Ricardo KobalRaski
Engenheiro agrônomo, auditor fiscal federal agropecuário do Departamento de Sanidade Vegetal – Secretaria de Defesa Agropecuária
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Embrapa Mandioca e Fruticultura anunciaram no final de agosto o Plano Nacional de Contingência para o Mal do Panamá ““ doença considerada hoje como a principal ameaça aos bananais em todo o mundo. O plano prevê a adoção de medidas para evitar a introdução de nova raça de fungo do Mal do Panamá no Brasil. Trata-se de uma nova raça 4 tropical de fungos que está causando grandes perdas no sul da Ásia, Oriente Médio e Moçambique.
Por aqui
A banana é a fruta mais consumida no Brasil, sendo produzida em todos os 26 Estados e no Distrito Federal. São plantados ao redor de 500 mil hectares (isto é o equivalente a quase 500 mil campos de futebol), por 480.000 produtores.
Nosso país é o 5º produtor mundial da fruta, superado apenas por Índia, China, Filipinas e Equador.
Em 2016 a produção brasileira foi de 6.800.000 toneladas de banana. Para ficar mais claro, um cacho de banana pesa perto de 20 quilos, o que equivale a 50 cachos por tonelada. O valor bruto recebido pelos produtores foi de R$ 5,8 bilhões, ou seja, a banana é ingrediente da nossa alimentação diária, e importante gerador de renda e empregos dentro da fruticultura brasileira.
Sintomas
Tanto para a R4T como para outras raças do fungo causador do mal doPanamá, a bananeira apresenta sintomas externos e internos típicos. O sintoma externo típico é o amarelecimento nas bordas das folhas, que começa pelas folhas mais velhas e evolui para as jovens. Com o tempo elas se quebram e ficam penduradas em voltada planta, parecendo uma “saia“.
Porém, em alguns clones de bananeiras as folhas das plantas afetadas mantêm-severdes até se quebrarem e formarem a “saia“.A planta doente ainda pode crescer, mas as folhas novas ficamser menores, enrugadas e mais claras, comprodução de muitos filhotes. Entretanto, a planta acaba por morrer e os filhotes, mesmo com aparência sadia, tambémestarão contaminados.
Os frutos não mostram sintomas. Podem surgir rachaduras longitudinais no pseudocaule, quepor dentro mostra perda de cor, com amarelecimento inicial dos tecidos vasculares nas raízes até uma podridão finalde cor escura nos tecidos.
Condição brasileira
A raça 4 tropical (R4T) do fungo causador do mal doPanamá ou fusariose da bananeira não está atualmentepresente no Brasil nem em qualquer outro país das Américas.
Trabalha-se para prevenir a entrada desta nova raça do fungo no Brasil porque ao redor de 90% das principaisvariedades de banana atualmente cultivadas em nosso país, como banana nanica, os diversos tipos de bananaprata, bananas de cozinhar e fritar, como por exemplo, Figo e São Tomé, são suscetÃveis à nova raça 4 tropical domal do Panamá.
A raça 1 deste mesmo fungo está presente em todos os países produtores de banana. No Brasil, a banana maçã,muito suscetÃvel à raça 1 do fungo causador do mal do Panamá, teve sua produção muito reduzida.
Medidas preventivas
Tal como já ocorreu em outros países produtores de banana nas Américas, a primeira medida preventiva é olançamento do Alerta Fitossanitário. Por meio dele o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimentodivulga aos profissionais da área agronômica, aos produtores de banana e ao público em geral, que cuidadostomar para prevenir que a raça 4 tropical (R4T) do fungo causador da fusariose da bananeira chegue ao Brasil.
Adicionalmente, nos portos, aeroportos e postos de fronteira terrestre do Brasil, a fiscalização do VIGIAGRO(Vigilância Agropecuária Internacional) do Ministério da Agricultura fiscaliza produtos vegetais que chegam ao País.
Mudas e outras partes importadas de plantas de bananeiras, para uso comercial ou para pesquisa, são enviadaspara estações quarentenárias, onde permanecem até que todas as análises confirmem que o material está sadiopara uso.
Meios de disseminação
O vetor causador do mal do Panamá é um fungo de solo que pode permanecer viável por até 20 anos emsolos contaminados.Esse fungo se dissemina principalmente através de:
üMudas contaminadas (é o principal meio de disseminação);
üSolo de áreas contaminadas (que pode ser levado para novas áreas aderido em máquinas e equipamentosagrícolas, no solado de calçados e em roupas, solo removido por processos de erosão);
ü Restos de plantas de bananeira contaminadas;
ü Água de irrigação já contaminada com esporos do fungo.
Â