Paula Leite dos Santos
Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP ““ Botucatu
paulinha_leite_santos@hotmail.com
O abacateiro (Persea americana) é uma cultura altamente adaptada a diferentes condições edafoclimáticas, cultivado em países como México, Chile, EUA, África do Sul, Espanha, Israel, Austrália, Nova Zelândia e Peru.
Paralelamente à expansão da cultura, problemas de ordem fitossanitária acarretaram no aumento, tanto em número quanto em intensidade, de doenças de importância econômica. As principais doenças fúngicas que ganharam destaque devido aos danos e perdas econômicas são listadas a seguir.
Podridão das raízes do abacateiro
Causada pelo fungo Phytophthora cinnamomi Rands, a podridão das raízes do abacateiro é uma das principais doenças da cultura mundialmente, ocorrendo em fase de viveiro e campo.
Os sintomas iniciam-se pelo amarelecimento das folhas e posterior queda das mesmas, expondo os ramos e causando, ainda, seca dos ramos e ponteiro. Sintomas nos frutos são raros, porém, é comum a aparição repentina de frutos menores, antecedendo assim a morte da planta. Nas raízes ocorre descoloração e necrose, e as radicelas aparentam total destruição.
Manejo fitossanitário
Para controle indicam-se porta-enxertos de sementes tolerantes ao fungo, assim como obtenção de mudas saudáveis. Deve-se proceder à remoção de restos culturais e evitar o plantio em áreas encharcadas.
Os produtores devem se atentar ao balanço nutricional, pois altos níveis de nitrogênio e pH, assim como baixos níveis de cálcio e fósforo, favorecem a predisposição da planta à doença.
Ferimentos nas raízes e troncos devem ser evitados, pois são vias de entrada para o fungo. A aplicação de fungicidas é indicada apenas quando a doença for descoberta prematuramente, sendo utilizados metalaxyl (via solo) e fosetyl alumÃnio (via foliar). A utilização de injeção de fosetil-Al no tronco após a brotação das árvores apresenta um bom efeito curativo, porém, o custo para o produtor é elevado.
Gomose, podridão do pé ou cancro
A gomose, podridão do pé ou cancro, é causada pelo fungo Phytophthora citricola, que ataca a coroa e a parte inferior dos troncos do abacateiro. Observa-se exsudação da goma próximo ao colo, proveniente do fendilhamento da casca. Os tecidos abaixo da casca fendilhada possuem cor amarronzada e necrose. Se o cancro chegar a circundar todo o tronco, a planta não resistirá e morrerá.
O controle segue as recomendações para a podridão das raízes. Ressalta-se que a prática de raspar os tecidos infectados apenas intensifica a doença. Porém, se a raspagem for seguida pelo pincelamento com fosetil-Al, há um efeito curativo, pois ao expor o floema aumenta-se a ação do fungicida.
Em partes com ferimentos, deve-se pincelar o tronco a fim de se evitar infecções, porém, tal método não possui efeito curativo.
Cancro e podridão de fruto
Causada pelo fungo Dothiorella gregaria Sacc., a podridão de fruto afeta todas as partes da planta. A doença se manifesta nos ramos e troncos por meio de fendilhamento e escamamento, observando-se nos pontos fendilhados uma massa branca e pulverulenta, e lesões no fruto.
Os locais afetados apresentam descoloração e necrose dos vasos, ocorrendo interrupção do fluxo da seiva, causando a seca dos ramos e podendo ocasionar a morte do abacateiro.
Como controle, devem-se eliminar ramos secos, frutos e árvores sintomáticas. O plantio deve ser em áreas drenadas e com equilíbrio de matéria orgânica. Após a poda, aplicar fungicidas cúpricos e pasta cúprica para proteger ferimentos. Alguns fungicidas à base de enxofre registrados para a cultura podem ser empregados.
Em locais com alta incidência da doença, recomenda-se uso de porta-enxertos, além da aplicação de fungicidas cúpricos na região de enxertia.
Verrugose ou sarna
Causada pelo fungo Sphaceloma perseae, esta é uma das principais doenças da cultura por depreciar a aparência do fruto, causando queda prematura e redução do tamanho e qualidade dos mesmos.
Os frutos apresentam pequenas pontuações eruptivas, de 5 a 6 mm de diâmetro, na cor marrom, que aumentam rapidamente e coalescem, porém, a infecção não atinge a casca.
Nas folhas observam-se pequenos pontos achocolatados, de 1 a 2 mm, com formato arredondado quando no limbo das folhas e leve alongamento quando nas nervuras. Ao sofrer ataque severo, as folhas se deformam, rompendo-se o limbo foliar e diminuindo a área fotossintética.
O controle da verrugose se dá pela utilização de cultivares resistentes. Indicam-se fungicidas cúpricos ou ditiocarbamatos registrados para a doença. No caso dos frutos, o controle inicia-se ao caÃrem aproximadamente 2/3 das pétalas, até que os frutos atinjam 5 cm de diâmetro.