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Transgenia a favor do algodoeiro

Adriana Brondani

Doutora em Ciências Biológicas, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) e coordenadora do programa de Boas Práticas Agronômicas em Culturas Bt

adriana.brondani@cib.org.br

Créditos-Fabiano-José-Perina.
Créditos-Fabiano-José-Perina.

As perdas nas lavouras decorrentes do ataque de pragas, como lagartas, variam de acordo com região, clima, variedade de semente e técnicas de manejo adotadas. De acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP), a Helicoverpaarmigera, por exemplo, no algodão no auge da infestação, causou perdas de até 60%.

Nesta mesma época essa lagarta causou prejuízos estimados em R$ 2 bilhões, considerando todas as culturas que ataca. Segundo informações do Instituto Biológico, no algodão os gastos passaram de US$400 para US$ 800 por hectare. Esse exemplo revela como uma praga pode ser devastadora para uma cultura, causando desde prejuízos leves até perdas que inviabilizam a produção.

As lagartas-problema da cotonicultura

No Brasil, estima-se que 259 espécies de insetos estão associadas à cultura do algodão. Dentre essas, 8 são as principais pragas do algodão. As principais pragas que atacam o algodão no Brasil são a lagarta do cartucho (Spodotera frugiperda), a curuquerê do algodoeiro (Alabama argillacea), as falsas medideiras (Chrysodeixisincludens, Rachiplusia nu, Trichaplusiani) aslagarta-das-maçãs (Helicopervaarmigera, Helicoverpazea e Heliothisvirescens), falsa lagarta rosada (Pectinophoragossypiella), efalsasspodopteras (Spodoteracosmioides e Spodoteraeridania).

Além dessas, nos primeiros estágios da plantação também atacam o algodão a lagarta elasmo (Elasmopalpuslignosellus) e a lagarta rosca (Agrotisípsilon). Para essas, há sementes transgênicas disponíveis no mercado com tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis).

Adriana-Brondani-diretora-executiva-do-CIB
Adriana-Brondani-diretora-executiva-do-CIB

A transgenia

Variedades Bt contêm genes específicos da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), os quais promovem a expressão de proteínas com ação inseticida. Por meio da transgenia, plantas foram transformadas para expressarem essas proteínas durante o ciclo da cultura.

Ao se alimentarem das folhas das variedades geneticamente modificadas (GM), as lagartas-alvo dessa tecnologia ingerem as proteínas inseticidas que se ligam a receptores específicos no tubo digestivo dos insetos, provocando a morte dos mesmos.

Os mamíferos, inclusive os seres humanos, são desprovidos desses receptores, assim como peixes, aves e outros organismos não-alvo, e, portanto, não são suscetíveis aos efeitos da proteína.

É importante destacar que as proteínas Bt já foram extensivamente testadas e apresentam histórico de uso seguro de mais 40 anos, iniciado com a utilização de esporos de Bt em formulações microbianas usadas no controle de pragas.

 

No Brasil, estima-se que 259 espécies de insetos estão associadas à cultura do algodão - Crédito Shutterstock
No Brasil, estima-se que 259 espécies de insetos estão associadas à cultura do algodão – Crédito Shutterstock

Eficiência do Bt

As sementes de algodão com tecnologia Bt auxiliam o cotonicultor a manejar a lavoura com maior segurança, além de reduzir os custos da lavoura por conta da diminuição de aplicação de defensivos químicos (inseticidas).

As pragas constituem um dos principais problemas agronômicos para o cultivo de algodão no País, causando grandes prejuízos econômicos, sociais e ambientais. Para se ter uma ideia, o uso de produtos químicos para o controle de pragas pode chegar a até 25% do custo da produção, de acordo com levantamento da Embrapa.

Porém, para que a tecnologia mantenha o bom desempenho no controle das pragas-alvo, é fundamental que o produtor rural adote as Boas Práticas Agronômicas, que inclui o refúgio como parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Variedades resistentes

Temos hoje, no Brasil, sete eventos transgênicos para controle de lagartas disponíveis no mercado. Veja no quadro a seguir a relação.

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Além dessas, há também duas variedades tolerantes a herbicidas. Outras tecnologias também já foram aprovadas pela CTNBio e poderão ser colocadas no mercado pelas empresas desenvolvedoras nas próximas safras.

Investimento

O investimento na tecnologia Btvaria de acordo com as variedades escolhidas pelo produtor, a região e o manejo adotado. Nos últimos cinco anos, entre 2010 e 2014, a taxa de adoção de variedades geneticamente modificadas (GM) de algodão saiu de 26 para 66%.

Em 2015, se as previsões se confirmarem, a prevalência dos OGM terá sido ainda maior. O último levantamento divulgado pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), em 2015, aponta que ao longo dos últimos 20 anos os transgênicos reduziram o uso de defensivos químicos em 37%, em média, ao mesmo tempo em que aumentaram a produtividade em 22% e os rendimentos dos agricultores em 68%.

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Essa matéria completa você encontra na edição de maio 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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