Elisamara Caldeira do Nascimento
Mestre em Fitotecnia pela UFRRJ
Talita de Santana Matos
Mestre em Fitotecnia pela UFRRJ
Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor em Agronomia ““ UFRRJ
Everaldo Zonta
Doutor em Agronomia – UFRRJ
O cultivo de pimentões é uma atividade significativa para o setor agrícola brasileiro. Anualmente, cerca de 12.000 ha são cultivados com esta hortaliça, com uma produção de aproximadamente 280.000 toneladas de frutos. A produção de pimentão existe em todos os Estados do Brasil, mas em São Paulo e Minas Gerais que plantam, em conjunto, cerca de 5.000 ha, a produção chega a 120 mil toneladas.
Produção
O pimentão é, geralmente, cultivado em campo aberto, contudo, nos últimos 10 anos o uso de telados e estufas agrícolas vem crescendo para este tipo de cultivo, devido aos acréscimos na produtividade e qualidade em função da adoção que este tipo de tecnologia proporciona, sobretudo na estação chuvosa.
Independentemente da adoção do cultivo protegido, a fase de produção de mudas, por sua vez, sempre é feita com algum tipo de proteção, seja estufa, telado ou mesmo ripados rústicos. Esta adoção é devido à sensibilidade das plantas nesse estágio às intempéries, com pluviosidade e excesso de radiação.
A expressão “cultivo protegido“, “sistema protegido“ ou até mesmo “plasticultura” tem sido utilizada, na literatura internacional, com um significado bastante amplo. O termo cultivo protegido engloba um conjunto de práticas e tecnologias utilizadas pelos produtores para um cultivo mais seguro e protegido de hortaliças, frutÃferas ou ornamentais.
Cultivo protegido
Para maior eficiência do uso deste tipo de cultivo, é necessário compreender a inter-relação da planta e dos fatores microclimáticos dentro do ambiente protegido.
As plantas são afetadas por diversos fatores ambientais, genéticos, edafoclimáticos e fisiológicos, tais como fotossíntese, evapotranspiração, respiração, absorção de água, elementos minerais e seu transporte, clima, temperatura, fotoperíodo, entre outros.
Entretanto, tanto a qualidade quanto a quantidade de luz afetam consideravelmente o crescimento e o desenvolvimento dos vegetais. Sendo assim, o uso de ferramentas que possibilitem o controle e favoreçam que tais fatores sejam mais bem explorados promovem aumento da precocidade, produtividade e permite a produção fora de época.
O ambiente protegido tem os elementos micrometeorológicos modificados no seu interior, principalmente no que diz respeito à radiação solar, temperatura, umidade relativa e velocidade do vento.
Estas modificações ambientais causadas pelo ambiente protegido devem-se aos filmes ou malhas de cobertura que alteram o balanço de radiação do sistema composto pela planta, solo e atmosfera.
Alternativa
Atualmente, como alternativa para proteger a cultura do excesso da radiação solar e vento, tem-se utilizado, também, telados ou telas refletoras sobre o filme de polietileno das estufas. Além disso, o mercado tem lançado diversos modelos de telas coloridas em substituição às de sombreamento de cor preta, cujo objetivo principal é proteger as plantas da radiação solar direta. As telas coloridas, também conhecidas como telas fotosseletivas, são fabricadas em várias colorações (azul, vermelho, amarelo, cinza).
Conhecidamente, os diferentes comprimentos de onda do espectro eletromagnético da radiação solar promovem variados efeitos sobre o desenvolvimento dos vegetais.
Portanto, o uso de telas que permitem seletivamente certos comprimentos de ondas e, consequentemente, alteram a resposta fotomorfogênica das plantas se traduzem em respostas como alterações no crescimento, no desenvolvimento, na morfologia e nas funções fisiológicas das plantas, como resultado à adaptação a uma condição ambiental diferente.
Produtividade
A produtividade pode ser de duas a três vezes maior que as observadas no campo, e com qualidade superior. Em trabalhos realizados em Israel, podem-se observar incrementos da ordem de 25 a 40% na produção de frutos de pimentão, substituindo-se a tela preta por vermelha ou pérola, todas com 30% de sombreamento.
Nas folhosas, como alface e manjericão, observaram-se incrementos de 25 a 50% no rendimento pelo uso das telas de coloração vermelha ou pérola, em relação às equivalentes malhas azul ou preta.
As plantas têm sistemas de pigmentos especiais que podem captar a energia radiante em diferentes regiões do espectro eletromagnético. Por exemplo, a radiação fotossinteticamente ativa (400 nm a 700 nm), capturada por pigmentos de clorofila, fornece a energia para a fotossíntese, processo pelo qual as plantas combinam o dióxido de carbono e água para produzir carboidratos e oxigênio.
Desta forma, as plantas possuem fotorreceptores que funcionam como transdutores de sinal para proporcionar informações que controlam respostas fisiológicas e morfológicas. Os receptores conhecidos incluem o fitocromo (sensor de luz vermelha e vermelho-distante, que tem picos de absorção em regiões vermelho e vermelho-extremo do espectro, respectivamente) e “criptocromo” (sensor de luz nos comprimentos da UV-B e azul).