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Substratos para produção de mudas florestais

David Pessanha Siqueira

Mestre em Produção Vegetal ““Universidade Estadual do Norte Fluminense

pessanhasdavid@hotmail.com

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

Na produção de mudas, o substrato é responsável por dar sustentação, bem como fornecer adequadamente água e nutrientes, possibilitando o desenvolvimento satisfatório das mudas no viveiro, de forma que possam resistir às condições adversas encontradas no campo, acelerando o estabelecimento do povoamento e reduzindo o replantio, com consequente diminuição dos custos.

Dessa maneira, a escolha do substrato, assim como a qualidade do material propagativo, são os principais fatores relacionados à qualidade das mudas que serão formadas e, consequentemente, ao sucesso do empreendimento florestal.

Atualmente, as universidades e as instituições de pesquisa têm avaliado o efeito de diferentes substratos na qualidade das mudas que são produzidas, sendo englobados em tais pesquisas, por exemplo: a fibra de coco, vermiculita, espuma fenólica, casca de arroz, esterco bovino, areia, biochar, poda de árvores compostadas, lodo de esgoto, entre outros.

O solo

O uso do solo como substrato, muitas vezes dispensado, pode ser benéfico para a produção de mudas de algumas espécies, especialmente nativas que são dependentes de associações com microrganismos que se encontram presentes no solo.

Além disso, algumas espécies só se desenvolvem adequadamente quando são produzidas em recipientes maiores, como as sacolas plásticas, e o enchimento das mesmas com o substrato comercialmente utilizado encarece o custo da muda, assim, o solo ainda pode ser a alternativa que apresenta maior viabilidade nesse tipo de situação.

Alguns substratos apresentam boa fertilidade, no entanto, não têm características físicas de interesse. Assim, uma alternativa que vem revelando bons resultados é a mistura de diferentes materiais para composição do substrato, em geral, sendo misturado um material com característica orgânica, como o esterco bovino e o lodo de esgoto (70 – 80% na composição do substrato) associado a 20 – 30% de algum componente que eleve a macroporosidade, como por exemplo, a fibra de coco.

Dicas importantes

O lodo de esgoto, resíduo gerado após o tratamento dos esgotos, não deve ser utilizado sozinho devido à alta carga de sais (elevada condutividade elétrica) e presença de alguns metais pesados, podendo ser associado à fibra de coco, vermiculita, substrato comercial, apresentando bons resultados para produção de mudas florestais.

Devido às características químicas e microbiológicas que este resíduo apresenta, existe uma legislação nacional que orienta sobre sua destinação agrícola (CONAMA nº375/2006).

A mistura de diferentes materiais para composição do substrato é uma nova opção - Crédito Ana Maria Diniz
A mistura de diferentes materiais para composição do substrato é uma nova opção – Crédito Ana Maria Diniz

Como escolher o melhor

Dentre as características que devem ser observadas para escolha do substrato estão: densidade de partícula, porosidade e retenção de água, que devem ser observadas com maior cautela em relação às químicos, tendo em vista que tais características apresentam maior dificuldade para serem modificadas.

Substratos com boas características físicas estão atrelados ao desenvolvimento radicular satisfatório, sem que haja impedimento mecânico e viabilizando a realização das trocas gasosas pelo sistema radicular.

Com relação às características químicas, de mais fácil alteração pelo viveirista, as exigências nutricionais são variáveis em função da espécie florestal de interesse. Para algumas espécies que são amplamente estudadas e cultivadas, como o eucalipto e o pinus, já existem recomendações de adubação desde a fase de viveiro até o campo, no entanto, para espécies nativas as informações ainda são incipientes, visto a grande diversidade de espécies, não havendo um substrato perfeito para todas as condições e espécies.

Nutrição acertada

Grande parte das mudas produzidas atualmente utilizam os recipientes de plástico rígido preenchidos com os substratos comerciais, que em geral possuem em sua composição: casca de pinus, turfa, fibra de coco e vermiculita. Comumente, esses substratos recebem adubação inicial, sendo adicionadas pequenas quantidades de macro e micronutrientes. Dessa maneira, as próprias empresas fornecedoras dos substratos ressalvam que é necessário que se faça uma fertilização complementar, variável em função da espécie de interesse.

Nesse contexto, quem tiver interesse em produzir mudas florestais deve buscar o máximo de informações da espécie em questão, sempre sob orientação de um profissional qualificado, para melhor decisão de qual manejo e composição de substrato é mais conveniente para a espécie de interesse, garantindo a produção de mudas com boa qualidade e posterior formação de um povoamento com desenvolvimento adequado.

Essa matéria você encontra na edição de maio /junho 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua.

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