida. O potássio (K), na nutrição de plantas, é considerado como o “elemento da qualidade“, o qual participa de processos ligados à síntese de componentes bioquímicos que são determinantes para a qualidade dos grãos.
Conforme pesquisas desenvolvidas, cafés de qualidade superior possuem maior atividade enzimática da polifenoloxidase e maior Ãndice de coloração nos frutos. O potássio proporciona uma maior atividade enzimática da polifenoloxidase e eleva o Ãndice de coloração nos frutos, além de estar ligado à redução da acidez da bebida.
Nesse sentido, o K está estreitamente relacionado com a qualidade dos frutos, em especial com a cor da casca, aroma, tamanho, ºbrix e uniformidade da maturação.
No cafeeiro, a adubação potássica é normalmente realizada em parcelamentos de duas a quatro vezes a cada ano, durante o período chuvoso. Trabalhos realizados mostram eficiência na qualidade e na produtividade do café, com o uso de doses de K2O em torno de 270 kgha-1.