Por Luiz Carlos Bhering Nasser, membro do Conselho CientÃfico para Agricultura Sustentável (CCAS) e professor coordenador do curso de pós-graduação de Análise Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do UniCEUB/DF.
O tabaco (Nicotiana tabacum L.), registro cientÃfico atual de 77 espécies e cinco híbridos, tem a origem na América do Sul, vales orientais dos Andes Bolivianos/Peruanos e foi difundido na região por indÃgenas Tupi-Guarani e posteriormente nas Américas Central/Norte.
Em 1492, Colombo constatou que os Ãndios fumavam folhas, em 1530, plantas de tabaco foram levadas para a Europa e cultivadas pela família real portuguesa pela sua função medicinal e aspecto ornamental.
Um século depois de sair das Américas e difundido para outros países europeus, África e Ásia, o tabaco passou a ser conhecido e usado no mundo inteiro. Logo que chegou aÌ€ Europa, o tabaco alterou imediata e dramaticamente o contexto da poliÌtica econoÌ‚mica dos governos, tornando-se a maior fonte de renda dos cofres públicos.
Embora o uso do cigarro tenha tomado enormes proporções a partir da Primeira Guerra Mundial, apenas em 1960 foram publicados os primeiros relatos cientÃficos que relacionavam o cigarro ao aumento da incidência de câncer, infarto e outras doenças no fumante habitual.
Atualmente cientistas de governos e empresas estão trabalhando para abastecer aviões de motores, inclusive jato, com biocombustÃvel derivado de uma nova espécie do tabaco. Encontrar alternativas de combustÃveis é um objetivo para a indústria aérea, porque o combustÃvel é a maior despesa de uma companhia aérea. Além das economias financeiras, estima-se que biocombustÃveis podem reduzir a pegada de carbono global da indústria em 80%.
Para um biocombustÃvel fazer sentido, a fonte (espécie de tabaco apropriada) deve ser cultivada localmente, visando minimizar os custos de transporte e da pegada de carbono. Deve-se considerar que as companhias aéreas não irão de repente parar de usar combustÃvel convencional, porque a mudança deve ser feita de forma gradual, descrevem os especialistas. Usando o biocombustÃvel do tabaco é bom para o planeta e imagens públicas das companhias aéreas. O maior problema das companhias aéreas: os custos de combustÃvel; em 2012, as companhias aéreas do mundo gastaram 209 bilhões de dólares americanos, em combustÃvel convencional (grande parte, querosene para motores a jato) sendo o combustÃvel 33% dos seus custos operacionais. Se eles mudarem para biocombustÃveis agora, esse número dispararia: o material feito a partir de plantas que está sendo usado até agora é mais caro do que o querosene de aviação tradicional a jato, daà a necessidade de planejamento, produção, disponibilização e uso de fontes alternativas de combustÃveis renováveis, sendo assim a maneira de reduzir os custos dos biocombustÃveis é expandir a oferta.