De toda a safra de soja plantada, estima-se que 45% seja advinda de sementes sem certificação, ou seja, sementes próprias ou piratas
Ainda que a qualidade da semente escolhida seja essencial para o sucesso da lavoura, no Brasil há um longo caminho a se percorrer para conscientizar todo o setor agropecuário. De toda a safra de soja plantada, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) estima que quase metade (45%) seja originada de sementes piratas.
Isso porque o produtor ainda acredita estar fazendo economia ao adquirir esse tipo de semente, o que não é real, já que geralmente o material sem certificação perde em qualidade e produtividade.
José Américo Pierre Rodrigues, presidente da Abrasem ““ Associação Brasileira de Sementes e Mudas, informa que a região sul, principalmente o Rio Grande do Sul, e alguns pontos da região centro-oeste, são os principais problemas.“Nota-se uma crescente incidência de doenças (mofo branco, nematoides, cancros, etc.), e uma baixa produtividade“, pontua.
Para Carlos Ernesto Augustin, presidente da Aprosmat, “o Sul está Ã frente da pirataria pela facilidade de produzir sementes em clima frio. Há um volume de sementes salvas e/ou piratas maior do que a região centro-oeste em função da facilidade de fazer a produção com pouco equipamento“, justifica.
Prejuízos
Os principais prejuízos deixados pelas sementes piratas são fitossanitários (doenças), além de sementes com baixa germinação e vigor, gerando baixas produtividades.
Para Carlos Augustin, a semente pirata tem menos controle de qualidade, e com ela o agricultor comete uma série de irregularidades: prejudica a agricultura e pode contaminar fitossanitariamente uma região, além de partir para o lado criminoso, sujeito a sofrer processos judiciais.
Além dos problemas de baixa qualidade das sementes e outros já mencionados, outro prejuízo importante ressaltado por José Américo é a não remuneração da pesquisa. Sem o recolhimento de royalties sobre as sementes certificadas, as empresas têm sua capacidade de investimento em pesquisa muito reduzida, o que pode ocasionar uma diminuição no lançamento de novas cultivares e tecnologias, afetando o desempenho do nosso agronegócio. Além disso, a questão da sonegação de impostos também é importante.
Ao adquirir sementes certificadas, além da garantia de ter um produto de altÃssima tecnologia, sem incidência de doenças e de elevada produtividade, o agricultor tem a garantia de ter adquirido sementes legalmente estabelecidas. Caso ocorra qualquer tipo de problema com elas, há a quem recorrer. Além disso, as empresas de sementes oferecem assistência técnica e levam informações sobre as mais diversas cultivares disponíveis no mercado, novos produtos e tecnologias, etc.
É nÃtida a disparidade nos Ãndices de produtividade média das lavouras entre os Estados que têm maior e menor adoção da tecnologia. No Rio Grande do Sul, citada como exemplo por José Américo, a produtividade média da soja ainda é em torno de 40 sacas por hectare. “Nas regiões que adotam mais tecnologia, como Centro-Oeste, chega-se a 70 sacas por hectare de média“, compara.
No site da Abrasem (www.abrasem.com.br) está disponível um sistema de denúncias, online, totalmente anônimo, para enviar a denúncia que, posteriormente, será encaminhada ao MAPA para as providências cabÃveis, em nome da ABRASEM. Outrocaminho seria realizar essa denúncia diretamente ao MAPA, via Ouvidoria.