Aline Mendes de Sousa Gouveia
Marcelo de Sousa Silva
Engenheiros agrônomos e doutorandos em Agronomia (Horticultura) – FCA/UNESP campus de Botucatu (SP)
O rabanete (Raphanus sativus L.) é uma Brassicaceae, originária da região Mediterrânea. Cultivada na Europa desde a antiguidade, adaptou-se melhor ao plantio de outono-inverno, tolerando bem o frio e a geada leve, com desenvolvimento preferivelmente em solos mais leves.
Dentre as hortaliças, vem ganhando destaque entre os produtores por ser uma das culturas de ciclo mais curto, em torno de 25 a 35 dias, tornando-se uma opção de rápido retorno econômico e na rotação de plantio com culturas de ciclo mais longo.
Importância econômica
No Brasil, esta hortaliça é cultivada tradicionalmente em pequenas propriedades dos cinturões verdes das regiões metropolitanas. Apesar de ser uma cultura que representa pouco em área plantada, é grande o número de pequenas propriedades que a utiliza como alternativa na entressafra de outras hortÃcolas.
Sua produção está concentrada nos Estados das regiões sul e sudeste, sendo Paraná e São Paulo os maiores produtores, com produtividade variando em torno de 15 a 30 t ha-1 (Aphortesp, 2016).
A produção brasileira anual é de aproximadamente 9,1 mil toneladas, comercializadas a um preço médio por quilo de R$ 0,47, gerando uma receita média de R$ 4,3 milhões. O Estado de São Paulo é responsável por aproximadamente 30% da produção nacional de rabanetes, gerando um montante de R$ 1,3 milhão. Vale destacar que a maior parte da produção se encontra em propriedades com até 20 ha (74%), e a menor em propriedades com 100 a 199 ha (0,73%).
Comercialização
O rabanete é o 87º produto mais comercializado na Ceagesp e sua oferta no mercado nacional possui um padrão sazonal bem definido, ou seja, nos meses de safra de abril a dezembro os preços estão abaixo da média anual, e nos meses de entressafra – janeiro a março, os preços estão acima.
O volume de comercialização na Ceagesp (São Paulo) é muito variável entre os meses e os anos, sendo o auge nas vendas desta hortaliça no mês de junho e a menor oferta no mês de fevereiro. Em 2017 foram comercializadas 1,5 mil toneladas de rabanete, sendo a principal cidade fornecedora Piedade, no interior paulista (75%).
Embora apresente uma produção pouco expressiva em termos volume, a cultura do rabanete gera boa rentabilidade aos produtores rurais que, em época de entressafra de culturas de ciclo mais longo, conseguem obter melhor rendimento operacional das áreas e, consequentemente, bons retornos em produção e lucratividade.
Custo
O custo de produção da cultura é uma importante ferramenta para a gestão do empreendimento rural, pois permite melhor controle e gerenciamento das atividades e gera informações que irão subsidiar a tomada de decisão do gestor na propriedade rural, por optar pelo sistema de monocultivo ou cultivo consorciado.
As operações de preparo do solo (aração e gradagem), marcação do local de plantio (rotoencanteirador), capinas manuais, adubações, aplicação de defensivos (fungicidas e inseticidas), sistema de irrigação e a atividade pós-colheita (lavagem, classificação e acondicionamento das raízes para comercialização) devem ser levadas em conta.
Além disso, os desembolsos efetivos realizados durante o ciclo produtivo, englobando despesas com mão deobra, reparos e manutenção de máquinas, implementos e benfeitorias específicas, operações de máquinas e implementos, insumos e, ainda, o valor da depreciação de máquinas, implementos e benfeitorias específicas do processo produtivo devem ser contabilizados.
São poucas as informações sobre o custo de produção total. Sabe-se que o maior custo é com mão de obra, com 72 homens/dia por hectare, principalmente para a realização dos tratos culturais. Porém, a maior utilização de mão deobra se concentra na fase da colheita e pós-colheita.
Produtividade
 Uma área efetivamente cultivada com rabanete (01 hectare = 10.000 m2) em sistema de monocultivo, com espaçamento entre plantas de 08 e 15 cm entrelinhas, totalizando uma população de plantas em torno de 833 mil plantas, apresenta uma produtividade média de 29 toneladas por hectare.
Já em sistema consorciado, com espaçamento de 08 cm entre plantas e 10 cm entrelinhas, com área de 6.600 m2, totalizando 825 mil plantas, apresenta uma produtividade média de 21 toneladas por hectare.
Solos
A cultura adapta-se melhor a solos de textura leve, destorroados e livres de pedras. Deve-se evitar áreas que acumulam muita água, solos encharcados, e em períodos chuvosos adotar canteiros altos para evitar encharcamento na base das plantas.
Antes da instalação da cultura recomenda-se análise de solo, pois a partir desta pode-se indicar o manejo da calagem, com cerca de 40-60 dias antes da semeadura, visando uma saturação por bases (V) de 70 a 80% e pH de 5,5 a 6,5. Quanto à adubação orgânica, recomenda-se de 20 a 40 t ha-1 de esterco bovino bem curtido ou composto orgânico, e pode-se usar também ¼ dessa quantidade de esterco de galinha, sendo a maior dose recomendada para solos arenosos.
A dose adequada depende do histórico da área e do teor de nutrientes do adubo orgânico escolhido pelo produtor, cuidadosamente incorporado ao solo entre 10 e 20 dias antes da semeadura. Para adubação de cobertura recomenda-se parcelar em até duas aplicações, iniciando sete a 10 dias após a semeadura. Recomenda-se, ainda, de 30 a 80 kg/ha de N, 30 a 60 kg ha-1 de K2O e 02 kg ha-1 de B.
Plantio
Na cultura do rabanete é recomendada a semeadura direta, por ele ser intolerante ao transplante de mudas. A semeadura é feita em sulcos com 1,0 a 1,5 cm de profundidade e espaçamento entre sulcos longitudinais de 20 a 25 cm, pois, se semeado mais profundamente há riscos de deformação das raízes.