Amauri Antonio de Mendonça
Engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura de Álvares Florence/SP
Estima-se que no Brasil exista 50 milhões de árvores de seringueira (Hevea brasiliensis) “em produção”, sendo que, destas, 22 milhões estão no Estado de São Paulo. Calcula-se hoje que este Estado possua mais de 50 milhões de pés de seringueira, com uma área plantada em torno de 100 mil ha, respondendo por mais de 50% da produção nacional de borracha natural, seguido por Mato Grosso 25% e Bahia 14%.
Possibilidades de rentabilidade com essa espécie
Partindo do princÃpio que a borracha é matéria-prima estratégica para mais de 40.000 produtos, incluindo mais de 400 dispositivos médicos (MOOIBROEK & CORNISH, 2000) a seringueira possibilita:
-A produção de látex que transforma-se em borracha;
-Bom retorno econômico por hectare, principalmente para pequenos agricultores;
-Característica tÃpica de floresta tropical, protegendo o meio ambiente;
-Suas sementes produzem óleos vegetais;
-Suas floradas propiciam a apicultura;
-O preço da borracha tende à valorização, pois os plantios não acompanham o aumento do consumo;
-Sua madeira é nobre, podendo ser utilizada na fabricação de móveis;
-Melhora a qualidade do solo, pois as folhas e galhos que caem se transformam em matéria orgânica;
-Valorização da terra que, com o plantio, chega a dobrar de preço;
-As fábricas de pneus vêm substituindo os pneus convencionais pelos radiais, que consomem o dobro de borracha;
-Não há substituto sintético, e nem outras plantas, que possam produzir o látex com a qualidade e o preço que a seringueira produz.
Importância do planejamento na seringueira
A instalação da cultura deve obedecer as exigências agronômicas, como escolha do local e tipo de solo (frequência e velocidade dos ventos, fertilidade, declividade e profundidade do solo), escolha do(s) clone(s), aquisição de mudas de viveiristas idôneos, seleção das mudas para plantio, o plantio e condução devem obedecer as exigências agronômicas, evitando em todas as fases da cultura a competição com ervas daninhas, principalmente braquiárias.
Manejo ideal da floresta
Em primeiro lugar, o heveicultor deve acompanhar as atualizações tecnológicas para evitar ou minimizar erros. Além disso, a cultura deve ser mantida sempre livre de ervas daninhas, devem-se coletar os galhos de desrrama e tirar fora da área de trabalho, realizar adubação orgânica e/ou quÃmica, de acordo com a análise de solo, definir a frequência da sangria e acompanhar periodicamente a sangria (consumo de casca, profundidade e inclinação do corte e respeito a geratriz).
Também é preciso obedecer as recomendações técnicas para estimulação quÃmica, realizar inspeções de rotina para verificar a sanidade das plantas (folhas e ramos), realizando tratamentos fitossanitários, se necessário, realizar o tratamento fitossanitário no painel de sangria, obedecendo as recomendações técnicas e, de preferência, a alternância dos produtos.
Cultura complementar
Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) pressupõem o convÃvio, numa mesma área, de espécies de valor econômico com espécies da flora nativa. As vantagens para a implantação desses sistemas se resumem no fato de que a área com essa ocupação passa a ter um retorno econômico e possibilita, também, a recuperação florestal de áreas destinadas principalmente à Reserva Legal (RL).
No âmbito do Estado de São Paulo, a Lei n.º 12.927, de 23 de abril de 2008, regulamentada pelo decreto nº 53.939 de 06/01/2009, possibilita a recomposição de reserva legal, com a utilização de espécies arbóreas exóticas intercaladas com espécies arbóreas nativas de ocorrência regional ou pela implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs)(Manual Técnico CATI N.º 72).
Subprodutos da seringueira:
à Madeira (fase final de ciclo da cultura) – utilizado nos diversos segmentos.
à Óleo vegetal (sementes) – substitui o óleo de linhaça na indústria de tintas e na produção de sabão e resinas.
à Torta (após a extração do óleo) – alimentação de bovinos, suÃnos e aves.
à Mel (aproveitamento da florada).
Infelizmente, esses subprodutos são produzidos em pequenas ou nulas quantidades, ainda sem interesse econômico no Brasil.
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