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Sistema floating – Hidroponia de primeiro mundo, agora no Brasil

 

 O floating,um sistema de produção de hortaliças hidropônicas com vantagens em relação à hidroponia convencional, mostra grande potencial de crescimento no Brasil

No floating usa-seplacas de isopor com furos, onde se colocam as plantas - Crédito Luize Hess
No floating usa-seplacas de isopor com furos, onde se colocam as plantas – Crédito Luize Hess

A técnica de cultivo hidropônico é difundida em todo o mundo, porém, variações nos tipos de sistemas são constatadas. O sistema mais utilizado no Brasil é o NFT, com um amplo crescimento em substrato, também denominado semi-hidropônico, principalmente para o cultivo de hortaliças de frutos, como o tomate e o pimentão.

Entretanto, em outras partes do mundo cultivam-se vegetais em consorciamento com peixes, em um sistema denominado aquaponia, sistemas estes amplamente adotados na Austrália e Canadá.

O sistema floating, que é o objetivo central desta matéria, assemelha-se ao sistema aquapônico, porém, neste não há o consorciamento com peixes, sendo a necessidade nutricional das plantas suprida com uma solução nutritiva mineral, ou seja, solução esta responsável pelo aporte dos 14 elementos essenciais ao pleno desenvolvimento das plantas. Trata-se de um sistema amplamente utilizado em países como Holanda e Israel.

O floating possibilita plantas uniformes com pouco desperdício de água e de nutrientes - Crédito Luize Hess
O floating possibilita plantas uniformes com pouco desperdício de água e de nutrientes – Crédito Luize Hess

Peculiaridades do floating

Glaucio da Cruz Genuncio, doutor em Agronomia e pesquisador do Laboratório de Estudo das Relações Solo-Planta (LSP), explica que o sistema floating tem as mesmas vantagens que os demais sistemas hidropônicos, tais como a produção sem sazonalidade, ou seja, em várias estações do ano, além da maior possibilidade de obtenção de produtos de qualidade superior, com uma notória redução do ciclo das plantas e, consequentemente, diminuição do número de operações de manejo.

“Este sistema se destaca por possibilitar a obtenção de plantas uniformes com pouco desperdício de água e de nutrientes, e pela formação de uma camada de água que serve como isolante térmico“, detalha.

Entretanto, para se construir um sistema floating, algumas variáveis devem ser seriamente consideradas, sendo a primeira, de maior destaque, a necessidade fundamental das raízes respirarem. Assim, a injeção de ar comprimido no sistema é obrigatória. A concentração de O2 dissolvido neste sistema não pode ser menor que 8 mg/L, segundo explica o pesquisador.

O sistema é adequado apenas para hortaliças folhosas, tais como a alface, rúcula e coentro - Crédito Luize Hess
O sistema é adequado apenas para hortaliças folhosas, tais como a alface, rúcula e coentro – Crédito Luize Hess

Recomendações

Uma recomendação importante feita pelo pesquisador, caso seja feita a escolha no sentido de implantação deste sistema, é a adoção das tecnologias supracitadas, uma vez que a partir da adoção destas técnicas o produtor terá a garantia de cultivar alimentos hidropônicos em um sistema com maior economia de água, comparativamente aos demais sistemas hidropônicos.

Em sua concepção, o sistema tipo floating, DFT (Deep Film Technique) ou piscina consiste em deixar as plantas flutuarem sobre uma lâmina de solução nutritiva, devendo as mesmas serem oxigenadas para um bom desenvolvimento das raízes e, consequentemente, adequado desempenho das plantas.

Caracteriza-se por utilizar uma estrutura de cultivo que pode apresentar áreas de até 400 m2, com profundidades de até 0,5 m, onde as plantas permanecem flutuando na solução nutritiva por todo o período de cultivo. Daí o nome piscina, pois diferentemente dos outros sistemas de hidroponia, há uma espessa camada com solução nutritiva sob as plantas.

Aposta que deu certo

Alan Romnei de Andrade Resende, produtor de Uberlândia (MG), apresenta dos benefícios do floating - Crédito Luize Hess
Alan Romnei de Andrade Resende, produtor de Uberlândia (MG), apresenta dos benefícios do floating – Crédito Luize Hess

Foi em 2015 que um produtor de Uberlândia (MG) resolveu inovar sua forma de fazer hidroponia. Alan Romnei de Andrade Resende e seu pai, Arnaldo Sousa de Resende, montaram em sua propriedade uma realidade que já existe em países de primeiro mundo, mas que na concepção deles deveria vir para o Brasil.

“Interessei-me em saber por que o sistema não era usado no Brasil, tendo em vista as vantagens que o floating oferecem em comparação ao sistema hidropônico convencionalmente usado no Brasil (NFT), como a baixa dependência de energia elétrica. Isso porque quando a água está bem oxigenada e o controle do pH da água está apropriado, com boa condutividade elétrica, se houver falta de energia as plantas não sentirão de imediato. Já aconteceu de ficarmos mais de 24 horas sem energia elétrica e não afetar o desenvolvimento das plantas“, conta o produtor.

A nutrição no sistema de floating desses produtores é praticamente a mesma aplicada ao sistema NFT. A diferença é que, como são utilizados grandes volumes de água, é importante realizar a análise dela, e uma vez por mês retirar amostras para verificar quais nutrientes estão abaixo dos níveis ideais.

No sistema convencional esse trabalho não se torna viável, porque é preciso trocar a água a cada 20 ou 30 dias, em média, impossibilitando o comparativo a partir das análises. Já no floating a troca de água acontece a cada dois anos.As placas de isopor são lavadas a cada ciclo, desinfetadas com solução de cloro e depois retornam à produção. Em média, cada ciclo produtivo dura 45 dias.

 A inovação tem mostrado retorno positivo para o produtor - Crédito Alan Romnei
A inovação tem mostrado retorno positivo para o produtor – Crédito Alan Romnei

O produtor Alan Romnei e seus pais estão satisfeitos com os resultados alcançados com floating - Crédito Luize Hess
O produtor Alan Romnei e seus pais estão satisfeitos com os resultados alcançados com floating – Crédito Luize Hess

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Hortifrúti, edição de maio 2016. Adquira a sua para leitura completa.

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