Carlo Corabi
Engenheiro agrônomo, doutor e consultor técnico da AgroProjetos Consultoria & Projetos
Dentro do grupo dos legumes orgânicos mais comercializados, o pepino(Cucumissativus L., Cucurbitaceae) vem se destacando fortemente no consumo varejista. Isso se deve principalmente às suas características nutricionais e ao seu baixÃssimo teor calórico, levando-o a ser cada vez mais valorizado com a crescente preocupação da população pela busca de uma alimentação mais saudável, equilibrada e isenta de produtos químicos potencialmente prejudiciais ao organismo.
Rico em potássio, fibras e com reconhecida propriedade diurética, tem sido indicado como importante componente nas dietas balanceadas e em grande número de saladas. Além disso, com a atual difusão dos sucos “detox“, seu consumo tem aumentado bastante por se tratar de um componente que combina e complementa-se adequadamente com várias outras hortaliças, atribuindo ao mesmo tempo um gosto suave e refrescante na bebida.
Produção orgânica
Sua produção na forma de manejo orgânico não é tão simples como outras hortaliças, como por exemplo, as folhosas, de maneira geral, exigindo cuidados técnicos e uma condução bastante criteriosa por parte do agricultor.
Embora ainda em fase de disseminação no País, a adoção da cultura orgânica certificada representa um grande avanço na direção de uma alimentação mais saudável, isenta de agroquímicose comprometida com o meio ambiente e com a saúde do agricultor e do consumidor.
Dificuldades
Dentre as principais dificuldades do cultivo, podemos apontar as condições climáticas e edafobiológicas locais, bem como a incidência de pragas e doenças, as quais, em seu somatório, podem até mesmo inviabilizar a produção, caso não sejam amenizadas mediante técnicas adequadas e sustentáveis.
Além disso, como decorrência de manejo inadequado, fatores que afetam o aspecto visual do fruto, como a ocorrência de deformações de ordem nutricional (frutos tortos ou com cintura) e a ocorrência do sintoma da “barriga branca“, que é a falta de pigmentação em determinada região do fruto, podem contribuir substancialmente para a depreciação de seu valor de mercado.
Condições ideais
O pepino é uma planta basicamente de clima tropical, portanto, adaptada a condições de alta temperatura (20-30ºC), mas adapta-se também a regiões mais amenas e com altitudes mais elevadas, ao redor de 800-1.000m, desde que não sujeitas a frio intenso ou geadas.
O período chuvoso, desde que em condições de drenagem adequadas, favorece uma alta produtividade. Em regiões de baixada os plantios ocorrem principalmente de março a agosto, enquanto que em regiões mais elevadas vão de agosto a abril, dependendo das variações locais e disponibilidade de condições à época.
Manejo
Dentro do aspecto botânico, é uma herbácea anual, com hábito de crescimento volúvel, e sendo uma liana (trepadeira) pode ser cultivada na forma rasteira ou conduzida por tutores.
Seu hábito de florescimento é predominantemente monoico, apresentando flores unissexuadas masculinas e femininas, mas esta característica pode variar bastante em variedades melhoradas geneticamente, havendo cultivares no mercado que são basicamente ginoicas, o que otimiza o fluxo metabólico e, consequentemente, gera um substantivo aumento na produção de frutos.
Além deste fator, deve ser considerado o teor de nitrogênio, que além de favorecer o número de flores femininas também reduz o abortamento e auxilia na melhor conformação do fruto. A ocorrência de fertilização por polinizadores (abelhas), embora fundamental para algumas variedades, nem sempre é desejada. Certas variedades, em ambiente aberto, produzem frutos de má conformação e, nestes casos, é indicado o uso de cultivares partenocárpicas, as quais geram frutos sem sementes e com um padrão comercial mais estável.
Variedades
No mercado brasileiro são comercializados basicamente variedades de quatro grupos de pepinos. A preferência de consumo pelos diferentes tipos apresenta variação de acordo com a região e exigências gastronômicas, além da facilidade de produção nas condições climáticas locais. Nas regiões sudeste e sul, os grupos mais cultivados são Aodai, Caipira e Japonês.