Roberto de Albuquerque Melo
Engenheiro agrônomo e professor adjunto do Departamento de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
 Luiz Jorge da Gama Wanderley Júnior
Engenheiro agrônomo e diretor-presidente da Hortivale® ““ Sementes do Vale Ltda.
A alface tem seu centro de origem em regiões de clima temperado, no sul da Europa e na Ásia Ocidental, resistindo a baixas temperaturas. É uma cultura que no início era mais cultivada no outono e no inverno, no centro-sul do Brasil. Depois, com o desenvolvimento de programas de melhoramento genético de alface, os melhoristas lançaram cultivares tolerantes ao pendoamento precoce. Dessa forma, possibilitou-se seu cultivo ao longo de todo o ano e nas demais regiões fisiográficas do país.
No verão, os preços são mais elevados devido ao aumento do consumo atrelado a uma dificuldade maior para o agricultor cultivar pelo fato de a temperatura ficar mais elevada, uma vez que o clima é menos favorável ao cultivo dessa hortaliça. É nessa época que geralmente a qualidade da alface produzida fica comprometida e os preços são elevados.
Portanto, o melhor período para a produção de alface é quando as temperaturas estão menos elevadas. Em dias curtos e com temperaturas amenas, entre 20 e 25 °C, o desenvolvimento vegetativo é favorecido para a maioria das cultivares. No entanto, o mercado consumidor está acostumado a comprar alface todos os dias e, por isso, o campo cultiva essa folhosa mesmo em períodos não tão apropriados para atender a essa demanda.
Cabem a todos que fazem parte dessa cadeia driblar as adversidades que surgem, usando os recursos disponíveis, sobretudo variedades mais adaptadas a altas temperaturas e melhoria de condições de cultivo, tais como uso de telados com ventilação e redução de luminosidade, plantio em regiões de altitude, onde as temperaturas naturalmente são mais amenas, entre outros.
Recomendações
As alfaces de folha solta lisa ou crespa são mais tolerantes a temperaturas elevadas do que as alfaces americanas. Dessa forma, quem cultiva alface americana deve procurar regiões com temperaturas amenas para obter o embricamento das folhas e, consequentemente, a formação de uma cabeça de qualidade.
Para quem cultiva em ambiente protegido, é preciso empregar estruturas que facilitem a saÃda do ar quente. Há, no mercado, tecnologias que ajudam a diminuir e/ou dispersar o calor no ambiente agrícola, como: utilização de casas de vegetação com o pé direito mais elevado; abertura zenital; e colocação de janelas e exaustores.
Em campo aberto, pode-se utilizar coberturas plásticas para o controle de plantas invasoras, ou seja, mulching, com uma coloração que não atraia ou disperse o calor. I sistema de irrigação por microaspersão permite, além da irrigação, um resfriamento das folhas nas horas mais quentes do dia, o que é benéfico para regiões com temperatura elevada.
O alfacicultor, quando for adquirir um novo cultivar, deve observar as características que estão nos catálogos das empresas de sementes ou instituições de pesquisa e o segmento de mercado que se pretende atender. Ele precisa verificar as doenças e pragas para as quais o material tem tolerância ou resistência e para que época do ano ele foi desenvolvido.
Após a escolha do cultivar, deve-se ter em mente que é essencial a aquisição de mudas de qualidade. Para isso, é necessário buscar empresas idôneas e que sejam registradas. Há no mercado viveiros especializados e que produzem mudas de excelente qualidade, isentas de pragas e doenças.