Escolher o recipiente mais adequado é preponderante para a obtenção de mudas de qualidade. Leva-se em conta, dentre outros fatores, o custo de aquisição, produção esperada, tempo de produção, área disponível, durabilidade, mão de obra e transporte.
A evolução do sistema
Antigamente a produção de mudas florestais, sobretudo para a espécies de Eucalyptus spp., era realizada em embalagem individual denominada torrão paulista, uma mistura de solo argiloso, arenoso e esterco curtido em partes iguais e prensadas a fim de produzir torrões sextavados.
Outras alternativas, como taquaras e materiais de papel, foram sendo empregadas até chegar aos dois recipientes mais utilizados atualmente para a produção comercial: sacos plásticos e tubetes.
Os sacos plásticos apresentam grande variedade de tamanhos, sendo indicados para produção de mudas de eucaliptos, pinus e nativas as dimensões de 09 x 14 cm ou 08 x 15 cm, com 0,07 mm de espessura. Para as espécies que necessitam de maior tempo no viveiro, recomendam-se sacos de até 11 x 25 cm, com espessura de 0,15 mm.
A relação entre a área prevista quanto ao tamanho dos sacos consiste em: para os menores tamanhos formam-se canteiros com, aproximadamente, 250 sacos por m², enquanto os sacos maiores, por ocuparem mais espaço, reduzem a área para 100 sacos por m².
Os tubetes de formato cônico providos de estrias laterais internas têm a função de direcionar as raízes para o fundo. Recomenda-se a capacidade de 50 cm³ para mudas de rápido crescimento (eucalipto, pinus e nativas) e de 100 cm³ para as mudas de crescimento mais lento.
São distribuídos em bandejas, em geral, alocadas a 0,80 m de altura. Para os tubetes de menor tamanho, a densidade recomendada é de 1.100 tubetes por m² de bandeja e para os tamanhos maiores há uma redução para 625 tubetes por m² de bandeja.
Vantagens e desvantagens de cada um
Como vantagens, os sacos plásticos têm menor custo inicial, facilidade de obtenção e menor exigência de reidratação do substrato em relação aos tubetes. Quanto às desvantagens, estas compreendem ao maior volume de substrato demandado para seu enchimento, maior peso final da muda pronta, necessidade de constante movimentação das mudas dos canteiros no chão (em função da penetração das raízes), maior incidência de doenças por patógenos de solo, enovelamento radicular (quando as raízes atingem a parte inferior do saco, o que implica em grande número de falhas no campo), maior dificuldade no transporte (grande movimentação do substrato, causando danos mecânicos às raízes e destorroamento), grande quantidade de resíduos gerados pós-plantio (com seu descarte) e impossibilidade do uso de mecanização nas etapas de produção.
Já os tubetes são recipientes de maior aceitação pelos viveiristas, pois além de permitirem produções em maior escala e uso racional de substratos, minimizam o enovelamento radicular, possibilitam o acondicionamento de um grande número de mudas dispostas em bandejas distribuÃdas em mesas suspensas (sem contato com o solo, reduzem a contaminação das raízes por patógenos de solo), automatização do sistema de produção e reutilização dos tubetes (dependendo de sua fabricação e adequado condicionamento) por no mÃnimo cinco anos.
Quanto às desvantagens, os tubetes requerem um rÃgido cronograma de produção e expedição das mudas para o campo, uma vez que a manutenção das mudas por um período prolongado do que o necessário para sua rustificação pode culminar em problemas radiculares (deficiência nutricional e mortalidade).
Custo x benefÃcio
O plantio em tubetes demanda um investimento inicial mais alto, pois além da estrutura para acondicionar os recipientes há o custo do próprio recipiente que, embora retornável, é mais elevado em relação aos sacos plásticos.
Entretanto, esse custo inicial pode ser diluÃdo durante o processo de produção de mudas, visto que o valor comercial das mudas de tubetes é 30% maior em comparação à quelas produzidas em sacos.
Além disso, o manuseio dos tubetes, por exigir menor mãodeobra, menor gasto com volume de substrato e redução do tempo de produção (por permitir a automação das etapas), incide em menor custo para o produtor.
A área necessária para produção das mudas no sistema de tubetes também é menor, assim como o consumo de água, insumos (aplicação de nutrientes e uso de defensivos) e quanto ao transporte (já que os tubetes ocupam menor espaço e podem ser empilhados em caixas plásticas, geralmente, aumenta-se em até quatro vezes a capacidade de cargas das mudas de tubete em relação às mudas de saco).
Escolha do substrato adequado
Para cada tipo de recipiente há um substrato mais adequado. Um bom material tem como características: firmeza e densidade suficientes para manter a estrutura de propagação em condições até a germinação ou enraizamento; ser suficientemente poroso para permitir a drenagem da água e aeração, estar isento de invasores e patógenos, composição quÃmica, física e biológica equilibradas, além de baixo custo e fácil aquisição.
Comumente, o substrato utilizado para o enchimento do sistema de mudas em sacos corresponde à mistura de terra, adubos orgânicos e químicos. Para os tubetes, são utilizadas vermiculitas e substratos comerciais à base de casca de pinus ou fibra de coco, enriquecidos com adubos.
Â