As principais hortaliças comercializadas nas centrais de abastecimento (Ceasas) no país apresentaram alta nos preços. É o que revela o 2º Boletim Prohort de Comercialização de Hortigranjeiros nas Ceasas em 2016, divulgado nesta terça-feira (23) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este comportamento já é esperado para o período e reflete a menor oferta dos produtos, provocada em grande parte, pelas condições climáticas mais desfavoráveis para produção de hortaliças. O estudo avalia os valores praticados em janeiro deste ano.
Entre os produtos analisados, tiveram maior destaque cenoura e tomate que registraram as maiores elevações. A menor alta da cenoura foi verificada no Rio de Janeiro, com percentual de 14,5%, enquanto a maior em Campinas, chegando a 65%. O plantio e a colheita do produto no Sul do país foram afetados pela incidência de chuvas, diminuindo a oferta do produto no mercado interno. Já o tomate chegou a registrar alta de 84,6% no Rio de Janeiro e de 70,5% no Espírito Santo. No entanto, para fevereiro a tendência é que os preços comecem a se acomodar, uma vez que os valores remuneradores do produto e a diminuição das chuvas incentivem uma maior produção da cultura, aumentando a oferta de tomate.
Também acompanharam o movimento de alta, devido as constantes chuvas, batata, registrando elevação de 20,5% em Campinas, alface com Ãndice chegando a 37,2% em São Paulo, e cebola com acréscimo de 34% em Vitória.
Frutas – O aumento dos custos de produção registrados em 2015 tem preocupado o setor de maneira geral. Caso este movimento se mantenha, o cultivo de determinados produtos pode ser limitado, provocando reduções de área ou migração para outras culturas mais atrativas. Além disso, as altas temperaturas e a restrição de irrigação provocam baixa produtividade ocasionando tendência de alta para os próximos meses. A elevação do dólar continua favorecendo as exportações, também causando impacto na oferta das frutas no mercado interno.
A banana registrou a maior alta no Rio de Janeiro, com 33,8%, e a principal queda foi verificada no Paraná, chegando a 15%. As chuvas ocorridas no final do ano passado e início de 2016 ajudaram a alavancar a produtividade em algumas regiões. No entanto, o prosseguimento das precipitações em determinadas áreas produtoras afetou a produtividade e a qualidade do produto.
As condições climáticas também influenciaram na comercialização da melancia, uma vez que a safra que abastece o mercado atualmente está localizada no Sul do país, pressionando os valores comercializados. Já o mercado de São Paulo registrou queda nos preços, devido a entrada da safra de alguns municípios do próprio estado que conseguiu atender a demanda interna.
A maior alta do mamão foi verificada no Espírito Santo. As altas temperaturas e o pouco volume de chuvas no estado capixaba impactaram na produtividade da safra, diminuindo a oferta do produto na região. Algumas centrais de abastecimento, no entanto, apresentaram maior oferta do produto devido a produção baiana, pressionando para baixo os preços, como ocorreu em Fortaleza.
Já a laranja apresentou desenvolvimento acelerado em meio às chuvas constantes, ocasionando a colheita intensa e antecipada nos meses de dezembro e janeiro. Todavia, esse crescimento acelerado faz com que o produto fique fora do padrão do mercado atacadista in natura, sendo absorvido pela indústria, havendo assim redução na oferta do produto em praticamente todos os entrepostos. A fruta registrou queda de preços de 9,6% em São Paulo e alta de 28,5% no Paraná.
A maçã foi a única fruta a apresentar um comportamento uniforme nos preços, com alta em todos os entrepostos pesquisados. Esse aumento nas cotações é reflexo dos altos custos necessários à manutenção da fruta. Além disso, intempéries climáticas ocorridas durante o período de desenvolvimento e maturação da maçã resultam em uma menor disponibilidade do produto nos mercados.
Comercialização – Neste mês, o estudo também traz a comercialização dos hortigranjeiros realizada em 2015. Ao longo do ano, foram ofertados 15,8 milhões de quilos de produtos hortigranjeiros nas centrais de abastecimento em todo o país, movimentando mais de R$ 30 bilhões. A quantidade comercializada apresenta uma queda de 2,1% em relação a 2014, mas houve um aumento de 4,6% no valor transacionado. Esta queda no quantitativo pode ser explicada pelas questões climáticas registradas no ano passado, além da restrição da irrigação e do aumento no custo dos insumos, o que impacta na oferta e, conseqüentemente, no aumento dos preços dos produtos.
O levantamento é feito nos mercados atacadistas, por meio do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), executado pela Conab, e considera a maioria dos entrepostos localizados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná e no Ceará.