Arthur Netto
Consultor florestal InvestAgro
Atualmente, a produção florestal limita-se a um único produto: a madeira. Mas não podemos desconsiderar o restante do ecossistema florestal, que oferece uma enorme variedade de produtos e benefícios representando importantes recursos socioeconômicos por meio dos potenciais alimentÃcios, oportunidades de emprego, turismo e outros produtos, além dos madeireiros.
Segundo a Organização das Nações Unidas para o Combate à Fome (FAO), produtos florestais não madeireiros são definidos como: “Todos os bens de origem biológica, assim como os serviços derivados da floresta e terra sob uso similar e exclui a madeira em todas as suas formas“.
Os produtos florestais não madeireiros (PFNMs) podem ser classificados em categorias como:
“¢ Alimentares: frutas silvestres, sementes, palmitos, cogumelos, mel, nozes;
“¢ Medicinais: ginkgo biloba, fáfia, espinheira santa, chá de bugre;
“¢ Materiais estruturais: bambu, ratam, cipós;
“¢ Bioquímicos: látex, resinas, tanino, óleos essenciais, corantes;
“¢ Forragens: folhas de palmeiras;
“¢ Plantas ornamentais: orquÃdeas, bromélias, samambaias;
“¢ CombustÃveis: metanol, lenha, nó de pinho;
“¢ Vida animal: pássaros, répteis, peixes insetos (alimentação, penas pele). Esta classificação é utilizada pela FAO na Europa;
“¢ Conservação ambiental: lazer, recreação (turismo ecológico), proteção dos solos e das águas (serviços).
Mercado para PFNMs
Os produtos madeireiros apresentam, hoje, um dos grupos mais desafiadores do ponto de vista mercadológico graças a seu número, versatilidade, variedade de usos e diferenciação de outros produtos básicos.
O mercado de produtos não madeireiros que são utilizados como matéria-prima para a indústria é normalmente qualificado em duas categorias principais: o mercado da matéria bruta, não beneficiada, e o mercado dos produtos semimanufaturados, tanto para o consumidor final como o fornecimento para a utilização em outras indústrias.
Hoje existe uma grande carência de informações no que se refere ao mercado de produtos não madeireiros. Alguma difusão de informação e oferta de cursos relacionados a produtos não madeireiros têm sido oferecidos aos países em desenvolvimento, mas não por iniciativas governamentais.
Esforços em diversos âmbitos por meio de ONGs e outras fundações têm sido realizados com o objetivo de oferecer treinamentos aos interessados em trabalhar com produtos não madeireiros, em função de um manejo sustentado.
Relevantes materiais para treinamento têm sido produzidos pela FAO e pelo ITC (International Trade Center), e por outras organizações, para seminários e workshops de marketing de produtos não madeireiros.
Mercado mundial de PFNM
Segundo a FAO, pelo menos 150 PFNMs apresentam significativa participação no mercado internacional, chegando a US$ 10 bilhões ao ano. Países com China, Índia, Indonésia, Malásia, Tailândia e Brasil são grandes players de exportação de produtos florestais não madeireiros para países como Estados Unidos, União Europeia e Japão.
Consumidores nos Estados Unidos e na Europa cada vez mais optam por cosméticos naturais e por medicamentos fitoterápicos. A Europa possui um mercado melhor regulado e estabelecido, sendo a Alemanha o principal país consumidor, seguida pela França e pela Itália.
Por outro lado, é preciso lembrar que apesar da maior parte dos fitoterápicos ser classificada como produto florestal não madeireiro (extrativismo), o seu sucesso comercial, em parte, estimulou o seu cultivo e produção por sistemas agrícolas.
Mercado brasileiro
Segundo o IBGE, a produção florestal brasileira somou R$ 18,4 bilhões em 2012. Desse total, 76,9% são do cultivo de florestas com espécies exóticas ou nativas e 23,1% de produtos simplesmente coletados em áreas florestais naturais.
Dentre os produtos florestais não madeireiros, durante o ano de 2012, destacou-se o açaí (fruto) totalizando 7,9% de participação (R$ 336,2 milhões).
Piaçava
Utilizada na fabricação de vassouras, escovas, cobertura de quiosques, cordas para amarrar navios, cordões, cestos, alçapões de pesca, balaios, etc., funcionando também como excelente isolante térmico.
Castanha do Pará
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Árvore de grande porte, de ocorrência natural na região Amazônica, produz amêndoa, que é muito rica em gorduras e proteínas: verdadeira “carne vegetal”, a proteÃna contida em apenas duas de suas amêndoas equivale à de um ovo de galinha.
Além de poder ser consumida fresca ou assada e ser um tira-gosto muito apreciado em todo o mundo, a castanha-do-brasil, como também é conhecida, participa como ingrediente da composição de inúmeras receitas de doces e de salgados.