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sábado, setembro 21, 2024
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Solo – Calagem nos pomares de citros

Autores

Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Horticultura – FCA/UNESP
brunonovaes17@hotmail.com
Letícia Galhardo Jorge
Bióloga e mestranda em Botânica – IBB/UNESP
leticia_1307@hotmail.com

Crédito Shutterstock

A reação do solo é o primeiro fator que precisa ser conhecido em uma gleba a ser cultivada. Sendo desfavorável, devem ser tomadas medidas corretivas com antecedência aos cultivos. Quando o solo está ácido (pH baixo), devido à intensidade das atividades agrícolas que aceleram a acidificação, ocorre menor disponibilidade de determinados nutrientes, como o fósforo e o molibdênio, aumento da toxidez de alumínio e prejuízos à atividade microbiana, com reflexos negativos à fixação biológica e nutrição da planta em relação ao nitrogênio. Sabe-se que os nutrientes têm sua disponibilidade determinada por vários fatores, dentre as quais está o valor do pH.

O pH é uma das mais importantes determinações em solos, servindo como referência e indicador direto da acidez do solo, que consiste na concentração de íons de hidrogênio na solução do solo. Tais problemas de acidez e disponibilidade de nutrientes podem ser amenizados com a elevação do pH, por meio da adição de calcário (carbonato de cálcio e de magnésio), além de neutralizar o alumínio tóxico, resultando em ganhos de produção.

Benefícios

A Figura 1 ilustra o efeito do pH na disponibilidade dos diversos nutrientes às plantas. Observa-se que à medida que o pH se eleva, tem-se menor disponibilidade de micronutrientes catiônicos (ferro, zinco, manganês e cobre). Desta forma, a correta interpretação da análise química contribuirá para a realização de calagem em concentrações corretas, para que não ocorra desequilíbrio entre os nutrientes.

Além disso, a calagem realizada com critério traz benefícios, como o aumento de disponibilidade de fósforo, molibdênio, nitrogênio, cálcio, magnésio, boro e enxofre. A calagem favorece o aproveitamento do fósforo do solo ou do elemento aplicado, como fosfatos solúveis em água, além de levar a precipitação do alumínio, que é tóxico para as plantas cultivadas.

Correção do solo para a citricultura

Portanto, solos onde serão cultivados os citros devem ser corrigidos, aplicando-se calcário para elevar a saturação por bases a 70% na profundidade de 0 – 10 cm e o teor de magnésio a um mínimo de 9 mmolc/dm3, além de pH entre 6,0 e 6,5.

Além da calagem, outra técnica que se destaca cada vez mais é a gessagem (redução do alumínio em profundidade). Pelo fato do gesso ser mais solúvel que o calcário, isso possibilita o arrastamento de cátions como cálcio, potássio e magnésio para camadas mais profundas do solo.

A aplicação de gesso agrícola também permite diminuir rapidamente a saturação de alumínio nessas camadas mais profundas, o que levará ao desenvolvimento do sistema radicular em profundidade, permitindo que as culturas aproveitem melhor os nutrientes, além de se tornarem mais tolerantes a veranicos.

Deve ficar claro que o gesso não neutraliza a acidez do solo, fazendo-se necessária a correção prévia da camada superficial (0-20 cm) com calcário. Contudo, mostra-se que a análise de solo tem uma estreita relação com a calagem, gessagem e adubação, facilitando o uso prático por técnicos e produtores rurais para o estabelecimento correto de quantidades de corretivos e fertilizantes a serem aplicados na lavoura.

O fator principal no qual esses dois produtos diferem é o efeito residual. Os efeitos do calcário permanecem no solo por longos anos, dependendo da dose aplicada. Já o gesso é proporcional à dose aplicada, durando normalmente poucos meses, em função da maior solubilidade em relação ao calcário.

Manejo

O calcário é aplicado no pomar em qualquer época do ano, considerando-se plantios novos ou em produção. Para pomares novos em formação, o calcário é aplicado a lanço na área total com certa antecedência em relação ao plantio das mudas, incorporando o mais profundamente possível, de preferência antes de ser feita a aração e a gradagem. Nos pomares em produção pode-se aplicar em toda a área ou em faixas, desde que seja observada a relação da quantidade de calcário/área.

Devido ao alto custo do corretivo e à ausência de implementos agrícolas, pode ser realizada a aplicação de calcário somente na cova ou no sulco de plantio. A quantidade de calcário a ser aplicada em cada cova deverá ser calculada com base na proporção do volume de solo em um hectare, considerando a profundidade de 10 cm e o volume da cova.

Por exemplo: considerando que a cova de plantio tem um volume de 0,064 m3 (0,4 x 0,4 x 0,4 m) e que o volume de 1,0 ha na profundidade de 0,1 m é 1.000 m3 (100 x 100 x 0,1 m), uma recomendação de 2.000 kg ha-1 corresponderia a 128 g de calcário por cova, cuja quantidade ainda teria que ser corrigida para o PRNT do calcário. Para fazer esta correção, divide-se a quantidade de calcário pelo PRNT do mesmo.

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