A agricultura brasileira e mundial é bastante afetada por várias doenças causadas por espécies do gênero Xanthomonas, ocasionando assim perdas substanciais em várias culturas de grande importância econômica. A podridão negra causada por Xanthomonas campestris pv. campestris, é considerada umas das doenças mais destrutivas de crucíferas.
A família Cruciferae/Brassicaceae inclui uma grande variedade de culturas de importância econômica cultivadas para alimentação, preparo de condimentos e plantas ornamentais. A podridão negra ocorre em todas as regiões produtoras de crucíferas em todo o mundo, causando perdas na produção e qualidade das culturas (CENARGEN, 2011).
Xanthomonas é um gênero da família da Pseudomonaceae. Com exceção da bactéria Xanthomonas maltophilia, todos os outros microrganismos desse gênero são fitopatogênicos. As bactérias pertencentes ao gênero Xanthomonas podem produzir goma xantana, um polissacarÃdeo de enorme interesse para as indústrias de alimentos, farmacêuticos e de petróleo. A goma apresenta capacidade de formar soluções viscosas e géis hidrossolúveis que lhe fornecem propriedades reológicas únicas.
Ataque ao repolho
A doença causada por uma bactéria de nome Xanthomonas campestris pv. campestris provoca perdas significativas quando atinge as cabeças de repolho. Outro efeito indireto ocorre quando as folhas são infectadas, pois ocorre a diminuição do peso dessas plantas.
Segundo o doutor em Agronomia e pesquisador do Incaper, Hélcio Costa, em condições favoráveis as perdas podem ser superiores a 50%, devido ao ataque da xanthomonas.
Condições para a doença
As epidemias são favorecidas por temperaturas entre 25 a 30ºC e presença de água de irrigação, de chuva ou de condensação, que se mostram favoráveis à penetração da bactéria. A penetração ocorre por meio de aberturas naturais (estômatos e hidatódios) ou por ferimentos provocados na superfície da parte aérea.
Controle
Atualmente, essa doença tem sido parcialmente controlada pela utilização de cultivares resistentes. Entretanto, essa bactéria ainda representa uma ameaça para agricultura do país e, portanto, métodos mais eficientes de controle dessa doença devem ser desenvolvidos.
Embora a sequência do genoma de X. campestris pv. campestris tenha sido revelada, informações a respeito da expressão de proteínas e genes desse patógeno em condições controladas ou na interação com a planta hospedeira permanecem escassos.
O emprego de sementes sadias é indispensável para controle dessa bacteriose. Pesquisas têm demonstrado que a infecção máxima tolerável em sementes de brócolis, nos EUA, é de 0,01%.
O tratamento térmico de sementes de repolho (imersão em água a 50ºC, durante 25min) durante 20min, é indicado. Trabalhos desenvolvidos no Brasil demonstram a eficácia do tratamento com água a 50ºC, por 30min, para erradicação de X. c. pv. campestris de sementes de repolho. Sementes tratadas nessas condições deram origem a menos de 2% de plantas doentes, enquanto a testemunha originou 70% de plantas com sintomas de podridão negra.
É recomendado a eliminação total, por meio de aração profunda, de restos culturas infectados, plantas voluntárias e plantas daninhas hospedeiras do patógeno. Em áreas anteriormente cultivadas com crucíferas, é aconselhável a rotação de culturas por um período de dois anos. O plantio de variedades ou híbridos com maiores níveis de resistência é recomendado.