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Técnica para aplicação de micronutrientes no tomateiro via marcha de absorção

Leandro Hahn

Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas na Estação Experimental de Caçador (SC), Epagri e professor da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp)

leandrohahn@epagri.sc.gov.br

Estevão Varela Ferreira

Graduando em Agronomia ““ Uniarp

estevaovarela1@hotmail.com

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

O tomateiro é considerado uma das espécies olerícolas mais exigentes em adubação, levando em conta sua baixa eficiência na absorção e uso dos nutrientes, tanto disponibilizados pelo solo quanto por fertilizantes.

Sob o ponto de vista nutricional, para a obtenção de plantas produtivas e com qualidade, é necessário que haja disponibilidade e absorção dos nutrientes em proporções adequadas, tanto via solo como pela suplementação via foliar. Qualquer desequilíbrio nessas proporções pode causar a deficiência ou o excesso de nutrientes, ou mesmo a ocorrência de distúrbios fisiológicos.

No tomateiro, os micronutrientes essenciais são o manganês (Mn), ferro (Fe), zinco (Zn), cobre (Cu), cloro (Cl), boro (B), molibdênio (Mo) e níquel (Ni). Outros elementos, como o sódio (Na), cobalto (Co), silício (Si) e níquel (Ni) são considerados benéficos.

Os micronutrientes Cu, Mn, Fe e Zn são absorvidos em menor quantidade que os demais, porém, todos apresentam comportamento de acúmulo crescente até o final do ciclo cultural. A marcha de acúmulo dos micronutrientes nas plantas acompanha o mesmo perfil da absorção de macros, ou seja, o acúmulo é mais acentuado entre 30 e 70 dias após o transplante, do início da formação das pencas e da plena frutificação até o início do processo de maturação dos frutos, cerca de 80 a 90 dias após o transplante.

A partir desta fase, a demanda continua crescente, mas o acúmulo é mais gradual, decrescendo gradativamente nas últimas semanas do final do ciclo. Por isso, pensando em atender a demanda de micronutrientes nas plantas, aplicações devem ser realizadas primeiramente no solo, em segundo lugar via fertirrigação, nas fases em que houver maior demanda e, por fim, via foliar, quando ocorrerem sintomas de deficiência.

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Planejamento

O planejamento da adubação com micronutrientes se inicia com a análise destes elementos no solo. Ainda que isto não tenha sido uma prática frequente dos produtores e técnicos, a análise de micros é fundamental para identificar a disponibilidade destes elementos no solo, afinal, o suprimento principal de nutrientes às plantas ocorre via absorção radicular.

Não é à toa que se caracteriza uma planta com a boca virada para o solo. Em parte, justifica-se a não realização desta prática, porque a ampla maioria das amostras onde se cultiva o tomateiro apresenta teores altos de todos os micros. Desta maneira, o primeiro erro com relação ao manejo de micronutrientes ocorre pelo fato de não se realizar análise de solo para identificar sua disponibilidade.

Na região de Caçador (SC), uma das maiores regiões produtoras de tomate de mesa do Brasil, abastecendo o mercado nacional nos meses de janeiro a abril, a maioria dos produtores mudasuas áreas anualmente, retornando às mesmas no mínimo cinco a sete anosdepois.

Já grandes produtores, que são arrendatários, dispõem de áreas novas para o tomateiro anualmente. Em todos os casos, os solos da região, com altos teores de argila (acima de 50%) e de matéria orgânica (acima de 03 a 4%), com raras exceções, apresentam altas reservas de micronutrientes, atendendo às exigências das plantas, mesmo para elevados rendimentos.

Quando identificados teores baixos dos elementos, sugere-se aplicar fertilizantes com micros no sulco de plantio nas seguintes quantidades: 05 a 10 kg ha-1 de CuSO4 para atender o Cu, 05 a 10 kg ha-1 de ZnSO4 para atender o Zn, 15 a 25 kg ha-1 de MnSO4 para atender o Mn, e 0,5 a 1,0 kg ha-1 de molibdato de amônio para atender o Mo.

Parte destas doses, ou mesmo integralmente, pode ser aplicada durante a fertirrigação, preferencialmente até a colheita dos primeiros frutos, em quatro a seisaplicações. Neste caso, deve-se considerar a compatibilidade da mistura com outros fertilizantes.

 As folhas que compõem a amostra devem estar livres de doenças ““ Crédito Luize Hess
As folhas que compõem a amostra devem estar livres de doenças ““ Crédito Luize Hess

O boro

Entre os micronutrientes, o elemento que apresenta as maiores preocupações na cultura do tomateiro é o boro (B). Por atuar nos ápices vegetativos da planta, o B estimula a formação de raízes, o crescimento das plantas e garante uma boa floração.

Exerce, também, importante função na translocação do cálcio no interior da planta, na germinação do pólen e na absorção de água. Por ser pouco móvel na planta, os sintomas de deficiência de boro ocorrem, inicialmente, nos pontos de crescimento, onde se observa redução no crescimento e encurtamento dos internódios ou afinamento do talo, podendo provocar até mesmo rachadura, com rompimento das nervuras.

A deficiência de boro pode, ainda, causar abortamento de flores. Já nos frutos, pode provocar rachaduras, distúrbio denominado fruto com lóculos abertos. Os sintomas são mais propensos a aparecerem em solos arenosos, com baixo teor de matéria orgânica e pH muito alto, associado a períodos com extremos de temperatura do ar, principalmente altas temperaturas.

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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